O verdadeiro diálogo do guerreiro - encontrando o poder do silêncio





Hoje me senti estranhamente diferente, de uma forma que nunca havia sentido. Venho percebendo várias nuances das pessoas, dos relacionamentos, da vida social que vivemos, que estamos imersos, de forma que percebo, com toda clareza, a mecanicidade de tudo que nos cerca, a fugacidade de nossas buscas. A identificação é uma palavra central em nosso mundo, nos identificamos com tudo, e o que não nos é comum tendemos a descartar, a colocar fora de nosso caminho. Contudo, o mundo tende a manter as pessoas de certa forma padronizadas, colocadas dentro de rótulos e características que as façam sentir-se parte do mundo. Percebam nos relacionamentos, as pessoas tentando moldar-se e moldar a outra pessoa, tal qual duas metades de uma laranja, ou como almas gêmeas. Isso é uma balela sem fim que o mundo social nos coloca a frente com o fito único e exclusivo de nos manter dentro de uma coesão, de uma linearidade de pensamento que não nos afugente da necessidade constante de utilizar-se, lançar mão das ferramentas do mundo social.

Todos somos um universo em si, sinto isso claramente a cada dia que passa. Hoje percebi com clareza que não consigo mais, vendo as ferramentas da mente social, encaixar-me na descrição. Vejo cada pedaço da trama que jogamos. Vejo grupos de pessoas, linearidade de pensamentos de emoções, de desejos, e não consigo, a cada dia não consigo mais me enquadrar nisso de forma natural, não como antes. Eu deveria pensar, mas não penso, que a ignorância e uma dádiva, pois é uma dádiva conseguir não ver a trama que se estende por detrás de nosso maravilhoso e sólido mundo de ilusões, de frágeis ilusões. Mas uma vez que conseguimos ver além da trama da vida, não conseguimos recuar. Por isso temos a ferramenta da espreita, e é necessário culhões, nervos de aço para conseguir adentrar no convívio do mundo social sabendo o que é realmente o mundo social.

Aprecio hoje o silêncio desprendido com a solidão, a solidão do mundo para mim é o conforto do guerreiro, de onde conseguimos imergir profundamente no que somos, o que nos torna uno com o tudo e mesmo assim individual diante da imensidão. Imergir dentro de nós mesmos é perceber o quão pequena é a ilusão de uma mente social, restrita, contradita, que se faz e desfaz a cada momento e sequer percebemos. Como o homem pode ser tão capaz e tão fraco ao mesmo tempo, sendo capaz, para edificar sua ilusão, destruir todos os objetivos da continuidade de sua jornada no universo.

Saibam que já deveríamos, como raça, ter transcendido esta passagem por este mundo, esta seria uma senda temporária, mas se tornou uma prisão em si. Não é culpa do mundo, de fato não é culpa de ninguém, mas é antes de tudo uma soma de inexoráveis fatores que se agregaram para a formação da prisão, edificada com o nosso sangue, suor e lágrimas, coma fé, vaidades e vontades de uma raça que era para ser o pontífice percebedor do universo impessoal.

Atraímos a atenção de muitas raças ao longo de nosso tempo e nossa jornada por esta Terra, os notáveis Antigos, todos os sete em sua sabedoria já nos tentaram guiar. Cada qual, representado ao seu tempo pelas cores, pelas raças, pelas religiões, e cada um foi destronado, não de seu poder, mas de seu legado, pela pífia e contradita mente que hoje nos guia em nossa espiral eterna de não evolução. 

Não mais sabemos de onde viemos, para onde vamos, e pior, sequer questionamos a nosso jornada. Fomos, estamos e continuaremos sendo engolidos pelas nossas próprias criações. Somos pequenos diante do universo, mas temos um papel igual ao todo o resto, pois tudo, exatamente tudo tem apenas um objetivo em si, a evolução energética, não existe outra razão para nada se não o aperfeiçoamento, e não seria diferente para a nossa raça.

