O caminho de volta para casa.
Durante muito
tempo passei por uma busca que não entendia bem o que era. Estava desenganado
em uma grande parte de minha vida, perpassando pelos mesmos dramalhões forjados
pela falsa realidade em que estamos como moscas presos e que sequer
identificamos como tal. Preso na inconsciência humana não sabia de grande parte
das coisas que hoje sei, e sendo que hoje considero saber uma diminuta parte do
que um dia vire a saber, como ser ignorante que sou regozijo-me e sorrio aos
baldes da ignorância maior que já tive. Saber de nossa própria ignorância
talvez seja o começo, tocar o fundo do poço, do abismo da inconsciência talvez
seja o que dê a possibilidade da energia desenganada tomar impulso no fundo e
se não chegar ao menos rumar para a superfície, contemplar, que seja
brevemente, aquele lampejo de luz que ali em algum lugar brilha.
Fora dentre
estes lampejos na jornada para emergir da lama da ignorância que nossa
sociedade está em sua maior parte enterrada que me permiti algumas jornadas.
Como ser com essa possibilidade resolvi por algum tempo viajar, fazer jornadas
e mais jornadas pelos tantos e quantos mundos fossem possíveis. Entreguei-me a
tudo que disseram e repetiram e conservam a arguir ser a irrealidade de nosso
mundo. Tudo que é insólito para a nossa existência social é objeto de minhas
práticas e minhas jornadas, resolvi entrar profundamente na ideia de ser um
viajante cósmico em busca de tecer a minha consciência do mundo – pela ideia
inicial rumei em uma caminhada real, “o som da alma vira a luz para estrada”,
me repetia a voz de meu irmão.
Entrega e
dedicação no arco mágico do guerreiro se transforma no próprio intento, na
flecha mágica que a tudo alcança, retesada pela corda da vontade, manejada
pelas mãos do guerreiro, essa flecha faz os milagres todos em nossa existência –
principalmente os milagres que nunca quisemos saber, ou nunca imaginamos poder.
Tecer a
consciência é o ato de manejar o intento dentro de nós mesmos, de todas as
formas, modificar o ponto de vista sobre tudo, visitar todos os mundos e andar
por todos os campos possíveis, é entregar-se ao mistério e perder-se no
emaranhado cósmico de possibilidades e depois disso ir para o trabalho como se
nada tivesse acontecido. É fazer essa jornada também entre outros insones
enquanto concorda com suas monótonas histórias de ganhos financeiros e
decepções amorosas. O guerreiro viajante guarda um sorriso escondido por entre
a face sisuda que o disfarça entre outros tantos e quantos que aparentemente
são seus iguais (e não o são de toda forma?) mas que estão separados por um
mundo de diferenças.
Cada guerreiro
viajante é um tecelão cósmico que tece a sua trama de consciência à medida que
possibilita a si mesmo a conhecer, a expandir o quanto é possível com sua linha
da vida as experiências sob todas as possibilidades de aglutinamento
energético. É um caminhante que faz a jornada de Íkaro ao próprio sol, sabendo
que queimar-se-á, mas ao vidente é diferente – uma força lá fora, por um motivo
indescritível lança a linha das possibilidades de percepção e de repente fisga
o peixe, quando o faz o traz para a penumbra do esquecimento, a bruma da
obliteração de todo o conhecimento já adquirido – é então a hora da volta para
casa, o verdadeiro mistério do caminho do guerreiro talvez não seja ir, mas o
próprio voltar, não seja o tecer mas sim o desfiar de toda a trama tecida
incansavelmente, desfazer o feito.
Por esta bruma
obliterante de minhas experiências passei durante este longo e diferente ano.
Estive imerso sem ilusões no deserto de nossa vida, nossa travessia necessária
e nele me esqueci das miragens, me perdi nas areias que estavam dentro de meus
olhos, e o vento que antes me abrandava o calor desta vez me sufocava com o
esquecimento. Porque chegar tão perto do Espírito nos faz isso, nos maneja de
certa forma o ponto de aglutinação que nos remete a um profundo esquecimento,
descrença, desalento? Não sabia e talvez nunca saberei as respostas, mas assim
o é, como uma verdade energética incontestável, mas que contesto a casa tempo
com a minha lógica desfigurada agora pela ilógica constante da prática neste
caminho.
