Uma breve história da humanidade



Pela primeira vez temos, enquanto medido, a inteligência das gerações atuais menor que a dos seus pais. Pessoas frágeis, construídas a partir de informações de vídeos curtos de computador. Passem por suas time lines, explorem os vídeos que ali estão. Efêmera aparência, conteúdo raso, pessoas que, de tão frágeis, apontam para o futuro de dor. 

Há diversos sinais que se mesclam para o futuro de nossa humanidade, bem ali, a frente, no horizonte que já pode ser visto.

Votemos ao passado, as nossas origens. Quero lhes chamar para algo em torno de 16 mil anos atrás. O que ocorreu ali?

Nesse período a temperatura da Terra começou a mudar, era glacial chegava ao fim, a temperatura da Terra viria a se estabilizar por volta de 12 mil anos atrás, os mares iriam diminuir, concomitantemente a um aprimoramento da comunicação escrita, que havia começado, de forma rudimentar, a aparecer há cerca de 100 mil anos atrás. Um grande salto se deu, no entanto, quando a temperatura da Terra se estabilizou, esquentou e, próximo de 8 mil anos atrás a temperatura chegou próximo ao que temos hoje.

Neste período tem-se a aglomeração de pessoas em povoados, cerca de 12 mil anos, e o aprimoramento dos povoados em cidades próximas aos Estados quando a temperatura estabilizou, cerca de 8 mil anos atrás.

Falo de uma explosão de aglomerados de pessoas acontecendo concomitantemente em todo mundo, especialmente na Mesopotâmia e região que vai desde o entorno do mar mediterrâneo até o Japão. Aparentemente, mesmo isolados, os povos sofriam evoluções significativas nos mesmos períodos, provavelmente guiados pelo clima, insisto.

A evolução se deu ainda pelo aprimoramento da alimentação decorrente do clima. Daí surgiram as cerâmicas, armazenamento de comida, irrigação contra intempéries do clima. Neste período, cerca de 7 mil anos atrás, surgiram as cidades de Uruk (atual Warka e bíblica Erech) e Jemdet Nasr, no sul da Mesopotâmia (próximas ao Eufrades).

Essas aglomerações, neste período (7 mil anos atrás, aproximadamente 4 mil a.C), tiveram a organização de cidades. Laços de sangue guiavam as posses, divisão de classe segmentava a sociedade. Com os impostos, a pecha de manter a segurança, se alimentar os Deuses, que alimentariam os povos, classes não precisavam ir plantar. Criaram-se as classes políticas para administrar recursos, militar para defender o povo, religiosa para interlocução divina. Mantidas por impostos. Grandes monumentos públicos foram erguidos na época, iniciando a era das grandes construções. Surgiram artesãos, que usavam a arte para sobreviver, e daí surgiram os comerciantes.

No aprimoramento visto em Uruk e Jamdet Nasr, vimos surgir a escrita, as ciências exatas e teóricas, a arte.

Muito antes da civilização antiga grega já havia arte, matemática, ciências abstratas, como filosofia, e tudo ali, próximo ao mar mediterrâneo. Especula-se que as expedições de viagens marítimas gregas, consolidadas no mítico Ulisses e outros, sejam uma expressão das jornadas gregas por outros povos mais antigos, e que filósofos antigos (Sócrates, Platão, Aristóteles), que demarcam o início do “milagre grego” e a filosofia antiga, não tenham sido mais que compiladores de ensinamentos da filosofia egípcia (africana), mesopotâmica (Palestina, Persa, etc), Chinesa e Japonesa. 

Consolidando-as e tomando como milagre o que seria a sistematização de conhecimentos mais antigos (civilizações de Uruk e Jemdet Nasr), bem como Chinesa. Há muitos paralelos, dentre eles a ligação de Aristóteles como mentor de Alexandre o Grande e as explorações orientais, donde provavelmente Aristóteles sistematizou a todo seu vasto escrito por todas as áreas, tomando como base estudos de vários locais dentre os quais consolidou-se como o grande império de Alexandre.

Pois bem, visto o princípio, voltemos a atualidade.

Temperatura, eis o primeiro evento que nos fez ser a civilização que somos. Após a aglomeração maciça de pessoas, a segmentação em classes. Depois o aprimoramento das civilizações se deu por meio da escrita, mas também a sua dominação. Surgimento de Leis, teorias para explicar a natureza, contos sobre quem seriam os Deuses, e assim por diante.

O aprimoramento da comunicação detém, como ápice hoje a cibercultura, ubiquidade, cibermobilidade e quejandos todos. Ai chegamos a um ponto essencial.

Sabemos, ou podemos saber de tudo hoje. Olhando para trás vemos como evoluímos até chegar onde estamos. O ajustamento do homem com todo o resto se deu por um acaso dentre tantos. A natureza evoluiu ao ponto de surgir, na escala evolutiva, o Homo sapiens sapiens (aprox. 100 mil anos), que após ajustes climáticos (aprox. 12 mil anos) permitiu a complexidade estrutural de Estados (aprox. 7 mil anos).

Nesta escala vemos o surgimento do aprimoramento da comunicação como propulsor das civilizações posteriores. Essencialmente na Grécia, a adaptação do alfabeto fenício cria o idioma grego, (aprox. 900 a.C) permitindo a consolidação escrita dos poemas homéricos (Ilíada e Odisséia). Após, com o desenvolvimento da escrita, bem como comércio e contato com a efervescente civilização do entorno do mediterrâneo (africana, palestina, persa, mais distante chinesa e japonesa), tem-se a consolidação da filosofia, o “milagre grego”) na chave de virada de Socrates, Platão e posterior Aristóteles (há indiscutíveis paralelos com o hinduísmo, budismo, no idealismo de Platão, bem como com de Aristóteles com o confucionismo, estudos de ciências exatas de filósofos gregos com matemática palestina, filosofia egípcia e africana com a astrologia e etc).

Hoje, com todo o conhecimento em mãos, abandona-se, de forma gradual, as ideias mais básicas historicamente vivenciadas: cultivo do corpo pela alimentação saudável; medicina da alma pelo aprimoramento da consciência; sinergia com a natureza para dela adquirir o sustento; comunicação para integração de saberes. Há, conforme estudos, uma geração de atrofiamento da mente, redução da consciência, bem como, graças a antagonização do modo de vida com a natureza, o acréscimo da temperatura da Terra a níveis nunca vistos.

O que se desenha para o amanhã breve?

Há uma tendência ao atrofiamento intelectual, a redução da consciência humana, a antagonização da natureza e a extinção breve da humanidade. Alimentos hoje são processados, reduzindo a qualidade de vida humana, o consumo de industrializados está cada vez maior. A temperatura tênue que permitiu há 12 mil anos estabelecermos a sociedade está em desequilíbrio. O conhecimento construído ao longo de gerações está se deteriorando, em troca de tiktoks e vídeos curtos. Os remédios cada vez mais deixam a população em dependência, quase saudáveis e quase doentes. A acumulação de capital e segmentação da sociedade está cada vez maior (tristemente iniciada entre 7 mil e 4 mil anos atrás).

Estamos, pois, em um limiar. Desequilíbrio homem-natureza, desequilíbrio homem-homem, desequilíbrio homem-espírito, tudo redundando para o fim da humanidade, experiência da natureza, mágica, que parece estar próxima ao seu ocaso...

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