Vejo hoje religiões, dogmas, crenças, credos, todos, todos que vemos nos fazendo ser o que hoje é a razão de nosso mundo social, escravos. Não há nada em nossa vida hoje que não seja escravidão. Escravizados somos pelo dinheiro, que move o nosso mundo, nossa criação. Escravizados pela aparência, pelo ego, pela edificação de nossa auto imagem, seja na escola, seja no trabalho, seja em casa, edificamos a cada dia um tijolo de algo que sequer tem essência, o nada, corremos a vida inteira para nada, exatamente nada, pois voltamos ao lugar de onde viemos sem nada acrescentar. De que adianta uma jornada inconsciente, diante do objetivo maior do aperfeiçoamento da consciência?

Nas igreja, cultos, credos, pregam a adoração, o seguir cego, sem razão, sem consciência. Sempre, indefinidamente seguiram-se ensinando ao homem a desaprender o conceito mais básico de igualdade. Não existe sequer uma religião que pregue que todos, de hoje ontem e amanhã somos iguais, seria uma religião de um homem só. Ao contrário pregam a prisão. Devemos seguir mestres, pastores, pontífices, padres, guias, pais, padrinhos, mas nunca nos ensinam a seguir o nosso coração. Esquece-se de dizer, aquele que do alto prega, palavras simples, e na simplicidade a verdade, esquecem de dizer a todos:  - Sabem, somos todos iguais!

Assim, loucos, solitários, caminham dividindo, sem nada em troca, sem seguidores, sem fiéis, o conhecimento verdadeiro. Pequenos, poucos, isolados, perdidos dentro de um mundo que circula, as pessoas que, sem serem melhores ou piores, passam em linha reta pela espiral por onde caminha a humanidade. A troco de quê caminhamos, lhes pergunto? A troco de quê informamos? De nada é a resposta, o trabalho de dividir a verdade, o trabalho real do espírito, é o trabalho de doar, tudo que nos foi dado, dividir, tudo que nos foi ensinado, compartilhar, deixando cada bagagem no chão, para quem quer que queira usar, seja par ao que for, pois nada que recebemos é nosso, nada que recebemos outra pessoa não poderia também receber, nada que vemos é exclusivo, por motivos de sermos especiais, pois todos os somos, alguns sabedores de sua mágica existência, outros insones no que são, mas todos capazes.

Neste caminho que seguimos, todos somos especiais, porque todos temos chance, nenhum de nós precisa pagar pedágios, ser iniciado, ser ordenado, ouvir ninguém, pelo contrário, cada um que quiser efetivamente buscar, precisa apenas de uma coisa, o silêncio, e cada um que quiser encontrar o mestre, deve olhar dentro de sí. Apenas encontrando a si, e descobrindo a verdade, o que realmente somos atrás de palavras, atrás de aparência, atrás de histórias, e que atrás de todo o lixo que nos faz seres sociais, somos o reflexo do universo, parte dele, interligada a tudo mais. O silêncio nos nivela a todos, a tudo, o silêncio nos faz capazes.

A todos, dedico o meu silêncio, pois só nele, dentro dele consigo ver a todos vocês que aqui passam como o que são de verdade, despidos de conceitos, de palavras, do ego. Intento a todos os seres mágicos que por aqui passam, e aos muito milhares que sequer sabem de nossa existência. Lembremo-nos que mesmo com toda a destruição do homem em frente a natureza, os rios continuam a andar, as aves a cantar e o sol a nascer, dia após dia, independente do que os nossos irmãos façam com a natureza.

Forte intento a todos.