“Devemos
sim caminhar em busca de conhecer os diversos mundos, de testar os diversos
pontos, saberá que o caminho dos guerreiros é marcado por alguns cernes
especiais, para bem além daqueles que já conhece, este cerne em especial que
contesta é a bruma do esquecimento. O guerreiro que tinha entrado no edifício
do conhecimento, e sabendo de sua missão, engajado e conectado com o espírito,
tinha construído um mapa próprio para aquele edifício, sabia de cada cômodo e
conseguia até dele sair. E quando saiu viu ao longe o horizonte já não tão
distante, perto estava e ali quase chegava. Caminhando, unido ao espírito,
semblante calmo, como se alcançado a sua meta estivesse foi surpreendido por um
relâmpago de dúvidas, e na dúvida consumiu a sua chama, apagou-se o seu fogo.
Caído no chão aquele guerreiro esqueceu-se que estava em frente ao edifício do
conhecimento, lembrou vagamente que ali já estivera mas esqueceu-se os porquês
e as viagens que fez. Olhando ao redor não enxergou o outrora próximo
horizonte. Uma bruma, uma névoa caiu sobre a terra, era frio e o guerreiro
caminhou. Encontrou outras casas, construções, seu coração estava triste. Ele
não sabia mas a ele, no meio do caminho do meio que percorria, TINHA LHE SIDO
DADA A DÁDIVA DO ESQUECIMENTO.”
Nessas jornadas
que me propus a tantos anos, tantos que as vezes me confundo, tive momentos
mágicos de plena certeza e momentos muito maiores de grande incertezas sobre
tudo mais que nos rodeia. É como andar em uma montanha russa, horas de
iluminação e dias de imbecilidade completa em uma constante contradição criada
pela própria percepção aprisionada no ponto fixo de nossa sociedade hodierna.
Revisitando os meus próprios textos e minhas anotações durante esses dias me
peguei abismado, assoberbado sobre como é possível as vezes não me lembrar de
nada, nem uma ínfima parcela de minhas grandes jornadas. Não é como contar para
alguém do dia em que minha filha nasceu, ou o dia em que me formei, essas são
lembranças fáceis, essas outras, dos mundos que visitei, dos seres e energias
que interagi parecem serem lembranças de outra pessoa, outro ser, não minha
propriamente, tão distantes de mim que pareço ser outra pessoa, tão distante,
perdida na névoa de um caminho estranho, com memórias recortadas de mim mesmo
(seria eu mesmo quem as viveu?).
Nestes momentos
entendo perfeitamente o que dizia o próprio Castaneda quando falava das
lembranças em estado de consciência intensificada, é uma tarefa muito maior do
que ingressar em outros mundos a de lembrar plenamente e incorporar essas
experiências, me parece que toda vez que o tento uma névoa encobre as
lembranças, tal e qual a névoa que encobre as lembranças de um sonho recém
despertado. Ai entra a questão de energia, a recapitulação, a impecabilidade
que faz com que nosso ponto de aglutinação crie explosões e consiga se
movimentar para aquelas experiências ao mesmo tempo que consegue começar a
expandir-se e ampliar a nossa própria capacidade de aglutinar mundos diversos
sem perder a aglutinação deste mundo em que vivemos, tal e qual a capacidade de
um vidente nato que consegue ver a sobreposição dos mundos aqui mesmo, pois
aqui eles sempre estiveram e sempre estarão, como camadas em uma cebola.
Nestas grandes
jornadas, momentos memoráveis, muitos deles divididos aqui neste espaço, um em
especial eu não tinha entendido até então, não tinha recordado ou não tinha
voltado o meu ponto de aglutinação por completo àquele ponto. Uma certa feita
comecei a ter encontros com a parede de névoa, tendo experiências extravagantes
de viagens pelas planícies sulfurosas e encontrando inclusive outros mundos no
além linhas. Mas em especial o que me aconteceu por diversas vezes foi um
encontro com um ser energético que parecia eu mesmo, mas era um eu
aperfeiçoado, mais reforçado energeticamente, pleno de energia que começou a me
ensinar algumas coisas.
