As palavras de Tula






Caros caminhantes, estava em uma noite quente, assistindo a um programa qualquer de televisão, quando um sentimento de uma tristeza intensa sobreveio. Comecei a sentir um frio intenso, mesmo diante do calor, sabia que estava em um momento de trocas energéticas com algum ser. A tristeza me remeteu às lembranças de uma jornada durante uma noite destas em um mundo diferente. Senti uma opressão me mandando que eu escrevesse algo, como se uma mensagem fosse consolidar-se em meu computador. A mente, sempre inconstante, queria deixar para escrever no outro dia, depois, pois já eram meia noite, e não tinha condições de escrever. Mas de um impulso levantei e liguei o computador. Não sabia o que escreveria, e ainda não entendi completamente, mas sinto que devo compartilhar. O entendimento há de vir com o tempo. Coloquei a parte em negrito abaixo quando eu ainda escrevia os sentimentos de forma racionais, que me percorriam a cabeça, com perguntas que deveriam ser feitas, e logo veio uma enxurrada de palavras que apenas deixei que fluíssem, à vontade, de acordo com o que devesse ser dito. Divido com todos estas palaras, muito especiais e emocionantes para mim.

Forte intento a todos.

Onde está a verdadeira mágica do mundo? Aonde esconderam a magia que está na vida a todo momento, e a quem ou ao quê interessa que fiquemos presos a este mundo de objetos? Porque essa vontade que me assola, que me deixa triste ao ver a prisão de objetos que nos cerca? Relegaram os seres mágicos aos filmes, livros, fantasias pessoas, relegam a parte mágica do mundo à fantasias de um mundo infantil, que deve, obrigatoriamente ser deixado para trás a medida que somos adultos, baterias funcionais para manutenção de um sistema que oprime, que condensa a todos em uma vala comum de pensamentos, reações, visões, condicionamentos de toda a sorte para toda a vida, a caminhada tristemente reduzida a passos impostos de acordo com a conveniência do mundo de objetos que nos cerca a todo instante.


