O caminho




Há um tempo venho afastado de postar algo aqui. Me arrisquei de quando em quando em algumas linhas de fragmentos de conhecimento, de pensamentos que pensei serem válidos na troca de vivência que fazemos aqui, que mesmo de forma incipiente é ainda um palco para os debates e postulações acerca do caminho que seguimos.

Contudo, venho vindo caminhando em uma parte do caminho em que estou andando mais pelos campos do sonhar. Não havia entendido até então o que os feiticeiros da linhagem de Don Juan explicavam acerca do sonhar, sobre ficarmos mais soturnos, reservados, mas sei agora que é esta uma verdade, um fato energético. Me duplo vem fortalecendo-se de forma que eu consigo efetivamente empreender uma série de viagens no sonhar, mas ando me perdendo em detalhes, na imensidão de detalhes que é o sonhar, cada fragmento que em nosso mundo não passa de um objeto, no sonhar se torna um novo mundo, e dentro dele outro, e tantos que nem sequer consigo pensar.

Não é este o tema que venho aqui hoje rabiscar. Uma série de mudanças graduais vem acontecendo em minha caminhada, mudanças comuns, mudanças como as do universo, sempre mutável, esta sendo a sua única constância. Velhos amigos da feitiçaria voltaram a entrar em contato, trazendo informações sobre as suas caminhadas, o que me deixa o espírito feliz. Todos, cada qual em sua caminhada, cada um enfrentando problemas, encontrando soluções, tendo perguntas respondidas, e o melhor, encontrando novas perguntas. O que move o guerreiro além das perguntas? São as dúvidas que movem o mundo, as dúvidas nos enche o espírito com o fogo de quem quer as respostas encontrar, é o impulso que nos mantém seguindo em frente, é o inconformismo que ascende a vontade de caminhar. Por outro lado as respostas nos mantém estagnados, parados, cientes de termos chegado a algum lugar, em nosso destino, as respostas recolhem as velas e nos faz parar, quero sempre estar cheio de dúvidas, de perguntas, sempre buscando chegar.

Durante estes dias sempre que entrava aqui neste espaço, ou nas comunidades que frequento uma voz sempre assomava-se dentro de mim, ou fora, depois percebi que vinha de fora, de outro lugar, a voz sempre me perguntava: O que quer achar? Pensa que encontrará algo ai? E eu continuava a buscar, teimoso como sempre fui, continuava a buscar. Nunca entendi a vontade que tive em encontrar pessoas que caminhassem o mesmo caminho que caminho, nunca entendi o porque sempre me achei sozinho, em minhas indagações, em minhas certezas, verdades e meias verdades, sempre me senti só, rodeado por pessoas, várias pessoas, amigos, parentes, queridos, mas sentindo-me sempre sozinho no que meu coração entende como sendo a grande verdade do caminho da vida pelo qual sigo, por onde caminho.

Mas o tempo me manteve focado em minhas buscas, mesmo no desvio do caminho, mesmo em suas pedras e espinhos, sempre segui caminhando. Inicialmente podia contar apenas com o que eu mesmo podia comprovar em minha caminhada, sonhos, visões, sentimentos, seres de planos outros, que apesar de me ajudar, sempre estava separados de mim pelas linhas paralelas, e assim vão estar até que daqui eu parta, estes, mesmo perto, estão muito distantes, mesmo guiando, ainda não conseguem fornecer o calor da carne que nos envolve, o calor das dúvidas que nos consome, estes que estão do outro lado, já esqueceram-se de ser humanos, como somos, cheios de dúvidas, de incertezas, cheio do desejo que aprisiona, do medo que não cala, da dúvida que atrapalha e ainda rasos da certeza de poder ver além da cortina, além da ilusão.

Hoje consigo dizer, que mesmo distante, conheço já alguns que seguem no mesmo caminho que eu, consigo dizer que já ultrapassamos o véu das palavras, riscadas, digitadas, ou até faladas, chegamos ao duplo, nos tocamos energeticamente, guerreiros do norte, guerreiros do sul, alguns ligados no destino, na linhagem energética, pelo espírito, a cola que liga, que une, que nivela, outros ainda distantes, a serem encontrados, prontos e a espera de nos encontrarmos. Mas ainda faltam etapas pessoais a seguir, purificações, alterações, testes e provações, assim é todo caminho, com pedras, sempre a pedra no meio do caminho.