À época, não
muito tempo atrás, eu tinha uma série de problemas físicos relacionados à
saúde, sobrepeso (pesava quase 110 Kg), tinha hipertensão e outros problemas
mais. Meu corpo estava em frangalhos e a minha energia, consequentemente da
mesma forma estava. Em minhas jornadas comecei a recapitular e isso me abriu a
porta para a minha cura pessoal ( o caminho de volta para o edifício
abandonado), modifiquei-me em diversos aspectos, manipulei a minha energia e
cheguei a um ponto em que encontrei um sósia de mim mesmo além das linhas
paralelas. Por diversas vezes ele me mostrou como agir com meu corpo, enfrentar
perigos, manipular a minha energia para conseguir o que eu quisesse, inclusive
a minha saúde. Eu imaginei que este era o meu duplo de sonhar, ou o meu nagual,
mas nada disso era verdade, era com outra coisa que eu estava lidando, algo tão
poderoso e tão mágico que sequer eu mesmo sabia racionalizar, apesar de sentir
de todo meu coração aquilo que se desenhava à minha frente.
“O
guerreiro então havia se esquecido de sua busca original. Ele tinha tido todo o
poder em suas mãos, estaria pronto para partir daquela forma, tinha seguido e
conseguido estar em diversos pontos dentro de seu próprio ovo de luz, tinha tecido
uma bela trama. Contudo tudo havia sido desfeito, a sua bela trama, o mapa
memorável de sua vida havia sido desfeito. O caminho para aquele edifício do
conhecimento tinha se apagado. Sobrava no homem apenas uma sensação escondida
de perda, como a que todos sentem algum momento de sua vida, mas nele era maior
e mais arrebatadora. O homem vivia em uma cidade mas não a via como os outros,
era coberta constantemente por uma névoa. As pessoas ao seu redor eram de
alguma forma diferentes, mas assustadoramente iguais a ele mesmo. Vez ou outra
ele via uma pista, um fragmento de uma vida que não parecia ser dele mesmo.
Assim, observando os fios largados e os pontos que antes faziam sentido o guerreiro
começa a refazer o seu mapa para chegar a um lugar onde sabe que existe um
tesouro guardado.”
Naquele período
fui guiado à esta forma pelo grande nagual e meu benfeitor Don Juam Cortez, o
nagual do outro lado, ele me deu dicas e me levou a lugares que sequer eu teria
conseguido sozinho, seguindo apenas uma promessa que me tinha feito há mais de 25
anos atrás, em meio a uma tempestade quando apareceu pela primeira vez para
mim. Após me esticar o ponto de aglutinação por diversos lados e me apresentar
a seres energéticos compreendi o que realmente buscava, era essa minha
contrapartida original. Ele me tinha dito que tudo neste mundo são criados em
pares, eu, em minha concepção inspirada na obra de Castaneda tinha me lembrado
na noção de nagual e tonal de dentro de cada um, mas não era bem isso que me
estava sendo apresentado.
Durante os
recentes dias de lua cheia, onde identifiquei que meu poder está em alta, senti
com toda a força a resposta do vento, aquele que eu tinha encontrado, o meu par
perfeito, meu par ideal, a minha cópia do outro mundo era meu ser paralelo,
este que se mostrou para mim e me trouxe toda a modificação em minha vida. Não
se tratava do duplo ou o meu nagual e sim a minha contraparte no outro mundo.
Este que me ensinou o modo correto de me alimentar, de viver, de intentar e de
seguir a minha caminhada, essa contraparte que segundo Castaneda pode trazer
juventude a plenitude à vida de qualquer pessoa que a encontre. Quando me
sobreveio este entendimento busquei arduamente nos livros de Castaneda e eis
que encontrei o que vinha buscando no “Segundo Círculo de Poder” em que é
narrado a forma como Dona Soledad havia encontrado o seu ser paralelo após a
linhas e com isso ela tinha fortalecido a sua vida e inclusive recuperado à sua
juventude. Que susto e confirmação bela ainda tive ao abrir um livro que tinha
comprado esse ano e nunca tinha foleado, de Armando Torres, abri imediatamente
no capítulo que fala sobre as linhas paralelas, pois era de meu interesse
buscar mais confirmações e eis que surge o fragmento: “Este ser é uma réplica
de espelho de si mesmo. Existe no mundo concomitantemente a pessoa, é uma
contramedida de energia, porque absolutamente tudo o que existe vem em pares.
