Quando o sonhar se torna o despertar





Não sei bem o que acontece estes dias em que me permito ao isolamento em que sou. Me fora revelado ultimamente a minha ligação com o meu duplo energético e muita coisa foi revelada nesta relação que se abriu de maneira mais forte, haviam muitos entendimentos tortos, muitas pontas ainda não amarradas nesta relação de emaranhados de conhecimento que é a senda do conhecimento pela qual trilha o guerreiro, o xamã. Um ato de descoberta atrás do outro é a caminhada de quem se propõe a caminhar neste caminho. Claro, nada mais pode ser dito em certo tempo chegamos a um momento em que o conhecimento silencioso nos abraça e queremos apenas ficar imersos naquele silêncio. Contudo, sempre me achei um traficante de palavras e de conhecimento, sempre buscando romper as fronteiras entre o silêncio e as palavras, entre o verdadeiro conhecimento e a base na qual se funda o nosso mundo social.
Durante muito tempo em minha infância, minha adolescência, em minha caminhada pelas diversas fases temporais de minha caminhada, sempre me deparei com um guia, eu considerei-o em certo tempo como um anjo guardião, em outros como um aliado, outros como um mestre, em tempos de pouca crença eu já o havia considerado como um pedaço de mim. Não sei em que ponto que me apoiei mais solidamente, nunca me apoiei solidamente em nada a vida, nunca achei segurança na solidez, sempre desconfiei do que parecesse por demais sólido, a mutação constante me atraia, me atrai ainda hoje. Pois então que este homem que a mim se mostrava, como uma figura magra parecida comigo com certos aspectos de diferença, eu encontrava-me com ele em devaneios, em entradas breves na segunda atenção. Foi então que me encontrei em definitivo para encontrar-me com o verdadeiro conhecimento do que era aquele homem, e o descobri como parte de mim.
Foi em um sonho especial donde eu entrei em um dos muitos portais que estão abertos neste período de intensa força de mudanças energéticas. Não sabia eu porém que entraria em um mundo que me apresentaria certos grandes desafios e grandes mostras de certas mudanças que o mundo não quer ver. No mundo para o qual fui levado pelo portal vi na verdade um bando de pessoas doentes, assoladas pelo vício, dominadas pelo espectro máximo da dominação social sofrida pelo homem. Em seu livro o Mal estar da sociedade, Freud falaria sobre a fuga do homem a opressão da realidade quando refugia-se nas drogas, mas não estou aqui para analisar com a mente as questões da mente. Ali naquele mundo, na plenitude de minha energia eu via a verdadeira dominação, a escravidão pela qual muitos de nós são guiados, voluntariamente ou não, afinal a liberdade é também escolher manter-se agrilhoado, infelizmente o é. Ali naquele mundo que entrei vi pessoas chegando e sumindo como bolhas de sabão, eram energias efêmeras, que não conseguiam manter-se naquele lugar, sentia a agressividade daquelas pessoas, a sua violência extrema, causadas todas pelo vício que as dominava do crack. Ali naquele mundo quando entrei logo fui interpelado por um jovem dizendo para mim – Bem vindo a cracolândia. Senti a opressão do lugar, o garoto que logo me dava as boas vindas sumia rapidamente, como some o efeito evanescente da droga no corpo do viciado. A droga sobrepujando a vontade, pilar máximo que devemos manter para seguirmos acordados por nossa jornada. Pessoas vinham e me atacavam, me queriam pegar o que eu tinha, mas sumiam antes de chegar em mim, me pediam ajuda, dinheiro, energia, mas sumiam na brevidade em que apareciam, eram como bolhas de sabão, eu sorri e chamei ali no sonho de mundo das bolhas de sabão. O crack, droga criada pelo homem, formou um ser de dominação que das pessoas tiravam toda a energia, um ser em função de um ser maior de dominação, ali só maior existia os voladores a todo lado, sorvendo mais e mais a energia dos incautos seres agora como bolhas de sabão de percepção, embriagados pela movimentação do PA gerada pela droga, mas prisioneiros de uma maior prisão, perderam o domínio de si, e assim, mais insones que os insones são, presos e prisioneiros dentro de outra prisão.
VI aquele mundo e passei por ele sem maiores dificuldades, não me senti preso, não me senti ofendido, cada qual em sua caminhada tem o seu quinhão, de acordo com o que busca, de acordo com sua fé, de acordo com a força que empenha nos objetivos que acredita. Passei por aquele mundo, e a cada minuto naquele emblemático sonhar me via mais forte. Independente de que lugar estamos no mundo, de que forma nossa vida está, se somos ricos ou pobres, o sonhar nos leva a todos ao mundo de possibilidades que devia estar aberto a nossos olhos a todo tempo. Não existe prazer maior que o prazer de estar consciente, e não existe consciência maior do que a consciência do sonhar, do ensonho verdadeiro. Naquela caminhada cheguei a um entreposto, um banheiro que me parecia um portal entre mundos. Eu já estava na plenitude de minha consciência, sabia que estava sonhando, sabia estar dormindo em um colchão de minha casa, sul para norte na plenitude do fluxo energético do mundo. Sabia ser um sonho e no momento lembrei-me até de uma enfermidade que me acometera os olhos naquela noite. Antes de dormir meu olho direito estava tão inchado e vermelho que parecia um tomate, dormi assim sem encontrar o que me assolara os olhos. Na minha interpretação racional pensei ter um cisco caído nos olhos, na minha visão louca do nagual sabia que alguém havia me atacado por algum motivo e por isso não achava de onde vinha a inflamação no olho direito, nesta interpretação o ataque ao olho direito dizia para que eu imergisse na saúde do olho esquerdo, do nagual.