E neste caminho que sempre teve coração para mim, hoje sinto o corpo, conheço as suas partes, como uma grande serpente emplumada que segue rumo ao infinito, tem vários corações, prontos a formarem mais uma vez o corpo que nos guiará a liberdade. Cada qual agora precisamos de um compromisso pessoal, cada qual que passa por aqui, cada qual em que pulsa dentro do coração, muito além das palavras, o sentimento que agora pulsa em mim, que sempre pulsou, e que tento aqui espremer além de exprimir em palavras. A estes o propósito urge, é tempo de queimar internamente todo o nossos passado na chama que erguerá o nosso futuro, pois perder a forma humana é isso, perder o humano eu para nascer o guerreiro eu, perder a roupagem socializadora, só assim, só perdendo este corpo moldado pelo barro frágil da socialização é que conseguiremos surgir como a quintessência do que é o homem, o ser mágico que somos e o destino que nos é reservado.

Os propósitos para este destino, na senda do conhecimento, devem ser cumpridos individualmente por cada um de nós. Agora já é certo que o destino do Nagual Castaneda, nas estrelas de Órion são diferentes do meu destino, no rumo da constelação de Ursa Maior, ali onde fica a cidade branca, onde vi a todos os grande homens, mestres, xamãs, onde não vi Carlos, ali é meu destino, e espero que seja o destino de quem queira a liberdade. Hoje minha aliada veio a minha casa, trazendo cheiro de flores, me mostrando que algo estava florescendo em mim. Meu duplo se fortalece, mas não apenas pelo sonhar, as mudanças nos hábitos cotidianos, todas quanto possíveis, a recapitulação, a mudança de atitudes, o intento inflexível sendo dito em voz alta todos os dias no mesmo horário, todas estas são parte das ferramentas que me estão auxiliando nesta jornada e no rompimento da casca social que me reveste.

Espero que entendam, espero que os que aqui passam, aquilatem o seu espírito, destronem o reinado da mente social, pouco a pouco, ele não pode resistir apenas a uma coisa, uma pequena coisa: a disciplina do guerreiro, e está amigos, digo, é a maior dificuldade no caminho dos que seguem esta jornada. Manter o foco, constantemente é a maior dificuldade e a maior arma nas mãos de quem quer nos aprisionar. Basta isso, uma pequena atitude, a chave de nossa liberdade, mas para isso, é preciso seguir, em frente, sem parar.

Intento inflexível a todos, e sigamos em nosso caminho.

Comentários

  1. Hermano Vento
    aguardava ansioso pelo retorno. Creio que para nossas duvidas como
    seres humanos temos um antindoto de guerreiros um não fazer "ter de acreditar".
    Sem esse antidoto tudo para nós as viagens no cmainho não seriam nada mais que meros devaneios. Como posso acreditar em seres que não vejo, adentrar em conhecimentos que nem mesmo estão esscritos para nos guiar, ouvir uma voz(diriam que estou ficando louco). Por isso não me pageo a duvidas e estou sempre alerta atento e sem duvidar sei que minha morte pode estar nessa ultima letra que digito.
    Dárion
    Abraços Hermanos
    Devemos nesse ano intentar entrar em contato com a consciencia da Terra para nossa evolução. Tem muita coisa no Fogo Interior. Assuntos não desvendados que gostaria que os Guerreros dessem devida atenção.
    Darion 08:26 20/05/2012

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    1. Dárion, é verdade, tem temas contundentes que precisam ser estudados e esmiuçados, principalmente sendo lidos nas linhas do conhecimento silencioso. Percebo o que fala, ontem, junto com alguns sobrinhos e filha brinquei de escorregar de barriga no chão da área de minha casa, naquela brincadeira, vendo as crianças ali, e eu como uma, percebi como os outros adultos, socializados nos olhavam, como pessoas tolas e vãs, eu ali, como Genaro no chão, dando braçadas, nadando sem sair do lugar, e as crianças, em sua energia entendendo a brincadeira e a relação energética entre nossos corpos de luz e a Terra.