Se o ser paralelo morre, a pessoa adoece de repente, sem explicação aparente e
também morre. Os guerreiros que tem a fortuna de encontrar seu ser paralelo
enquanto estão neste mundo, encontram a fonte da juventude, alegria e
felicidade. Isso é assim porque um completa o ao outro...” (O segredo da
Serpente Emplumada, Armando Torres)
Conhecer o ser
paralelo em si nos trás uma grande quantidade de energia, e ser guiado por uma
parte nossa em um universo paralelo nos trás grandes fluxos energéticos. O ser
paralelo não é parte de nós mas a nós está ligado de forma energética de forma
especial, somos gerados juntos, em pares, em realidades diferentes, ele um ser
inorgânico e nós um ser orgânico, quiçá ele nos espere do outro lado e queira o
melhor para nós, nós também inconscientemente o queremos bem, e conhece-lo em
si nos traz uma mudança completa em tudo que temos em nossas vidas. Lembro-me
de olhá-los nos espelhos dos sonhares, lembro de ele me ter guiado a diversos
sonhares e a diversos mundos, os vermelhos, azuis os mundos de cima e de baixo,
caminhávamos juntos, ele está além do emissário de sonhar ou de qualquer ser
que nos queira roubar a energia. Eu poderia dizer aqui sem nenhuma dúvida que o
equivalente dele em nossa cultura é o anjo da guarda. Neste ponto me sobrevém
uma recapitulação de uma história antiga. Junto com um vento aqui na sala em
que relato estas palavras me vem a lembrança, talvez soprada por ele mesmo do
outro lado, onde me observa com mais consciência que eu mesmo posso fazer.
Então que durante a noite intentei fortemente
reencontrar com este meu ser paralelo, e imediatamente ao dormir fui pego por
um vórtice do sonhar. Eu fui levado a um mundo azulado onde eu me encontrava
acima de um pequeno platô. Ali eu via este ser ao meu lado, era como se hoje eu
me olhasse no espelho. Ao redor havia um mundo mágico em que nunca havia
estado, acredito que era o mundo dele, de alguma forma eu sabia disso, ainda o
sei. Ele olhava para frente com um olhar de quem sabe alguma coisa secreta, era
estranho pois eu parecia olhar para mim mesmo, mas a energia dele modificava-se
em minha própria forma orgânica e uma forma de luz brilhante como um âmbar. Eu
via ao mesmo tempo as duas imagens. Olhando ao redor sabia que não estava em
nosso mundo. Ele me mandava olhar para cima e eu fazia. Era como se eu olhasse
direto para uma fonte imensa de luz, e desta fonte surgissem vários e vários
raios de luz para todos os cantos, eu sentia as luzes me tocarem e a ele mesmo.
Ele me falava em pensamentos que os mesmos feixes de luz nos cortavam em
diferentes mundos, e em tantos outros mundos também, eles eram eternos. Ele me
mandava sentir a eternidade, mas eu não entendia, então que ele me tocou e nos
tornamos um. Lembrei de cada encontro que tivemos, um em especial que ele me
ensinava a saltar por entre carros, quando eu parava em frente a um espelho e
me via como deveria ser. Naquela visão eu via-me à época, moribundo,
inconsciente e um outro eu mais pleno. Ele sorria e mandava eu escolher sendo
que eu entrava no espelho assumindo a imagem que eu achava de poder mais pleno.