O mundo continua como sempre foi – me respondeu a voz. Nada mudou desde os primórdios da existência, pois a existência é um lapso temporal de não definição em termos de tempo e espaço. O mundo é o mundo, o que mudam são as interpretações. O processo de envelhecimento que parece existir não é um processo temporal, é mais uma maturação ou modificação de um ponto de vista sobre o mundo existente. O mundo é exatamente igual, desde criança até a fase adulta, até a morte de uma pessoa, o mundo não muda em nenhum centímetro o que é, mas muda-se, ao longo das passadas de uma pessoa pela linha da sua existência, a sua forma de ver o mundo. Um livro nunca é o mesmo livro quando lido pela segunda, pela terceira, pela quarta vez, a cada momento algo atrai o leitor, um aspecto da vida dimensiona de forma diferente o agrupamento de palavras que se forma, e a especial atenção que se dá a cada fragmento da leitura. Assim é a vida. Se em uma caminhada por uma bela estrada um dia se percebe com mais força a beleza das montanhas no horizonte, outra vez quiçá beleza das nuvens sob o céu azul será notada, e outras tantas uma lembrança o fará nem perceber a passagem pelo lugar. Nada mudou naquela passagem, se não o ponto de vista do observador. Que bom se entender a primeira resposta do que perguntaste, pois a magia continua ai, desde os tempos remotos até hoje, se pensar em linha temporal, desde os confins do universo até o quarto de sua casa, se pensar sob o aspecto espacial da questão. A única mudança é do ser que observa e isso faz toda a diferença.
Importa saber que interessa a muitos seres essa questão. Importa aos homens animais como as vacas, como as galinhas que não saibam de seu mundo de prisão, onde são apenas ração para a alimentação diária dos homens. Importa por demais ao homem manter esses animais em suas ignorâncias que vivem. Importa porque subjaz ao homem a ideia de que são esses alimentos que sustentam a sua existência. Se houver alguma forma de que se elimine a ignorância destes seres, não será ela dada pelos homens a estes animais, sob o manto do medo de que, a ausência da dominação faça com que haja a extinção humana. Importa ao empregador que os seus empregados não saibam, não tenham o esclarecimento de que são explorados. Importa ao mundo dos poderosos que os pobres, medianos em termos financeiros não acordem para a ideia real de que são explorados diuturnamente em sua essência apenas para manter o mundo dos poderosos. A maioria das pessoas passam grande parte de sua vida exaurindo-se em trabalhos e ações que não lhes trazem prazer, apenas gerando o suficiente para a sua subsistência, e mantendo-se afogados em preocupações diárias acerca do que será o dia de amanhã, sempre no limite de seus esforços para garantir a sobrevivência. Manter a grande massa assim, faz com que os que são mantidos por estes explorados permaneçam nas condições de benesses que vivem, sempre com opulência, tempo de sobra, prazeres que querem ter, tudo por conta do explorado. Sempre existirá um explorado, desde que existam exploradores perto destes. O nível de igualdade afasta tais existências predatórias, mas este nível por poucos é alcançado. A instabilidade do sistema da terra é feito para que eventualmente alguns explorados subam ao nível de exploradores, e assim mantém-se a ilusão de que essa cadeia não é estática, e sim móvel, e que todos têm igualmente chance na vida. Entre uma vaca que passa a sua vida a receber alimentação - em regime de engorda, para fornecer leite para os seus opressores, mantendo-se viva, nos limites estabelecidos -, e um homem que vive a sua vida de casa para o trabalho, de modo a manter a alimentação e insumos mínimos, sem o tempo sequer de conhecer-se não há o que se falar em muitas diferenças, a não ser que a vaca não tem contas com que se preocupar. Mostrar a magia da vida, e deixar que se revele o sentimento de liberdade dentro de cada um é pernicioso ao sistema, e poderia fazê-lo ruir. Quem são os líderes espirituais todos que gracejam acima dos fiéis que neles acreditam, vivendo de suas rendas, postando-se como superiores e iluminados, impondo o ponto de vista de instituições seculares sobre os demais se não opressores de um sistema de dominação. São pastores antes de tudo, e postam-se e vangloriam-se deste nome inclusive, para colocarem-se como superiores. O que pensa ser o pastor para as suas ovelhas, se não o que determina os caminhos, que vela pela segurança do rebanho, e que inevitavelmente alimentar-se-á dele quando a fome, o frio ou o capricho a ele requisitar os sentidos? Todos são assim, todos que propagam e vivem de fiéis que acham-se inferiores, todos aqueles que mostram-se como superiores, todos estes estão já vendidos pela feitiçaria dos antigos, esta que mantém o mundo como é.
Se pensar que são aberrantes os seres de sombra que aqui estão e aqui ordenham a cada instante o quinhão que acham ter posse sobre a energia dos homens, pensem nos próprios homens, irmãos desta geração e de tantas outras, que venderam-se para serem os porta vozes destes seres aberrantes neste mundo. Questionaram-se sobre as instituições seculares, e porque que o que pregam, em séculos e séculos não mudou o mundo, ou trouxe nada de novo ou bom por estas terras?
A cada vez que aparece um homem que encontra a verdade, que rompe as correntes, e que vence o inimigo único da ignorância, lhe retirando o manto do medo, sorrindo de sua face alva e brilhante de luz que cega, e zombando de sua barganha oferecida de poder, todo este que vence o tempo, entendendo este não existir, retirou as quatro vestes do inimigo, e assim quebrou em definitivo os elos da corrente do mundo. Quando isto acontece, este ser iluminado, seja aonde for, fala as palavras da mesma verdade, e delas não nutre-se, e por elas não domina, e elas não retém ou cobra preço algum que seja, torna-se tal e qual um encanamento por onde livre flui as palavras que a todo tempo circulam pelo universo infinito, que se chamam verdade. Mas toda vez que um acorda, mil diferentes achegam-se ao seu lado, e aguardam a sua partida. E pegam as palavras e as usam de sua forma, vírgula aqui e vírgula ali mudam as frases, e os sentidos, e os verbos, e liberdade vira castidade, e paraíso vira sacrifício, e tudo se refaz na feitiaria antiga da dominação. Enquanto nenhum justo homem que encontrou a verdade postou-se sobre os demais como pastor, como guia, todos os que usam a palavra daqueles que se foram, postam-se como tal, e como tal usam a força de dominação, da barganha, do medo, da luz fulgurante da mentira para com os quatro vencidos pelo iluminado, vencer o derrotado. Assim segregam legiões de homens da verdade que um atingiu, e usa o nome do um, que sempre virá de tempos em tempos, para levar a ruína dos muitos oprimidos que estão ai, sempre pouco atentos.
Cada vez que move-se mais para dentro da verdade, menos compreendido torna-se o que caminha distante dos montes claros da dominação. A tristeza do iluminado que segue a sua jornada diz respeito à distância da concordância que exige o mundo em que todos vivem. A mágica continua ali, dançando como o fogo crepitante sobre a madeira seca, mas não percebem as multidões. Por gerações feiticeiros antigos de toda sorte usaram de sua alquimia para forjar armadilhas para prender o homem em sua própria salvação.
Mover-se para dentro da verdade traz a tristeza, tanto quanto mais triste pareça, depois de uma visão, mais perto da verdade chegou. A verdade traz a tristeza, é semblante comum nos iluminados todos, antes do sorriso verdadeiro da libertação, a tristeza da constatação da verdade. Triste é ir distante, é saber profundo, e voltar ao raso necessário. Enquanto dentro desta veste de vida, o raso é sua morada e o profundo é apenas uma breve jornada, constante à medida que se segue a andança, mas finalmente e apenas tocado em sua plenitude, quando já entendido todo o raso da caminhada. Enquanto volta-se tristonho, quando vistes a visão real, e descobristes mais uma face da dominação, entende que estás a flutuar pela vida, e pairando como uma borboleta entende o voo da vida. Por todas as profundezas que há, necessário se tornam os desafios, e todos os inimigos, de todos os tempos, são os amigos da evolução, e mesmo sem o saber, traçando o destino funesto de multidões, traçam de alguns poucos a meta suprema do destino eterno de todos os seres, até de si mesmo, que para o sacrifício abriram mão.
O primeiro depois de um iluminado de teu tempo foi visto por ti. Se daquele iluminado, que até hoje cantam salmos, vistes a luz, vistes que despiu ele as quatro vestes do inimigo, deste que viu percebeu a cooptação. Deste que foi a pedra sobre quem erguer-se-ia, deste que chamam Pedro, era na verdade um antigo feiticeiro, dos tempos antigos deste mundo. Vendo com os exércitos ao seu lado, que um ser daquele tempo atingiu a libertação, usou os ensinos daquele homem para traçar um caminho torto para sugar mais ainda dos irmãos. Preso no destino, no mesmo redemoinho dos antigos, este que era a pedra ergueu como tantos outros a devastação. Um império que tinha como mote, transfigurar as quatro vitórias do velho andarilho, em quatro derrotas para os homens desta nação. Ergueram-se e vistes em tua fronte, na energia daquele, o que já foi em outros tempos, e o que foi em outras nações. Já foi deusas e demônios, já foi iluminado e caído, já foi cada coisa que se tenha tido, para manter o povo no medo, na ilusão reluzente da riqueza, na torpeza da arma do poder, e no desvio incontinente do pensamento de ser imortal. Assim ele dominou povos, e ainda hoje os domina. Mas não faça-se triste por isso, é uma barreira necessária para a necessária evolução.
Daquele que abandonou o ouro, daquele antigo que nasceu dentre o poder, este que despiu-se das vestes de objetos para adentrar no inenarrável. Este que andava entre os homens, e divulgava o caminho, comendo do que lhes davam, este que de igual identificava-se com todos, também teve seus mil seguidores, fiéis, que junto a ele buscaram despir-se dos quatro cantos, mas dentre mil, cada qual atraiu mais mil, e nas noites claras de luz do luar, o mesmo plano erigiu-se, da dominação entre tantos.
Assim aconteceu, assim acontece. Entre tantas e tantas coisas que cercam este mundo, todas são igualmente desafios, dádivas, tantas são inimigos e amigos necessários. Das lições dos novos que disseram que nos inimigos encontrar-se-á a força dos maiores amigos para a vitória de perceber a verdade, tirar-se-á o entendimento de que a mágica é entender a prática que é viver. Que viver é encontrar a verdade, e pela verdade não cair assustado, ou não sucumbir deslumbrado, ou não aceitar o pecado e tudo isso sem ficar arquejado. Se estas quatro vestes tirar, terá encontrado da vida o verdadeiro relicário.
Não fique triste vento, a verdade entristece, é fato, mas a liberdade engrandece o fato da vida não ser apenas um ato. Caminhe e deixe para trás os passos que ficaram, entenda o mundo, mas não sucumba ao entendimento, caminhe pelos universos infinitos mas não esqueça a sua terra. Nadar na superfície é o teste desta vida, a profundidade é apenas o treinamento para o que estar por vir, mas este nunca existirá sem que exista a presença no agora.

