Se um dia eu encontrar o sentido destas palavras, descrevo seu título!

Apenas agrupei estas palavras aqui sem sentido aparente, seguindo o fluxo das coisas, havia sentado em meu canto de meditação e encontrando-me com uma energia - um fantasma, um inorgânico, uma pessoa -, não sei ao certo, mas este ser me passou falando por horas, e nada entendi, apenas senti um ímpeto em escrever e o fiz. Por algum motivo não estou sentindo vontade de escrever nos últimos tempos, apenas de perceber, e me deixar invadir pelo presente, um vento delicioso de liberdade, uma dose inebriante de consciência, um presente constante, presente, esta é a minha loucura, sem pecados, pois impecável sou, no caminho que sigo, e na entrega que fiz de mim ao próprio fluxo deste universo que somos todos nós, conscientes ou não desta situação.

Inexoravelmente tudo neste mundo tem o mesmo grau de importância, todas as atitudes, todas as ações e inações que podemos ter em nosso mundo social. O mundo social é nada mais que um contrato, um consenso social entre as pessoas de diversas gerações, de hoje, ontem e se continuar assim, de amanhã. Contudo, como tudo que existe está neste momento, e por está aqui falo com toda certeza: não há nada mais ou menos importante neste mundo.

Espiritualidade, banalidade, racionalidade, sacanagem, beberagem, tudo está catalogado na mesma faixa de coisas, apenas coisas do homem, pilha de livros em uma prateleira, com capas e conteúdos que parecem ser diferentes, mas no fim são papéis e palavras, com cores e combinações diferentes, mas na essência exatamente iguais.

Qual seria a diferença então entre tudo que há para nós neste mundo? A diferença resume-se apenas na consciência, nos graus de consciência que temos de todas as coisas que fazemos de todos os papéis que assumimos, na combinação das palavras que falamos. Se existe um compromisso para com a evolução universal este compromisso é conosco mesmo, é uma mudança explosiva, pois inicia-se de dentro e move-se para fora, catalisando a mudança em tudo o que toca, inexoravelmente. A verdadeira revolução que um ser pode fazer em sua vida é a revolução interna, a revolução de atingir a maturidade da consciência, em cada coisa que fizer, seja qual coisa eleger como sua predileção.

Atingida a consciência plena, o ser-pessoa, antes bicho-homem entende que nada é mais importante que nada neste mundo, e sem dar importância, sem as medidas comparativas segue com total liberdade, tendo abandonado o grilhão das comparações, das expectativas, das lembranças, são tantos os grilhões que se rompem no atingir da consciência, que apenas experienciando pode-se saber o que aqui estar a se falar.

De posse da consciência, que é o entender pleno do que se é, de onde se estar, dos propósitos em cada agir, o ser segue com liberdade por qual caminho tenha escolhido ir. Rasgam-se assim todos os manuais de todos os tempos de todas as artes – sejam artes místicas, filosóficas, anárquicas, políticas, teosóficas ou o nome que queiram lhes dar. A consciência liberta, ser consciente é a própria liberdade, quando esta é atingida entende-se que não é pecado nada que há neste mundo. Pode-se seguir o caminho dos excessos do corpo, das privações da alma, da entrega ao sistema, das riquezas e opulências, da pobreza e abstinência, qualquer caminho é um caminho para um liberto, qualquer que seja o nome o caminho se sente como liberdade, não importando as etiquetas que nosso mundo dá as coisas que são feitas.

Contudo o ser consciente entende certas regras para a sua caminhada, que não são regras, mas sensações de bem estar. Entende o guerreiro com a espada da consciência que certo e errado são apenas pontos de vistas, em situações cada que se apresentam, são comparações elucubrações, sentenças formuladas pela mente, mente feitas e não naturalmente produzidas, certo e errado não existem, e surge então, na senda da consciência o guerreiro impecável, que sabe que não existe esta dualidade de pecado e santidade, e sim pontos diversos de vista, que podem ser acessados pela livre vontade do ser que atingiu a sua consciência. No ponto do agora, com a ciência plena, consciência, não existem comparações possíveis, apenas o agir livremente, sem pecados, impecavelmente, da melhor forma que se pode, ou simplesmente da forma necessária para o ato, de acordo com o entendimento energético, sem pensamentos, apenas seguimentos.