Pois então naquele entreposto chegou a mim algumas feiticeiras, eu sabia ser por saber, como são as coisas no sonhar. Ela tinha um espelho de mão nas mãos, emoldurado em uma haste azul, ela vinha flutuando sem tocar o chão, sorrindo, tinha cabelos loiros e cacheados, era bonita e emanava poder. Ela apontava o espelho para meu rosto de forma a não ver o meu rosto inteiro, eu focava apenas no meu olho direito. Nele eu via a vermelhidão com a qual eu fora dormir. A feiticeira dizia ter posto dois ciscos nos meus olhos, e que agora deixava que eu os tirasse, disse que de alguma forma isso me ajudou a vir a aquele mundo onde nos encontramos. Vi dois pontos nos meus olhos, ela dizia que ali eu não tina procurado. EU não entendia, pois lembrava ter acordado buscado no espelho em casa algo no meu olho. Mas ela dizia que eu não havia procurado em meu corpo energético, e sorria, partindo voando com sua companheira por onde havia vindo um lugar que não consegui acompanhar. Ela me deixou o espelho na mão de presente, eu sabia com o saber próprio dos sonhos que era um presente. Então uma das portas do local se abria para mim, um caminho que eu supus dever seguir e o fiz.
Naquele caminho eu seguia por uma estrada cheia de carros e pessoas desesperadas, agoniadas, loucas para chegar aos seus compromissos, eu estava cheio de energia, muito cheio como nunca estive. EU dava saltos maravilhosos brincando com meu corpo de sonhar, eu pulava grandes distâncias e caia afundando o chão onde pisava, era maravilhoso. Eu me sentia completo. Então que me vi refletido em um carro. A minha imagem era de um homem como sou, e por impressionante que fosse eu era tal e qual o meu anjo de outrora, eu era igual ao que sou hoje na primeira atenção, eu era uno, sonho, guia, desperto e isso me deu mais energia. VI meu duplo em detalhes e me vi como ele. Então pratiquei por algum tempo o passe de forjar o corpo sonhador, e entendi o que ele era. Entendi que o duplo de todos nós é perfeito desde o nosso nascimento, o nosso duplo é a essência de nosso nagual, então já nasce pronto e assim seguirá. Nosso tonal tem opções, geralmente ele é moldado pelo mundo social, através de nossos pais, professores, etc. Desta feita o nosso corpo físico cada vez se distancia mais de nosso corpo energético e quanto mais distantes estamos mais longe estamos da unificação de nosso eu físico com o nosso eu energético. Então entendi que o passe mágico que eu havia recebido não servia para moldar o corpo energético, que babaquice minha foi pensar isso. Claro, como o tonal poderia moldar o nagual. Entendi que aquele passe me ajudou a moldar o corpo físico para que se tornasse parecido com o corpo energético, e assim atingisse a minha plenitude. Isso que vi ali no sonhar. Na hora que me sobreveio esta imagem levantei o espelho dado pela feiticeira e me vi os olhos, eram como os meus próprios, vi meus olhos com grandes pupilas, como uma cobra pensei, e me vi como sou hoje, me senti forte e gritei no sonho intento, gritei de todo pulmão. Ali eu via uma pessoa olhando para mim e despertando, eu sei que a pessoa soube por breve instante estar em um sonho. Vi a sua energia brilhando, e via a energia do mundo de todos. Era impressionante, eu dava muitos pulos e quase voava, sentia-me forte e vibrante, eu era eu, total. Por um breve instante entendi que o corpo energético não chega perto de nosso corpo físico, e sim nosso eu, nossa percepção se volta para o eu energético, de alguma forma as formas física e energética se consolidam, e eu consegui este feito e me senti pleno. No sonho ainda bradei por muito tempo o nome de Dárion, mas ele não me ouviu penso eu. Mas eu estava feliz, pleno e completo.
Durante as noites que se passaram fui visitado por entes, velhos amigos da segunda atenção que me felicitaram pela conquista, eu passei uma semana tendo sonhos seguidos, lúcidos e todos os sonhos haviam pessoas me felicitando por ter consolidado o eu físico com o energético, entendi o que mudou em mim, tudo, hoje sou outro, na verdade pela primeira vez na vida após da dominação pessoal que sofri, hoje sou finalmente eu.
Não consolidei ainda as mudanças, sinto ainda estar em uma fase de transição, mas sinto ter dado um gigantesco passo. Há pouco eu dormia e entrei em uma floresta densa, eu estava alegre e consciente, e mais uma vez via que mesmo diante de tudo que pode nos assolar neste mundo, a porta da percepção está sempre aberta no sonhar, e sempre, sempre que quisermos seremos bem vindos naquele mundo, o verdadeiro mundo por detrás de nossa tão sólida realidade.

