Personagens, folhas e poetação



Somos todos personagens,
aspectos de nossa energia,
escravos de nossa descrição,
vassalos do ego e das palavras,
sem palavras o personagem se apaga,
no silêncio surge a imensidão.

Antigos personagens: a história.
Folhas empilhadas repletas de palavras,
folhas desbotadas, rasgadas, amontoadas,
e chamamos isso de recordação,
pura enrolação!
Devassos transformando em palavras
o mais precioso quinhão:
a parte que nos cabe de nossa energia
jogadas nas desbotadas folhas da recordação.

Queimando com o fogo da liberdade,
liberto da servidão,
me esqueço das palavras, mesclando-me a imensidão.
Queimando pilhas de palavras, personagens histórias,
queimando o pesado fardo que nos dista, infinitamente da tão sonhada libertação.

Desculpe me emputecer as vezes,
mas como não tenho aqui uma Augusta rua,
me satisfaço transformando-me em um poeteiro
me afogando na satisfação dos cinco dedos,
dedilhando os pensamentos e os devaneios. 

Comentários

  1. ...Interessante sagaz poeta! És real e imponente diante dos devaneios da mente,mas sem realmente desviar-se do emblema essencial: o Ser! Salve Hermano Vento pela nobres linhas encantadas!! Gaivota 27/03/14 21h15

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