Então via outras imagens e tantas imagens sem fins de experiências mágicas que
eu tinha vivido, via aliados, seres mágicos, amigos e pessoas que sequer
lembrava conscientemente. Tinha ido a um ônibus de uma excursão que fiz a uma
festa wicca há muitos anos, talvez uns 17 anos em que via um bruxa se transformar
de nova em velha, e meu ser paralelo me protegia de algumas coisas. Eventos se
passaram ali, como se realmente acontecessem e não era como lembra-los era como
estar realmente em cada evento ao mesmo tempo, eventos de sonhos, eventos despertos,
todos eram um ali. Então eu sentia s linhas do mundo, aquelas linhas brilhantes
e entendia a eternidade, todo o tempo estava ali ao mesmo momento, era um
presente infinito e eu estava me expandindo em várias direções de passado, de
eventos que poderiam ser futuros, de eventos diferentes. Então ele me soprou
seu nome, um nome de poder para eu chama-lo. Senti a plenitude de ter um poder
incomensurável indescritível que aqui tento balbuciar com palavras e nem
palidamente descreverei.
Acordei então
depois de algumas horas com um vigor incrível. Interessante pois logo encontrei
um amigo que me comentou como meus olhos estavam brilhantes. Sorri como quem
guarda um segredo e continuei em minha jornada diária, ciente de que tinha
encontrado (ou melhor lembrado) de um tesouro, talvez o maior tesouro desta
minha existência.
“O homem
então encontrou uma nova busca, que era saber onde e o que era aquele tesouro
que ele tinha encontrado um mapa. Ele largou as buscas que tinha sem coração e
voltou àquele caminho. Dentro de si haviam pistas que se mostravam à medida que
ele se entregava ao próprio caminho de volta. O homem então se descobria mais
forte a cada passo, e com a sua força crescendo consolidava definitivamente
toda a trama de consciência que um dia havia sido desfeita. O Espírito estava
alegre, pois se antes manifestava-se para o encontro agora o homem
manifestava-se para o Espírito em sua vontade latente, a cada pulsar do segredo
que guardava de si mesmo.”
“Completar essa
trama, retornar no caminho de volta é o exercício de prova final, que levará
mais do que a própria tecedura original mas que levará o guerreiro incansável
até uma dupla jornada de consciência: uma será para a sua liberdade e a outra a
moeda que lhe permitirá a própria caminhada além.”
Hermanos Buenos dias,
ResponderExcluirrealmente a ignorância é nosso pior inimigo. Fizemos juntos o "vôo" de Icaro e quase nos queimamos naquela estrela. Mesmo assim continuamos indo além na tentativa de nos encontrarmos. Tudo tem seu momento certo.
Encontrastes o ser paralelo e felicito-te por este feito.
Alveranga
09/12/2014 08:41
Hermano sim, lembrei de nossa aventura no sonhar juntos no Domo dos Naguais, já atingimos muitos locais, e o esquecimento é como uma parte da tarefa, é como uma recapitulação especializada quando devemos voltar a todos os locais do PA que já fomos, um teste de força pra seguirmos em frente.
ExcluirO que é o ser paralelo?
ResponderExcluirFlorinda me disse, como se estivesse me dando uma grande oportunidade, que
Soledad era uma espreitadora extraordinária; achava mesmo que era a melhor de todas.
Disse que Soledad podia atravessar as linhas paralelas a qualquer momento. Além do
mais, nenhum dos guerreiros do grupo de Dom Juan Matus tinha sido capaz de fazer o
que ela fizera. Soledad, através de suas técnicas impecáveis de espreita, tinha
encontrado seu ser paralelo.
Explicou que o que quer que eu tivesse experimentado com o nagual Juan
Matus, Silvio Manuel, Genaro ou Zuleica, eram apenas partes minúsculas da segunda
atenção; o que Soledad me ajudava a presenciar era também uma parte mínima, mas
diferente.
Soledad não só me fizera olhar o tempo que se aproxima, como me levara para
seu ser paralelo. Florinda definiu o ser paralelo como uma compensação que todas as
criaturas humanas têm, pelo fato de serem seres luminosos cheios de inexplicável
energia. Um ser paralela de qualquer pessoa do mesmo sexo, íntima e indissoluvelmente
ligada à primeira, ou vice-versa. Elas coexistem nomundo ao mesmo tempo. Os dois
seres paralelos são como as duas pontas do mesmo pólo.
