Entrego hoje meus trabalhos, no caminho da transformação

 Durante a minha jornada recente que se iniciou nos trabalhos da recapitulação, venho tendo muitas alegrias. O desembaralhamento energético de nosso passado nos torna mais leves, mais soltos, mais desapegados de nossas rotinas, de nosso pesado jogo de repetição que estamos inseridos desde a formação de nossa personalidade social. Padrões são vistos e revividos, e os nós que nos prendiam a fatos antigos, a lugares a lembranças são desatados, um a um. Com o tempo, e com a disciplina conseguimos perceber que em nosso passado se concentram alguns vórtices de energia, são lugares que sempre recordamos saudosos, que sempre a mente social se refugia como meio de nos tirar da concentração no momento presente. Vivemos de lembranças, vivemos de esperanças, poderiam dizer os poetas, mas digo que quem falar dessa forma não é nada mais do que um ser a serviço da mente social. Nossa vida se faz no agora, a lembrança é uma bagagem que não vale mais a pena ser carregada, e o futuro é um caminho que não existe. Ora, porque nos desviar do presente, o que ganhamos não estando no presente? A resposta é óbvia, não ganhamos nada, nos perdemos em devaneios, em sonhos, nos esquecendo de ver o chão onde pisamos, de ver o céu que nos acoberta, de ser impecável em nossas ações cotidianas, de viver a vida, pois a vida é agora, hoje, já, o que passou já se foi, consumido pela roda do tempo.

Mas na descoberta de padrões em nosso passado, na visita no mar das eternas repetições humanas, percebemos falar bem fundo a voz ancestral de nosso ser, a sabedoria que em nós reside, e sabendo identificar esta voz começamos a fazer uso dela agora, hoje. Nosso vidente interior aflora, este é o grato presente da recapitulação, apagar a voz da mente repetitiva, que nos causa náuseas quando recapitulamos e perceber a suave voz do infinito. Essa voz do infinito nos guia na correta direção para a liberdade, pois libertar-se é antes de tudo libertar-se dos padrões que nos são impostos pela nossa mente, libertar-se das forças que nos compelem a sermos sempre os mesmos. Devemos mudar, devemos oxigenar a nossa energia, espreitar os nossos hábitos, apagar nosso passado com uma borracha energética. Apenas libertos de todos os nós do passado podemos seguir em frente. Alguns falarão sobre o passado que é bom mantê-lo, que ser saudoso é honrar o passado. Digo que isso não existe, o passado se foi, não nos pode trazer nada além de um peso e da prisão das lembranças. Mas não jogamos o passado fora com a recapitulação, na verdade o que fazemos é retirar os vórtices que nos prendem ao passado, só sem estes vórtices somos livres para mudar.

Então, na seqüência de meus trabalhos de recapitulação, vi o quão estreito é o caminho que sigo, e que alguns seguem também. É um caminho que não permite falhas, não permite a preguiça ou o desleixo, é um caminho que requer atenção plena, consciência, disciplina, não há outra saída, e por isso respeito quem esse caminho não quer seguir. Não existe alento neste estreito caminho que sigo, não existem apoios, não temos Deus para rezarmos, não temos anjos para socorrer-nos, não temos santos para pedir, não contamos com a sorte ou o azar, somos nós frente a frente com o infinito universo predador, e isso amigos, para muito é aterrador, mas para mim é maravilhoso.

Percebendo a dificuldade em caminhar neste caminho, não culpo ninguém por não segui-lo, não convido ninguém a ele tão pouco, sigo em minha jornada solitária vendo cada vez mais o quão solitário é um guerreiro a medida que avança em sua jornada rumo a liberdade. Percebo hoje que tenho que manter duas vidas, e fico feliz pela possibilidade de enfrentar esse magnífico desafio de espreita. Em um momento sou um homem a serviço do mundo social, por trás desta máscara permanece o guerreiro em sua caminhada, porque para o guerreiro o mundo não precisa perceber a sua caminhada, ele pisa suave pelo caminho que vai, sem marcas na areia, sem machucar a grama, sem deixar no chão uma gota sequer de seu suor, essa é o guerreiro que pisa suave no mundo e sem tocar o mundo por ele não é tocado.