      Intento hermano

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  2. Olá Ênio,
    estou lendo o livro que você postou. Esse é aquele livro "passos mágicos", o original? E os exercícios são os mesmos que o outro? Estou lendo o livro "nosso lar" também. Refletindo em relação à quantidade de psicografia do Chico Xavier e as declarações dos espíritos sobre o mundo espiritual, estou em dúvida com relação sobre qual seria a resposta verdadeira sobre o mundo espiritual. Também estou frequentando um curso da gnosis, mas também se contradiz com todo esses conhecimentos. Algum desses conhecimentos tem que estar errado, porque é contraditório. Por enquanto, o que mais me satisfaz é o do Dom Juan. Abraço

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    1. Rafael, já fiz essa caminhada, passei por diversas sendas de conhecimento, mas sempre voltei a este ninho de conhecimento que é o xamanismo tolteca, não sei porque mas meu coração sempre via mais verdade nele. Inobstante a isso, tem conhecimentos que podemos usar no caminho, alguns que se relacionam e outros descartamos, já disseram no passado: Lê tudo que pode e uso aquilo que te interessa. O guerreiro tem que ser assim, sempre relacionar-se com o conhecimento, seja ele qual for.
      Sobre o livro, ele está inteiro traduzido aqui, verá os seus capítulos, é um exercício primordial comparar aquela versão a versão atual, verá as mudanças feitas, e vale meditar acerca das implicações energéticas das diferenças entre os livros.

      Intento

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  3. Esse espaço pra mim é sempre fonte de novas inspirações... A sensação que tenho é de que eu pertenço a algo que não encontro facilmente em meu dia-a-dia, e de vez em quando me deparo com um oásis, que sempre se apresenta de maneira diferente, porém sempre é constituído de uma mesma energia familiar. Sou sempre grata aos que contribuem para a manutenção desse espaço!

    Acredito que subestimamos demais o Poder do Intento, nem sabemos como usá-lo em metade de toda sua efetividade. Cada vez que negamos um exercício desnecessário da Razão, cada vez que evitamos explicar ou reduzir as coisas, cada vez que, como disse o Enio, nos permitimos nos entregar às perguntar e não buscar respostas, cada vez que nos permitimos não-saber, não-fazer, e ainda assim continuarmos fluindo, sóbrios e encantados com o Todo, cada vez que fazemos isso, estamos abrindo Caminho, liberando espaço para que nosso Intento - que é o Intento do Espírito - se fortaleça.

    Que caiam as máscaras de barro!
    Que flua o Poder do Silêncio, indissociável de nós!

    Intento!

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    1. Jéssika, é sempre bom ser visitado por pessoas assim como você, o poder se faz com a mesclagem de intento de pessoas loucas para o mundo, como eu, você e tantos outros que aqui passam, identificar-se aqui, é ter a certeza que nossa loucura nos leva a algum lugar, indescritível, cheio de conhecimento prontos a serem revelados, e além disso, a liberdade.

      Intento guerreira.

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  4. Buenos dias Hermanos Guerreros
    gostaria de pedir aos Gerreros que expusessem suas experiencias. Qual Passo de Poder está praticando, o que sentiu, o que viu, mesmo que pareça estranho, compatilhar as experiencias e não termos medo de nos expormos. Isso seria de uma enorme valia para nosso progresso evolutivo. Compartilhar: essa é a palavra-chave.
    Abraços Hermanos
    Darion 08:08

