Quem é você?

Pela madrugada é que nos deparamos com as mais preciosas energias, àquelas que nos levam ao verdadeiro conhecimento, ou a verdadeira interpretação de um conhecimento que já temos. Quando as mentes começam a apagar-se, quando chega ao tempo do outro eu, do duplo nesta hora o mundo parece apagar-se as lamúrias, o silêncio é reinante, o silêncio como imperador nos leva ao seu reino. Foi afagado por uma noite desta que me veio uma intensa e profunda revelação. O espírito é assim, de diversas maneiras, em horas inusitadas ele nos toca, ele cai sobre nós. Para sentir basta querer, basta está voltado a ele, ele está agora, ele esteve ontem e estará amanhã, pois é tudo, é dentro e é fora.

Hoje uma série de perguntas martelava a minha mente. Uma série de presságios me mostraram que não era aquele velho caminho o meu caminho, que a mudança deveria ser feita, e aceitar o que nos é posto a frente, é um dos principais objetivos. O espírito, o infinito, o intento, seja qual for o nome que damos, não nos modifica a nossa caminhada, não adianta, é lei universal que somos o que queremos e nada mais, o que pode o espírito se não nos indicar, algumas vezes de forma clara, outras um tanto obscuras, mas indicar, apenas isso.

Eu vinha tentando consolidar respostas para uma série de perguntas, as velhas perguntas que assombram a humanidade desde o seu princípio. São chavões antigos, tão obscuros quanto as respostas que podem advir destas perguntas -  Para onde vamos; qual o objetivo da vida; existe algo após a morte.

Percebi-me, no entanto, que não eram estas as perguntas que me levariam a lugar algum, percebi com uma força sem igual, uma força que veio formando-se de dentro durante este dia, estes dias, estes meses, sem que eu entendesse o que ela queria me dizer. Procurei, por certo, em alguns velhos livros a resposta de velhas perguntas, mas sentia-me circulando atrás de meu próprio rabo, sem saída, porquanto não tinha nem uma entrada sequer.

Contudo, o espírito havia de me indicar a verdadeira caminhada que eu deveria fazer, e ele me indicou de diversas formas. Primeiro veio com sonhos estranhos, sonhos de um Egito antigo, sonhos de um antigo faraó e o sol, o sol nascente. Eu não entendia, mas começava a compreender que o intuito era a transformação, o início, o reinício eterno, sob novas premissas. Sabe amigos, as coisas parecem ser muito pessoais até este ponto e me desculpo por isso, verão a frente que não são, e são ao mesmo tempo, como a nossa verdadeira busca, que não deve ser pessoal, mas não deve fugir disso se quisermos encontrar as verdadeiras respostas.

O faraó que me fora indicado naqueles sonhos, era um faraó que, a despeito de tudo que lhe fora ensinado, de uma tradição antiga de anos e anos, tinha descoberto um novo caminho, tinha edificado uma nova crença, tinha acreditado na visão verdadeira que o espírito lhe tinha posto a frente, ele tinha dado o primeiro e verdadeiro passo na direção de entender os mistérios do universo, tinha aceitado acreditar.

Entendi a premissa, e entendi apenas hoje. Uma série de prenúncios juntaram-se para formar uma cena muito clara para mim, inicialmente de qual objetivo eu tinha que cumprir, na verdade eu tenho que cumprir. Meu objetivo era mudar, mudar em todos os aspectos de minha vida, tudo, espreitar e modificar cada ato, tornar-me novo, ter uma nova roupagem externa que refletiria a minha nova configuração energética interna.

Senhores foi então apenas hoje, nesta madrugada de silêncio, depois de tantos e tantos presságios, que a imagem formou-se. A grande pergunta e a grande resposta que todos temos resume-se a uma coisa apenas: nós mesmos.

Não imaginava que tudo seria tão simples, mas a energia que me guia, que nos guia, a voz do ver me falou da seguinte forma:

Todo o mistério que o homem tem em sua vida resume-se a ele mesmo. Não que o homem seja mais ou menos importante que tudo que o cerca, o homem é exatamente igual a tudo, um grande mistério em si. Todos que já leram alguma doutrina séria, algum ensinamento que tenha verdade ensina em seu princípio exatamente isso. E todo o resto que existe em qualquer ensinamento é apenas um desdobramento deste entendimento inicial. Não há nada mais a ser explorado, o ser e ser é o próprio mistério de tudo, pois o início o meio e o fim de todos e de tudo resume-se a este pequeno e infinito detalhe.