Ontem percebi claramente a mensagem do espírito. Eu recapitulava alguns eventos com um amigo, amigo antigo, desemaranhava eventos do passado com ele, farras, bebedeiras, tempos em que eu penetrava fundo no cova que o mundo social tem cavada para nós. Desemaranhei vários vórtices, quando entrei profundamente em minha recapitulação senti uma amizade profunda com meu amigo, então entendi que isso era apenas a identificação imposta pelo mundo social, que nos faz viver em grupos, fazendo tarefas repetitivas, iguais no consumo de nossa energia. Então depois de recapitular todos os eventos, entendi que estava mais sozinho do que nunca, que apesar de um amigo, no sentido social da palavra, ele seguia um caminho distinto. Por um momento pensei que ele conseguiria seguir o mesmo caminho que eu, que ele conseguiria romper o primeiro véu que separa o homem da verdade, exatamente porque ele estava sendo provado pelo mundo. Como explicação ressalto aqui que este amigo havia se distanciado do mundo por conta de um acidente que ele havia sofrido, estava em sua casa já fazia sete meses sentindo o que era a solidão e eu imaginava que na solidão ele conseguisse emergir do véu da ilusão do mundo e entender, ou pelo menos sentir que existe algo além desta realidade. Explico porque na solidão, porque exatamente entendo que ninguém consegue explicar isso para outra pessoa, essa verdade só é captada pela própria pessoa, em contato diretamente com o espírito, e a solidão é um maravilhoso canal para este contato.

Contudo amigos, vi a força que o mundo social tem sobre as pessoas. Depois de sete meses em casa, enfermo, ponderando sobre a vida, percebi que sua descoberta foi que lhe faltava embriagar-se mais uma vez e entrar novamente no círculo da ilusão ou no circo da ilusão mantido pelo mundo social. Perder a consciência é o primeiro passo para  derrota do homem, mergulhar no descontrole, embriagar-se em ilusões e ponderações mais profundas do mundo. Lembrei-me da cena do matrix, onde um homem apesar de saber que o mundo era uma ilusão preferiu entregar-se a ilusão do que viver na realidade, para ele o sabor da ilusão era melhor do que o amargor de ver-se sozinho e livre frente e um universo de possibilidades.

O que faria o homem tendo que decidir por si, sem o mundo para guiá-lo, sem as leis que regem o relacionamento, sem os códigos de conduta, sem a economia que diz onde ele gastar ou poupar, sem a moda dizendo o que vestir, sem as propagandas dizendo o que comer e como se transportar. O homem em sua maioria sentir-se-ia perdido sem seus decisores, sem os controles remotos que guiam as suas vidas, e quer saber, o homem em sua maioria sequer tem o interesse de saber se estão ou não sendo controlado, quer mesmo é ser guiado. E vem lá a enxurrada de sonhos comuns para todos, sonhos de casas próprias, de carros novos, de férias pomposas e de tantas outras inutilidades que sequer sabe o homem para que servem, se são um fim em si e não meios para a sua jornada. Logicamente não critico quem tenha um carro, mas critico quem sonha todo dia em ter um e assim se segue para todo o resto.

Enfim, senti-me terrivelmente sozinho. Meu amigo foi engolido pelo sistema mais uma vez e o que eu posso fazer? Vejo isso acontecer a todo instante, mulher amigo, parentes, conhecidos, todos sendo engolidos pelo mundo social e sua voracidade. Tão poucos são os que compartilham comigo a visão. Mas quando assim pensei sorri, um sorriso que veio de dentro de minha profundeza, sorri de alegria, pois sabia como funciona o sistema, e sabendo disso sei que transpus mais um véu que sobre nossa visão é colocado. Saber não quer dizer libertar-se, não sei de meu futuro, nem ao menos tenho interesse em saber, sei de meu hoje, de meu agora, e este agora está permeado de um sentimento incrível de conhecimento, de consciência. Sei que as forças me puxam e a todos para a inconsciência, para a ilusão. Sei disso e sinto isso quando compro minhas roupas, quando vivo a vida social necessária. Mas sei também que posso fazer a mágica que lidar com isso como um espreitador, usando o mundo e as coisas do mundo não como um fim, como a força motriz, mas sim como um meio para viver o agora de minha realidade, em que eu sei como é o mundo que virá, mas não consigo estar lá, e estando aqui tenho que viver nas regras deste mundo. Desta forma, trabalho não para ser rico, para ter posses, mas trabalho como um exercício de dar o meu máximo onde estou e sem ser a meta o ganho que terei com isso. Dessa forma sigo minha caminhada, e dela decorrem as conseqüências que me mantém neste mundo caminhando, meu sustento, mas nunca ele é o fim e o objetivo do que faço.