É quase impossível os guerreiros encontrarem seu ser paralelo, pois há muitos
fatores dispersivos na vida deles, outras prioridades. Mas quem for capaz de realizar
esse feito encontrará no seu ser paralelo, como aconteceu a Soledad, uma fonte
infindável de juventude e energia.
Do livro Presente da Águia
Alveranga
09/12/2014 08:55
Certa feita um homem salvou a vida de um velho que lhe deu de presente um mapa antigo. Não sabia se tinha valor ou não. Porém o homem acreditou piamente que aquele era o tesouro que um dia havia encontrado em sonhos e iniciou sua busca. Seguindo o traçado do mapa foi conduzido a vários países com culturas diferentes, novas pessoas com quem trocava idéias. E assim foi prosseguindo em sua busca. Passou pro perigos enormes, vales profundos, abissais que teve que atravessar se utilizando de uma coragem que nunca pensou ter. O mapa com o tempo ia se desgastando ficando em frangalhos. Mesmo assim seu destino continuava ali, no mapa, o tesouro. Eis que depois dessa jornada sem fim, teve seu premio. Chegou a um local tranquilo onde tudo parecia o Paraiso, o local exato marcado no mapa, Começou a cava no local indicado. Bateu em algo duro. É o tesouro, pensou o homem e o retirou, Com muito esforço abriu aquela caixa de madeira. Qual não foi sua surpresa. Havia somente um espelho dentro da caixa. Olhou para si mesmo, observou-se por um bom tempo, Viu que ali havia um novo homem, Começou a recordar todas as dificuldades que enfrentou para chegar até ali. Não ficou com raiva, pelo contrário agradeceu tudo que havia passado, de estar ainda com vida e com saúde. O mapa já não existia mais, porém reconheceu que seu maior tesouro foram as conquistas sobre si mesmo.
ResponderExcluirAlveranga
11/12/2014 08:25
Buenos Dias guerreiros!
ResponderExcluir--- Agradecer ao Hermano Vento pelo belo post, esclarecedor e enfatiza um compromisso ulterior, que é a de obter o duplo ou o sósia a partir da recapitulação.
--- Através da retrospectiva também adquirimos mais duas qualidades: a Paciência e o Desprendimento.
É interessante você abordar este assunto porque também vi meu ser paralelo me sonhando, e então compreendi que isso é o ensonhar do sósia. Significa que o corpo sonhador já percebeu que está no controle da situação no Sonhar, de modo que pode viajar um pouco mais além, para mundos inconcebíveis, mantendo o estado de profundo contentamento (Santosha) e saúde impecável.
--- Ontem caminhando pelas ruas daqui da cidade observei, por um momento mágico de nove segundos, estar olhando para o meu corpo (Na lateral esquerda) do outro lado da calçada, observei também a leveza como se tivesse levitando sem o corpo e seu peso, uma espécie de névoa envolvente na parte inferior de minha outra visão era como se fosse um meio de transporte; depois senti minhas pernas e a sensação de caminhar quando cedi à razão e voltei ao "eu" daquele momento.
--- É o sósia que vê mundos sobre mundos. Outro dia, ao caminhar, Vi a configuração do local mudar como se um outro mundo "passasse por cima", por assim dizer, e se interpusesse a outra imagem de modo que ERA REAL. Um fato que me chamou atenção foi a não-mudança dos turnos do dia, se ensonhamos pela parte da manhã então o sonhar se daria pelo turno correspondente, no caso manhã, bem como de tarde/tarde e noite/noite.
--- Hermano Alveranga, bons ensonhos, boas recapitulações e boa espreita! Por sinal, este é um belo nome, Alveranga, como foi essa transição de poder?
Nik Luar
Em Vênus,
19.12.2014; 11:12
* * *
Hermanos Buenos dias
ResponderExcluirHermano Nik vi que estás progredindo bastante em teus ensonhares, porém não devemos confundir o ser paralelo com o corpo sonhador, por isso coloque a explicação acima.O nome Alveranga me foi sussurrado pelo Seletor uma das emanações da Aguia para uma nova empreitada.Percebi o intento pro detrás do Intento do seletor que era esse nome.
Alvernaga
22/12/2014 08:08,