Quando então o ser consciente, impecável vê-se assim, entende-se já como parte do mundo, do grande mundo, além da ilusão da dualidade, o grande mundo universal, e vê como são pequenas as coisas que operam-se sob a égide social do dia pós dia neste mundo, bem como são pequenas todas as coisas do universo se pensadas e vistas como apartadas do todo, da grande engrenagem sistêmica que permeia a tudo que há. Assim, elege os pontos que entende interessante para seguir, sejam eles quais forem, seguindo apenas algumas regras básicas, primordiais que não são regras, mas formas de agir, de boa conduta para seguir utilizando-se de sua melhor forma, de sua plenitude como ser encapsulado em um corpo finito, que segue enamorando-se com a morte rumando para o seu fim, o fim da parte que se livre, voltará ao todo, se mais livre ainda, ver-se-á como parte consciente do todo assumindo nova forma, sem forma definida, mas com a consciência plena de si e de tudo.

Nada importa de todo nesta jornada, se não atingir a consciência. Se a pessoa o faz bebendo em um boteco, se o faz trepando em bordéis, ou meditando em um mosteiro, de nada importa, os caminhos são infinitos para se encontrar a verdadeira luz da libertação, mas quem caminha com a ousadia de um guerreiro, sem esmorecer há de chegar ao lugar que busca, e nesta luz derradeira haverá de encontrar finalmente o que acalentará em definitivo o seu coração. O caminho não é do coração porque é certo ou errado o que segue a pessoa, e sim por ser o caminho que leva ao coração, ao entendimento. O coração é o entender definitivo, é o descobrir, o descortinar, pois não há alegria maior do que tirar o véu que a todos cobre a verdadeira visão e contemplar o universo como é de verdade, sem separações, sem pretos e brancos, sem homens e mulheres, sem essa dualidade tosca que aprisiona os homens em um maniqueísmo infame, pendulando entre duas posições que deveria ser a complementação, ser uma e ponto, um ponto que se torna a totalidade.

Seja bem vindo aqui e agora, todos, ao mundo sem julgamento da consciência, ao mundo em que não importa nada, por importar tudo, ao fim da dualidade que incomoda porque assim não há demônio para culpar ou deus para agradecer, apenas as pernas para caminhar. Esse sim é o mundo verdadeiro, o mundo que se deve caminhar, cheio de milhares, bilhões, infinitos caminhos e loucuras no cardápio para se escolher, com palavras miúdas feitas para todos, mas que apenas alguns leem, onde diz-se que:  - faça o que quiser, mas não acredite em nada que fizer, pois tudo é igualmente uma ilusão!

São letras miúdas que viemos a ler apenas no final, mas podemos ler antes, e entender, e perceber, e despertar, e ai encontra-se a verdadeira revolução. Mudar o mundo é mudar a sua visão do mundo. Olhando o mundo diferente ele mudará, pois quem olha é o mundo, e não haverá assim um mundo de patriarcado, ou de matriarcado, mas um mundo realmente liberto de conceitos e pré-conceitos. A mudança acontece dentro de cada pessoa, reivindicando a perfeição que seu corpo pode ser, com boa alimentação, exercícios, com o controle da mente, da palavra, do agir, do ser, com o foco constante no presente e com a inteireza do ser e do estar, assim acontece a verdadeira revolução, e no meio desta revolução há espaço para todos crescerem, individual e coletivamente, pois quem está neste movimento sabe que não existe separação, e para cada um que atinge a consciência individualmente, cresce o universo em sua totalidade de perceber-se a si mesmo através de suas partes, que não são nada sem o todo, que não é o todo sem as partes.