Comentários

  1. Buenos dias Hermanos
    A imagem que fazemos dos outros e de nós mesmos nos impede de "ver". Imagens pre-concebidas aos olhos do predador. Quando vemos uma pessoa mal vestida a primeira imagem que nos vem a mente é um conceito já-instalado. E caso vivessemos todos nus? Mesmo assim os pré-julgamentos continuariam: se a pessoa e bela ou feia ou outras cocitas mas. Nossa consciencia ancestral fez acordo com os estranhos, que nos implantaram nossos dogmas. nossas condutas para manter em calmaria o rebanho. Por isso não vemos de verdade. Apenas enxergarmos até que alguma coisa nos acorde e mostre que podemos também "ver". Ver além das aparências. Então recordei de um sonho que tive de uma festa estranha em que dançavamos várias pessoas. Eis que um dançante, cuja parência deveria ser repugnante, não a senti como tal. O homem estava com o corpo inteiro queimado, tostado, inclusive o rosto, onde só se precebia o formato e os olhos, veio dançando em minha direção. Não seinti nenhuma repulsa então abracei-o e continuamos dançando juntos naquela dança. O inicio do post de Hermano vento foi de uma sincronicidade incrivel com os sentimentos por detrás dos panos do Universo.
    Mui grato Hermanos por cederem este espaço para nossos entendimentos se é que entedemos alguma coisa.
    Forte Intento Guerreros.
    Dárion 09/04/2012 8:30
    * * *

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  2. "Parar o dialogo interno", a chave mestra para entrada em outros mundos já nos foi dada. Só assim podemos ver de verdade. Silenciando a mente estrangeira,imposta dando espaço ao Silencio para que no silencio possamos ouvir nossa voz verdadeira, a voz do coração.
    Dárion

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  3. Estava aqui no colégio com meus afazeres na sala onde trabalho quando chegou uma professora com uma aluna com Sindrome de Down pois trabalho em um colegio de criancças especiais, uma dádiva. A professora chegou cantando "coelhinho da Páscoa que trazes pra mim...", então fiz um careta de coleho com os dentes pra fora e olhos arregalados. A meninazinha começou a rir muito daquilo.
    A professora falou você tem muito bom humor. Falei não tenho bom humor, eu crio bom humor, sou um palhaço, não me importa que os outros riam de mim, pois aprendi a rir de mim mesmo. Então a meninazinha pediu que eu fizesse de novo a careta e começamos os três a rir. Muito melhor que qualquer ovo da Páscoa aqueles sorrisos.
    Darion 09/04/2012 09:00

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  4. Oi Enio, pois é...quando encontramos as historias,o relato do percurso da materia que se traslada do ponto A ao B no espaço e este evento começa a existir quando o foco de luz o atingue...os fisicos teoricos o chamam historia...da mesma forma o evento digamos "social" caracterizado como sendo terno e infantil que são os contos de fada, e os muitos outros que não o são...ficam nus e mostram a sua arrepiante arquitetura mecanica, claro sem as infinitas nuances emocionais que caracteriza o homem social.Parece poesia cibernetica que iguala tudo da mesma forma que os digitos 1 e 2 são as bases do sistema binario (Que maravilhosamente equacionam qualquer coisa e a definem na sua essencia e por isso talvez seja conhecido como o sistema mais capaz de elaborar o DNA social)Imagino como falava CC a dificuldade infinita dos que elaboraram e talvez muito mais dos que aceitaram convir na teoria...na historia inicial para formalizar o mundo...como Você diz "sangue e suor" não interessa se foi inconsciente agora; pois para quem veio depois foi uma dadiva...encontramos o bonde andando e nos amparamos nas suas assas negras...pecamos no essencial, no básico, e definimos o medio como fim e nos perdemos na tagarelice da lagartixa...e queremos continuar nisso, É interessante o post que escreves por que inspira tudo isto, e vejo por isso que ainda estamos tentando soltar as amarras do passado: isto é, essa historia que nos contaram e nos mesmos tornamos a recontar para nos mesmos, sabe, parece a luta de um Titam contra uma minhoca...porque temos que matar a Historia...quer dizer se eu sou a historia como posso mata-la? fácil, Não sendo historia em outras palavras não sendo passado, não utilizando, não evocando o passado para que o presente se faça...isto é Vivendo, dificil quase imposivel ne? acho que esse quase é a unica chance...pequena mais é.

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