Um breve voo
O mundo é sim um sopro, uma lufada de ar de uma força que a
tudo gera. Quando nós em nossa individualidade fomos soprados por esta força
única, pairamos e caímos em algum lugar, um berço que se chama Terra. Nesta
alguns esqueceram-se que a lufada de ar ainda continua, e quando ela cessar
chegará o nosso tempo de seguir. Alguns, no entanto, abrem as asas no meio
desta lufada de ar e permanecem voando. Se a vida é uma lufada de ar temos que
ser leves como penas, para não cairmos. Perder essa corrente de ar que segue é
entregar-se à estagnação. A vida é realmente um sopro efêmero, breve, mas o voo
pode se maravilhoso, grandioso. Se se for, poderemos encontrar correntes de ar
mais altas, mais fortes, e outras e outras...
Só assim podemos permanecer - não será nunca perene o voo,
nem a corrente de ar que seguiremos -, mas a impecabilidade fará com que o
guerreiro em seu voo, sabendo da efemeridade de cada corrente de ar, saiba
estar atento, e nunca cair. Ao cair, chegando ao chão, será apenas mais um grão
na terra, coberto por outros, soterrado entre tantos, voltando ao mar revolto
da criação, inerte. Grão parado e morto, soterrado. O movimento é a vida, o voo
a magia, a inércia o fim de tudo.
Ser leve é abandonar-se de tudo que pode prender ao chão.
Sentimentos assim o são, nos deixam inertes, parados por sobre uma criação
mental. Ali, soterrados pelo passado, aqueles dominados pelo sentimento ficam, regurgitando
e alimentando-se de suas lembranças, parado em sua caminhada. Importar-se é
assim, quem se importa estagna-se de alguma forma, importar-se é prender-se a
algo. Quem caminha percebe que para melhorar ao seu desempenho precisa estar
leve. Mochilas, bolsas, adereços não são necessários, atrapalham a jornada. As
roupas sociais que se incorporam, parecendo o próprio corpo do caminhante, só
impedem a livre jornada.
Passar pela vida é ser leve, não deixar as marcas em nada,
não prender e nem deixar ser preso. Voar livremente é algo que só pode ser
feito quando se está só, e se sente a completude de estar sozinho neste mundo.
Olhar ao redor e ver que independentemente do que tiver, onde estiver e ao lado
de quem esteja, é exatamente igual quando se está completo.
Hoje por alguns minutos lembrei a maravilha que é estar só. Maravilhoso é estar só, pois olhando ao redor
percebemos que tudo está ali, o infinito está ao nosso redor, nos abraçando.
Estar completo consigo é poder contemplar estes minutos que a muitos parecem
como solidão, minutos de total completude.
Que grande graça é perceber que ainda pairamos sobre as
correntes de ar, saltando de uma em outra, seguindo o fluxo. Que grane benção é
perceber que estamos aqui, então ainda não chegou a nossa hora de partir. Que
grande dádiva é sentir-se completo. O que pode ser tirado de um homem que se
sente completo?
O resto é tudo efêmero, afora o voo que fazemos, todo o
resto são correntes que iniciam-se e cessam, que se avolumam e que abrandam-se,
que mudam enquanto nosso centro permanece o mesmo, apenas observando essa
totalidade que nos cerca.
Chegara a hora em que seremos testados, seja pela inércia de
estar carregados e inertes no chão, quando estes serão soterrados, seja pelo
quão alto terão chegado outros, e prontos estejam para continuar com as asas da
liberdade agora totalmente abertas. Todos serão tragados pelo inevitável esquecimento
do tempo – cedo ou tarde suas lembranças se apagarão -, e ai estarão prontos,
livres das últimas correntes, para a total libertação. Uns serão terra no piso outros
asas abertas nos confins desta imensidão.
Hermanos Guerreiros Buenos dias
ResponderExcluirque sincronicidade incrivel. Sinto que este fim de semana consegui abir as asas da percepção, não tinha como provar nem para mim esmo então quando chego aqui e encontro essa confirmação através de Hermano Vento.
Mui grato, mais uma vez fostes mensageiro do Espirito
Alveranga
19/02/2015 08:58
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