O TÃO TÊNUE EQUILÍBRIO EM NOSSA TÃO BREVE CAMINHADA
Venho pensando, ao largo de minha pequena caminhada, o que são todas as coisas, e a inefável divisão que fazemos, como infantes que ainda desconhecem o que nos cerca, entre o que é material e espiritual. Oras, se tudo que está manifesto é somente uma capa para o que está oculto, tudo é igualmente uma emanação da mesma fonte. Não há como distinguirmos o material e o espiritual se é tudo energia, ainda que vibrando em distintos padrões. Se é tudo energia é tudo igualmente manipulável, é tudo igualmente influente em nossa caminhada, é tudo algo a se depositar a nossa atenção para o entendimento de todos os fatores que nos abraçam e que abraçamos neste emaranhado de relações que fazemos ao abraçar a nossa existência ao mesmo tempo que somos abraçados por ela. Por isso me volto aos estudos da atenção plena, porque não termos atenção plena, e essencialmente indistinta com tudo que há. A medida que entendemos como diferente o que é uma relação orgânica, inorgânica, material ou imaterial, nos entregamos a redução que nossos sentidos primários nos entrega, que é, também, uma certa prisão. Quero dizer com isso que se torna essencial, também, nos livrarmos das prisões da percepção ordinária que temos, por ocasião de nossa peculiar forma energética manifesta neste ser que vestimos nesta breve passagem. Não significa que devamos nos desapegar dos sentidos ordinários, mas entender, tão somente, que eles não englobam a nossa possibilidade perceptiva total, refletindo apenas um fragmento cognitivo do universo, que deve ser somado a outras “antenas perceptivas” que temos latentes dentro de nós e que, com a prática, devem ser despertadas. Não podemos nos embriagar com o excesso de espiritualismo, da mesma sorte que não podemos nos soterrar com o materialismo, sem separação entre um e outro adentramos na esfera do equilíbrio tênue do caminho do meio, lançando a luz da atenção plena, da consciência, sobre todas as coisas que tocamos e que nos tocam, percebendo assim que se existe separação no universo, esta separação é tão somente aparente e criada por nossa condição humana que tende a simplificar e catalogar em prateleiras diferentes as percepções que temos. Quando nos afastamos um pouco das catalogações usuais, sejam elas do mundo social, sejam elas do mundo espiritual, vemos que tudo é parte da mesma estrutura geral, e que as separações só servem com o propósito de organizarmos o mundo caótico de forma palatável a mente da qual somos ainda dependentes, e que é uma forma de manifestação energética de um tipo de conhecimento mais profundo que não carece de organização, quando acessado por nós: o conhecimento silencioso. Vemos então duas partes de um mundo que, por organização de nossos antepassados, tem a essência maniqueísta, binária, simplificando o universo nesta separação ancestralmente forjada entre o espiritual e o material, entre o que é captável sensorialmente por nossos sentidos orgânicos ordinários e o que é captado por nossos sentidos energéticos inorgânicos inusuais. Tão profunda foi a cisão que separamos também as nossas vivências entre o mudo desperto e o mundo do sonhar, e, fora da previsão inicial do pacto dos antigos, começamos, ao longo das eras, a relegar o mundo do ensonho como irreal e imaginário e o mundo desperto como única realidade. Criamos, por óbvio, um desequilíbrio entre as duas faces igualmente importantes de nossa vida. Dizem alguns, e isso ouvi por conversas energéticas inusuais, que civilizações antigas costumavam manter-se na exata mesma escala de tempo em sonhos e no mundo desperto, sendo ritual essencial nessas civilizações perdidas o equilíbrio das atenções. Assim faziam cultivando o equilíbrio, e mantendo a ponte entre os dois mundos, ou melhor dizendo, entre as duas cognições. Após nossa jornada por esta terra, o desequilíbrio se formou, hoje pessoas dormem menos, relegam aos sonhos um status de irrealidade, de mera projeção mnemônica da rotina diária. Desequilíbrio instalado, raiz de nossa moderna caminhada, redundando em toda sorte de problemas modernos, quiçá oriundos de nossa jornada de esquecimento. A essência da mudança deste paradigma criado não é, no entanto, espiritualizar-se excessivamente, pelo contrário isso seria, da mesa forma, a criação de um outro distúrbio e desequilíbrio. Comunidades estritamente espirituais também distorcem o equilíbrio necessário, viver tão somente no ensonho é igualmente prejudicial, descartar o material como se fosse forjado ou artificial também é equivocado, sendo o outro lado da distorção da visão total. Volvo-me, portanto, aos caminhos iniciais e mais simples possíveis do equilíbrio, do caminho do meio, da atenção total e equânime a todas as coisas e ações, sejam elas sociais e materiais, sejam elas espirituais, e assim busco recuperar o equilíbrio perdido, que ainda é rememorado por todos nós em nossa cada vez mais breve infância, época na qual todos fazem conviver em paralelo o mundo espiritual e material em igual escala de valor de igualdade. Quanto mais jovem até maior é o tempo de sono e o equilíbrio entre as visões, pois quando se fecha os olhos materiais se abrem os olhos espirituais em sua plenitude. Claro que um dia, e com alguma prática, os olhos se abrirão em paralelo, mas este é tema para outro espasmo energético de conhecimento...
O tênue equilíbrio...minha gratidão por este espasmo energético de conhecimento.
ResponderExcluircomo faço para me inteirar mais acerca do caminho do feiticeiro?
ResponderExcluirhá algum vivo atualmente?
Acredito que a pergunta melhor a ser feita seria: "existe algum disponível..."? Enfim, hoje em dia, neste ciclo que estamos vivendo, não existem tutores ou mestres disponíveis, se é o que presente saber, as portas do aprendizado tutoriado se fecharam, mas se abriu um caminho largo de saberes que dispersam a visão de quem não está atento. O importante é se abrir para o conhecimento e seguir os passos metaforicamente explicados nos cernes do poder, bem delineados em parte no livro "O poder do Silêncio" de Carlos Castaneda. Recomendo algumas anotações feitas aqui também, com relação aos cernes abstratos, que fiz guiado pelo Poder e pelo Espírito, creio que possa iluminar a sua pergunta.
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