Nesta linha que busca o seu caminho em especial, fica fácil notar com detalhes tudo isso que te digo agora. O que são as grande técnicas se não a arte de despertar as suas faculdades? O sonhar é apenas descobrir dois lados seus, um adormecido, outro desperto. O que é você agora? Nada mais do que o sonho de seu duplo, assim como seu duplo é o seu sonho, são duas metades que raramente se encontram mas que fazem parte de uma mesma totalidade. Este é um dos limites a serem explorados pelo homem. O que é a espreita? É apenas a arte de saber envergar-se. O homem tem que saber os seus limites, tem que testar a si mesmo, o homem deve saber e conhecer cada parte de si, cada parte de seu corpo, a flexibilidade de sua mente, isso é espreitar, a arte de modificar-se, a arte de dobrar-se, é o que faz o homem ser tal qual um origami, onde uma folha de papel pode tornar-se tudo, bastando a isso a habilidade específica de dobrar o papel em certas partes. O homem deve conhecer o seu corpo, cada detalhe dele, o corpo que pode ser visto, o corpo que pode apenas ser sentido, tudo deve ser conhecido pelo homem. Bem como todos os músculos devem ser exercitados, todas as fibras devem ser exploradas, não existe razão para nada ser complexo se não pela possibilidade que a própria coisa tem de conscientizar-se sobre si. O universo necessita disso, de consciência, e o teste do homem nesta Terra é apenas este, conhecer-se.

Não existem limites para o homem além dos que ele mesmo cria. A predação do homem por seres externos só é possível com o consentimento dele, essa é a realidade, uma realidade dura de aperceber, mas uma realidade além de qualquer interpretação. Não existem chaves externas, não existem molas-mestras, não existem fórmulas prontas, além da fórmula primordial, que aponta o homem para ele mesmo, só assim os segredos do universo serão revelados.

Não existe mundo para você, não existe realidade para você se você não estiver vivo, se você não for, não ser.

Você constrói o mundo a sua volta, o mundo que você quiser, da mesma forma você destrói o mundo. Você quer mudar de realidade, gire o seletor de canais, de sua mão depende isso. Controle a sua vida, faça as mudanças acontecerem, preveja o futuro edificando o presente, tenha o seu destino em suas mãos.

Esta e apenas esta é a chave para a sua libertação, e esta chave está em suas mãos.

O Espírito não pode levar ninguém para lugar algum, nenhum aliado pode fazer nada por ninguém além do que a pessoa mesma faria, nenhuma planta de poder pode abrir as portas que você queira manter fechada. Tudo e possível, basta querer, a vontade é a chave, o intento.

O espírito mostra a direção,

Quem caminha é você.

O espírito te dá o caminho,

Você escolhe caminhar.

Não esconda-se atrás de portas,

Não espere aparecerem as chaves,

alguém te despertar,

Tudo está dentro de você,

Sempre esteve, só basta você olhar.

Assim senti uma onda de energia vim para dentro de mim, entendi o jogo do infinito. Ele dá as cartas, mas nós, apenas nós resolvemos se as usaremos. Não adianta está com o elo de ligação diretamente conectado ao espirito se não conseguimos transformar as presságios em ações. Não podemos esperar sermos levantados pelo espírito, nós temos que jogar o jogo da vida como jogadores ativos, atentos, impecáveis, isto é o que Don Juan falava sobre a impecabilidade, é a arte de estar atento, e dar o melhor de si em cada tarefa, sempre. Ter que acreditar é isso, pois só agimos na direção daquilo que acreditamos, não adianta experimentar, temos que dar o salto, de cabeça, sem medo, acreditar no que quer que aconteça e agir, agir como se aquela batalha fosse a última, pois sempre o é, sempre lutamos a nossa última batalha.

Devemos olhar ao nosso redor, esperar os sinais e quando eles vierem devemos seguir, em frente, sem medo de bater a cabeça, sem medo de errar, seja qual for a decisão que tenhamos que tomar. Assim, nos entregando ao espírito, conseguiremos o que desejamos, e revelaremos o maior dos segredos, que somos nós mesmos.

Não devemos começar as buscar por fora, devemos adentrar profundamente em nós mesmos, e responder a primeira grande, a única grande pergunta que pode mudar todo o rumo de nossas vidas: Quem é você?

Apenas sabendo as nossas forças, as nossas fraquezas, os nossos limites, cada detalhe do que somos, do que não somos, é que conseguiremos caminhar. Devemos nos explorar na totalidade, lembrando que o que sentimos, o que vemos, o que presenciamos fora de nós, é apenas um reflexo de como estamos, de como somos dentro de nós. Não é o universo que reflete-se dentro de nós, nós mesmos somos o universo, nós mesmos somos deuses, nós mesmos somos a personificação do infinito, do grande mistério, e revelar este mistério, pode ser a verdadeira liberdade que tanto buscamos.

Intento a todos.

Aos que sabem quem são, e os que ainda saberão.