A consciência e a percepção no caminho da iluminação
A vida em si é
um ato de consciência, ou deveria o ser. Essa é a ordem primeira da criação,
que cada ser nascente em sua caminhada até o poente seja fogo vivo de
consciência, ampliando os horizontes do universo em sua eterna expansão. A vida
flui por todos os aspectos da existência, e vida não é pulsar de um coração,
sangue fluindo nas veias – vida é acima de tudo percepção. Perceber é estar
vivo, e não o organismo, como pensam os reducionistas cientistas de nosso tempo.
Por isso já não importam mais as definições, a quem chega neste perceber, de
que vida é ser biológico, é organismo ou não – vida é perceber, repito mesmo
por querer. A vida está para além da matéria, a vida é o próprio fluir da
existência na linha de tempo e não tempo, em atos conjuntos de perceber. O que
é o universo senão a soma de finitas percepções de seres, diversas, inversas,
transversas? Vida é o fluir da percepção. Mas perceber é o primeiro passo,
saber estar percebendo, e as várias formas de se perceber é a consciência.
Ao caminhar
desperto, ou o que se convencionou assim chamar, muitos estão absortos em
pensamentos, e pensamento não é perceber! Dizer isso pode parecer afronta ao
corrente dizer de que pensar é existir, mas não o é – persisto em dizer, viver
é perceber, e estar consciente da percepção, agora acrescento. O pensamento é o
contrário de existir, o pensamento é sub-existir, é existir abaixo do que
deveria ser a existência. O pensar afasta do viver, da percepção direta. Ao
olhar algo, pegando a antena da visão como exemplo, o primeiro acontecimento
claro é o de perceber, vê-se algo, percebe-se algo, miríades de energia,
conglomerados de pontos, claros, escuros, de cores que são transportados para o
ser percebedor que o coloca em recipientes conjecturais. O pensamento está
louco para emergir nesta hora primeira, mas não o faz. Inicialmente um
inconsciente, uma força coletiva, um consenso se faz muito forte, será aqui
chamado de primeiro anel de poder, este anel aprisiona a percepção em uma
forma, dentre as estantes de catálogos sociais daquele meio. De forma que é
possível perceber de infinitas maneiras mas catalogar apenas de maneira finita.
O que caminha desperto percebe desta forma e vê o nascimento de um movimento de
mente, a mente enfurece-se, cria-se uma ira interna, pois perceber sem
catalogar não deve ser possível, e com a mente irada se forma uma mente-ira
social. A árvore observada, miríades de luz, ser percebedor é transformada
apenas em uma árvore, de um determinado grupo: favas de bolotas, cajá, caju,
jaca, etc.
Neste primeiro
ponto o percebedor enclausurou a percepção em uma das infinitas opções dentro
de determinado anel de poder. Aos grupos de feiticeiros, cria-se um segundo
anel, um âmbito de catalogação diferente, que ainda assim não abarca a todas as
possibilidades. O percebedor que tem dois anéis de percepção disponíveis para
si vê a tal dita árvore como as catalogações sociais e também como ser orgânico
de luz, conglomerado de energia aprisionada em uma determinada forma, mas ainda
assim é catalogação. Ampliou-se o catálogo mas ainda é um catálogo.
Estar
consciente desta catalogação é possível, bem como é possível romper ao
paradigma do “penso logo existo”. O percebedor pode romper o primeiro fluxo de
aprisionamento perceptivo, e percebendo em silêncio, com a técnica correta da
contemplação, verá miríades de luz, ele estará “vendo” e não vendo. A diferença
é o intermediário da mente. No “ver” energia não se tem o intermediário mental,
em nenhum nível, apenas recebe-se e percebe-se, sorve-se aquela energia, e o
fazendo o percebedor verá que ele é de alguma forma o ser percebido, e
conseguirá acessar a essência daquele. É como olhar-se no espelho, pois no
centro todos os seres, qualquer que seja o observador e o observado, são a
mesma coisa!
Mas voltando ao
pensamento, ele se forma após a catalogação de forma mais forte. Quando o alvo
observado pela antena sensorial, no exemplo dado a visão, é colocado na estante
correta dentro do primeiro anel de poder, começa-se uma série de processos
mentais de absorção. Ai está o verdadeiro e concreto perigo. Ao observar e
catalogar apenas, o observador monta o quebra-cabeças do mundo da forma como
foi socialmente concebido, e ponto. Observa energia e a cataloga como árvore,
céu, pássaro, etc, de forma a poder ajudar na própria manutenção da realidade
como ela é. Quando se reflete sobre o ser observado após catalogado uma série
de ligações mentais são feitas.