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  5. Recordei de ume evento quando era adolescente.Devia ter uns doze anos. Estava no banheiro de frente para o espelho, espremendo umas espinhas.(tinha tanta espinha que meu corpo era coberto delas). Quando na porta surgiu a figura do meu pai, que ficou me olhando.
    - Ô bicho feio.Cheio de espinhas e com os ombrinhos dessa largura. - falou.
    Eu realmente era descompensado e horrivel. Ouvir isso da boca de mu pai doeu muito. Não era culpa minha se eu era miope com oculos fundo garrafa, cheio de esoihas pelo corpo e magricelo. Percei que aquele evento era um prato cheio para minha retrospcetiva(recapitulação). Eu nem recordava deste fato. O engraçado é que me lembrei disso quando estava tomando banho e massageava as panturrilhas.
    Reocrdei então que o Nagual havia dito que as batatas das pernas são reservatórios de nossa estória pessoal.
    Darion 08:35 25/05/2012
    In lak ech ala kin.
    * * *

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  6. Com uma simples recordação desaas, amtei dois ceolhos de uma cajadada só. Me recordei de um evento gatilho que me ajudaria em minha retrospecitva e fiz uso do conhecimento do Nagual atestnado que na região das batatas há uma reserva enorme de lixo para revirarmos.
    Darion

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    1. Dárion, faço coro a sua proposta, espero que as pessoas compartilhem aqui também, este espaço não é unilateral, todos tem espaço aqui para divulgar o que quiserem, da forma que quiserem, aqui é um espaço onde a loucura é a regra, e as certezas cedem frente aos mistérios da vida cotidiana.
      As práticas sempre mostram algo, e dividi-las é algo importante no caminho, somos a geração de guerreiros sem mestres, vivemos apoiados em nossas capacidades e na divisão de conhecimento que fazemos em lugarem como este.
      Intento hermano.

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  7. Técnicas de meditação de Doña Pachita

    Doña Pachita, uma das xamãs mais extraordinárias do México contemporâneo, realizava verdadeiras façanhas de cura, de manejo do espaço-tempo, da energia e da matéria, e dizia utilizar uma série de procedimentos que lhe permitiam realizar seu trabalho.

    O procedimento principal de meditação de Doña Pachita consistia em sentar-se em uma cadeira de frente para seu altar no quarto onde realizava suas operações e curas, e uma vez ali, fechar os olhos e respirar suavemente até escutar "UM ZUMBIDO" característico em um dos ouvidos. Uma vez captado este zumbido, o qual, segundo Doña Pachita, era a manifestação de uma mudança de estado nela mesma, atendia a esse som interno até que sentia que caia em uma espécie de grande orifício, onde mudava de estada.
    * * * * * *
    hermanos vemos aqui o zumbido caracateristico da entrada na segunda atenção que algumas pessoas (inclusiveie médicos) pensam ser o prenuncio de uma possivel surdez.
    Darion
    Abraços
    In lak ech ala kin

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  8. Um dos não-fazeres que mais gosto é escrever da direita para a esquerda (para ver o que está escrito usasse um espelho) e ler textos de cabeça para baixo.
    Carlitos fostava de usar os sapatos trocados
    Darion

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  9. Falando em não-fazer, gostaria de compartilhar um "achado" que fiz a esse respeito. Talvez não seja tão novo assim pra algumas pessoas, mas acho que vale a tentativa. Um não-fazer incrível é se submeter conscientemente a algo que você muito teme. Medo de altura? Salte de paraquedas, por exemplo. Mas não se restrinjam aos medos físicos. Os medos psicológicos são os ideais para esse exercício. Quanto mais profundo o medo e quanto mais consciente e "aqui-agora" estiver durante a experiência, mais libertadora ela é. É surpreendente a quantidade de energia que é libertada nesse processo. Recapitulem a experiência assim que possível - e então terão outra surpresa...

    Se gostarem, podem aplicar isso a outras situações em que sintam outros tipos de emoções fortes, como raiva, culpa, ou se tiverem desapego suficiente, sentimentos positivos como amor e felicidade. Mas as de medo são geralmente as que mais liberam energia. Divirtam-se! rsrs...

    Intento!

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  10. bacana J acho que é por ai mesmo, simples e encantador e claro nao é novidade mais de alguma forma galvaniza o intento profundo ja descrito por CC e a sua postagem renova este exercício fazendo dele tao atrativo para nos quanto terrível para o ego.

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