Reflexão sobre a religião




Não há religião que seja verdadeira que não seja
uma religião que exista para fora da igreja, para fora da interlocução do fiel com Deus. Pois desde o fiel com Deus, não se torna possível saber se a resposta dada as perguntas do fiel é de Deus ou da própria mente que o ilude.


Não se pode saber se o êxtase religioso não é um gozo ilusório, não sozinho, não na igreja, não no templo.

Só é possível conhecer a resposta de Deus no outro, naquele fora da igreja, na dificuldade do que não pode ir ao templo, na vida do não fiel, no labor e na luta dos que, por meio do suor e das lágrimas, do sofrer, representam em si o sofrimento próprio do existir.

Toda religião que não leve o fiel a sair do templo e buscar o outro, a ouvir mais que falar, a buscar as respostas de Deus naquele que desconhece as crenças, pode se chamar religião, é, ao contrário, só alienação. É aquela que torna o êxtase em gozo, torna o encontro com Deus em um encontro com o ego, uma alienação da vida, e alienado da vida aliena de Deus.

Se a presença religião se presta a isso, ela se torna apenas instrumento de vício naquele que pergunta, e se ilude, ao achar que os devaneios de sua mente são, de alguma forma, resposta de algum Deus.

Não há nenhum mero acaso que faça coincidente as vidas de mestres como Jesus, Buda, Krishna, Maomé e tantos outros, que ao encontrar com Deus o fizeram com o outro, na rua, fora de templos e longe do êxtase solitário e ilusório da vida de concha do fiel em si, que foge da existência como ela é.

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