A absorção da realidade
acontece no ponto em que se reflete, se ecoa, se prende em uma percepção ou em
um conjunto de percepções-pensamentos, neste ponto a isca foi jogada e o peixe
fisgado. A mente precisa de atenção, e capta a atenção desta forma, comparando,
criando mundos mentais completos, absorvendo o observador nestes processos que
o distancia da realidade. Muitos ligam uma primeira imagem a um pensamento, que
se liga a outro, e mais outro de forma que perdidos no pensamento a pessoa não
mais existe mais sub-existe, penso logo sub-existo. Porque isso? Quanto mais a
pessoa está presa em reflexões em conjecturas
mentais mais entra em uma espiral, a sua percepção é jogada encima de
algo que não existe, mas é criação-ilusão, e assim o sendo há uma redução da consciência
total, perdido na espiral o já não
observador liga externamente um piloto automático, vira externamente um robô social,
apenas agindo mecanicamente.
Quantos já não
viram pessoas absortas em pensamentos, com o olhar distante, perdidas, estão
ali e não o estão, fazem alguma tarefa e não o fazem. O piloto automático e
aquele olhar perdido é drenagem da mente da atenção. Os que pensam desta forma
não existem, ou quase não existem, são espectros de vida. Aquele que observa
uma árvore, tendo ela sido catalogada, e faz uma ligação da árvore com um amor,
com um passado, nesta onda começa a entrar na espiral, “como seria se tivesse
feito diferente” se pergunta, “como era bom este tempo” compara, “se eu tivesse
outra chance” pragueja e assim deixa de perceber a realidade que o cerca. Apaga
os receptores e reduz a sua consciência, torna-se apenas um morto-vivo,
mecanicamente agindo pela Terra. Olhando ao redor é fácil perceber tal atitude,
quase que convencionado as ferramentas de apartamento são muitas, agora os gadgets
são mais um instrumento de introspecção e apartamento da realidade – quanta evolução!
Entender os processos
percebê-los é algo que faz com que eles mesmos sejam ceifados em sua origem.
Perceber o ato de catalogação é um passo mais profundo, passo inicial é romper
a comparação e reflexão. O treinamento para isso se chama refinamento
perceptivo ou como já chamaram contemplação. A contemplação é apenas observar
os objetos ao redor, deixar que sejam catalogados, mas não se prender a
reflexão que pode gerar cada um deles. Observação > catalogação >
reflexão > espiral de pensamentos. Rompendo cada um destes se chegará enfim
a essência da observação, quando se contempla na essência de cada coisa se tem
a percepção total dela para além da catalogação e isso é “ver”, que está além
de perceber, é um perceber consciente, ou como dizem na cultura oriental “atenção
plena”.
O treinamento
para o refinamento da percepção se dá na meditação, no ensonho. No ensonho ou
na meditação profunda o sonhador utiliza-se da percepção energética para “enxergar”
o universo. Percebendo e catalogando da mesma forma todas as coisas. Contudo no
sonhar as coisas são diferentes, quando se observa algo e se deixa atrair por
aquele algo, de forma a gerar algum pensamento, essa imagem atrai o sonhador
para outra cena muitas vezes o fazendo, nesta transição, perder a consciência e
o controle do que faz. No mundo cotidiano a pessoa que se deixa absorver entra
em um estão robótico, no sonhar ela é atraída para outro mundo. São
refinamentos perceptivos. Muitos não pensam porque dormem longas horas durante
a noite, até mais do que o preconizado, e mesmo assim acordam cansadas,
fatigadas, como se passassem um mar de lutas.
Para muitos o
sonhar é apenas um campo de ordenha energética. Um local onde entram e ficam
horas e horas apenas no porão das lembranças, apenas vivendo da mesma forma que
vivem as suas vidas cotidianas, refletindo memórias, refletindo o inexistente,
e com isso perdem energia, consciência, são sugados em sua essência. O dormir
se torna ordenha pois é o mesmo movimento enfadonho dos dias, são fragmentos do
passado revividos, é como comer todo dia uma comida requentada. Acordar cansado
é o reflexo de tais atos, que se tornam cíclicos, que levam a depressão, à
criação de robôs sem energia, pessoas cabisbaixas nas ruas, tristes, sisudas,
enraivecidas e principalmente inconscientes do que são e de suas possibilidades
de ser.