Comentários

  1. Buenos dias Hermanos
    de quatro em quatro minutos sofremos ataques de ondas de sentimentos provenientes de outros planetas. De modo que em uma hora somos assolados por 15 estados de espirito difentes como alegria, raiva, tristeza, compaixão, tudo isso nos assola durante o dia. Porém o guerreiro filtra essas ondas e seleciona as que lhe são mais apropriadas de acordo com seu temperamento.
    Kawak 08:17 23/09/2013

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  2. No estado de consciencia intensificada (com o dialogo interno parado) podemos identificar uma dessas ondas que possui um estado NEUTRO. È esta onda isenta de sentimentos que os Guerrerios agarram e com ela entram mais profundamente no silencio interior.

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  3. Vivemos muito pouco no "aqui e agora". Ficamos oscilando entre o futuro e o passado e nos esquecemos do presente.
    Vivemos cheios de preocupações e nesse intervalos inventamos distrações, passatempos para gastar uma coisa que temos muto pouco em nossa curta existencia aqui nessa Terra: TEMPO.
    Kawak 08:30
    ]

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  4. Podemos influenciar nossos estados de espirito com agentes externos como por exemplo a musica ou um lugar escolhido para tal.
    Kawak

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  5. Vivemos presos ao mundo dos objetos satisfazendo os desejos a forma humana.Assim a condição humnana a que foi reduzida pelo incessante apego as coisa materiais. Devemos reduzir a zero nosso apegos caso queiramos evoluir. Não quero dizer que não utilizemos as coisas, só não podemos nos apegar a elas.
    Kawak

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  6. Lembrei-me de uma frase de Don Juan:
    "A mesma energia que você usa para tornar-se fraco você poderia utilizá-la para tornar-se forte."
    logo podemos mudar nosso estado de espirito.
    Kawak

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  7. Don Juan também tinha um remédio para quando sentimentos estranhos nos invadissem,
    aconselhava que girássemos o olho esquerdo em sentido horário.
    Kawak

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