Luz, paz, intento.

De seu amigo corvo branco, o vento que sussurra.

Comentários

  1. Para quem chegar esta mensagem estarei hoje conectado ao intento das mudanças deste ano de 2012. Será hoje 12-12-2012 as 10 horas da noite, a hora do intento.

    Luz, paz, intento.

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  2. Hermano Vento
    sou testemunha de tua determinação. Recebestes o que te é de direito por merecimento conquistado. Sei o quanto batalhastes para isso.
    Dárion 13/12/2012
    i

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    Respostas
    1. Caro hermano, agradeço profundamente pela companhia nesta caminhada, o caminho é isto, uma composição da paisagem, do tempo, das pessoas que encontramos, a soma de tudo é o que faz o caminho ser exatamente o que é, o caminho, um lugar fabuloso para estarmos, um lugar onde sentiremos saudades quando chegar a nossa hora de seguir. O tempo de mudar esta chegando, e estamos preparados para as mudanças, mas serão mudanças energéticas e espirituais e não o cataclismo do mundo, o fim dos tempos. Talvez voltemos a era em que será o fim do tempo, em que não seremos mais prisioneiros do tempo, e seguiremos com o fluxo livre do universo.

      Luz, paz, intento.

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  3. Felicidades, irmão sonhador! Um grande feito você realizou. Nestes tempos de mudança, não há nada mais belo e melhor do que estar consciente, do que se consolidar com consciência e propósito. O feito foi merecido, é fruto da sua impecabilidade. Fico muito feliz contigo, amigo.
    Muito obrigado por tudo, muito obrigado por nossas conversas de poder e pelo intento inflexível que tens, que sinto todos os dias às 10 horas, como um poderoso grito do fundo de meu nagual, sinto tua energia.
    Nos vemos no ensonho, irmão!
    Intento de luz, paz e consciência.

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  4. Creio que estou atrasado, mas também quero dar meus parabéns, o triunfo de um guerreiro é um triunfo do espirito e por tanto uma alegria e um estimulo para todos os guerreiros. Apesar de nao ser impecável o suficiente como para ensonhar frequentemente,mesmo assim através de manobras que envolvem o despertador do celular e outros artificios ensinados nos livros de C.C. e A.T, já tive o suficiente para pelo menos saber do que se trata e sempre que fico sabendo de guerreiros que estao vivendo estas realidades fico muito entusiasmado. Tenho citado o blog no forum sociedad nagualista como Remolino.Grande abraco.

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