O exercício de
estar vivo é o exercício de se estar consciente de todas as possibilidades
perceptivas. A atenção plena a tudo que se faz é essencial, pois ai está a
verdadeira liberdade. Pensar pode ser viver sim, e ai refutaremos a tese
colocada inicialmente pensar pode ser feito de forma consciente, e não ser uma
aliterada reflexão do passado, o alternado esquentamento da marmita de anos
atrás. Ter consciência é perceber esses processos, é buscar a evolução do
momento presente, no momento presente onde a vida está a vida brota. Percebendo
as árvores, no momento inicial, mesmo da catalogação, pode ser verificada a
natureza que é a própria arte criativa infinita. Nunca se verá uma árvore igual
a outra, todas únicas em sua singeleza, nem mais bela nem mais feia. Só o
universo criador é capaz de tal façanha, e o universo criador não é refletidor
e sim gerador. Os postes de luz feitos pelo ser humano são objetos da
repetição, da ordem social, do primeiro anel de poder, das catalogações finitas
e limitadas do pensar humano. Um poste, por exemplo, se observado será igual ao
outro e ao outro, em repetições infinitas, por objeto da mente repetidora,
distante da fonte criadora. O universo não é repetição é criação, e a reflexão
é o mar que aprisiona na repetição.
Que a
consciência e a percepção façam o sagrado matrimônio na vida dos seres que
buscam a sua iluminação.
O caminho das pedras...Parabéns!
ResponderExcluirHermano Vento que sincronicidade incrivel temos estava vendo justamente essa parte do primeiro circulo dos feiticeiros.
ResponderExcluirAlveranga
07:43 16/03/2015
olá meus caros!hj vim com uma pergunta que talvez fuja um pouco ao tema da postagem mas que julgo pertinente de alguma forma...sobre a alimentação no caminho do guerreiro! pensando claro como uma pessoa comum sabemos que uma alimentação variada e balanceada é fundamental para se ingerir as vitaminas e demais substancias para manter nosso corpo... mais no quesito comer carne.... é realmente tão deletério assim para nossa saúde física e espiritual como pregam alguns vegetarianos ou isso não seria um exagero...?? o ponto é , ao consumir um frango de mercado por exemplo, eu realmente estou de alguma forma absorvendo a negatividade e o sofrimento do animal que morreu ou isso é frescura e exagero?? sei lá . isso afeta de fato a energia do guerreiro, ou ele é imune a isso devido a sua consciência que os fatores que levaram aquele animal a estar disponível ali no mercado é totalmente alheio a ele ??? que acham? essa questão da carne anda me preocupando..kkk quero manter uma vida e uma alimentação saúdavel . e sinto que carne naão me faz mal... mas uma série de pessoas estão tentando me convencer a largar o consumo..srsrs vcs como guerreiros consomem carne?? kkk gratidão!
ResponderExcluirDe antemão falo que tudo é uma loucura controlada, também a alimentação, o que importa não é oque se alimenta, mas a forma como se alimenta. Pergunto se Don Juan deixava de comer carne, ou Castaneda? Já fui vegetariano mas hoje não o sou, me alimento seguindo a loucura que me apraz, ou que o espirito assopra para mim, escutando o meu corpo. Aliás cabe perguntar se para o guerreiro há diferença entre a consciência de uma planta ou de um boi? Já respondo que não, são seres conscientes de consciências diferentes, cada qual à sua forma, então se alimentar de uma planta ou de um animal é alimentar-se de consciência e o universo é assim, predador. Só o temos que fazer com respeito e consciência em nossa caminhada.
ExcluirAqui falo algo sobre isso: http://inconfidenciaguerreira.blogspot.com.br/2012/09/fortalecendo-o-tonal-forjando-armadura.html
Concordo plenamente com vc Vento.... acredito que o comer seja uma forma de dar poder ao corpo e isso se faz ouvindo o próprio corpo..saber o que de fato vai energiza-lo... eu particularmente acho que não conseguiria manter minha disposição comendo apenas coisas vegetarianas ..mais enfim ...tudo é mesmo uma loucura controlada..e equilíbrio e respeito faz muito bem a consciência.... Gratidão por compartilhar...
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