Sabem caros guerreiros, senti-me feliz e sinto-me assim, o mundo não mais consegue me tocar, não sei do amanhã, mas hoje estou assim. Sem orar para santos, sem desejar sorte, sem pedir a deus ou a anjos e orixás minha energia está no seu máximo, e com essa energia sinto que posso tocar o infinito, com essa energia não me importa estar só neste caminho, não me importa saber se conseguirei a liberdade que sonho, pois liberto estou, pois consigo hoje ver o mundo como ele realmente é, a prisão, suas amarras, as que me prendem e as que já consegui me libertar. Meu amigo, continuará amigo por certo, aquiesço com sua decisão de afogar-se no mundo, tantos outros o fizeram, ele não é o único, ele é a regra, e quem sabe neste mundo, eu, nós poucos que aqui estamos somos a exceção.

Neste caminho deixado pelo Nagual, nós que permanecemos caminhando não só vivemos o mito do guerreiro, somos o próprio mito que se forma, o mito da nova era, o mito da transformação, o mito que se iniciou nesta 49º geração, a geração de guerreiros solitários, a geração de um bando que voa mais livre que nunca nesta imensidão, sem certezas, sem mestres, sem um caminho pisado para seguir, somos a cola que juntas as palavras do novo nagual em um corpo com vida, com sentido, somos a cola que junta uma geração sem fim de guerreiros que nos precederam e os guerreiros que virão, somos o marco zero pois vivemos o hoje, o agora, e só aqui está a verdadeira imensidão.

Ps.: Este último parágrafo foi escrito de forma automática, pela voz profunda, pela minha verdadeira mente, junto a ele o parágrafo abaixo na página, que escrevi como se em um transe mágico.

Que o intento seja sua fonte e sua morada nesta jornada.

Sinto que falta tão pouco, tão poucas pessoas verdadeiramente no caminho para que se inicie a transformação. Vejo hoje o objetivo da cleargreen par ao novo nagual. Ele sabia que pessoas sucumbiriam na jornada, mas isso não importa de fato, o que importa é que existiriam pessoas que realmente acreditam, e que a força destas pessoas é incomensuravelmente maior do que a força dos que utilizam-se disso para manter seus egos inflados. O que importa nesta instituição, somada a força que por si os livros carregam, é que a mensagem se difunde, e de alguma forma pessoas são tocadas pelo espírito ao ler os fragmentos, ler os livros, assistir ou realizar um passe mágico, ou encontrar uma pessoa disposta a falar sobre o caminho. De alguma forma a mensagem se proliferou pelos meios de comunicação criados pelo próprio mundo social, e de alguma forma isto estão sendo produtivo para o homem que está disposto a caminhar, mas principalmente estão sendo produtivo para o homem como civilização. De alguma forma as mudanças que estão acontecendo no planeta estão se somando a mudança de pensamento das pessoas, cada uma que se vê livre, que seja por um instante do mundo social, do domínio dos predadores, cada pessoas desta se une a energia das outras com o mesmo intento de libertação, e forçam, juntamente com as mudanças que estão acontecendo no campo energético do planeta, uma mudança coletiva no local do ponto de aglutinação das pessoas. Não dá para saber ao certo as conseqüências disso em termo da localização final do ponto de aglutinação das pessoas, mas o certo é que uma mudança em termos energético pode ser sentida com relação a humanidade. Quem pode ver verá uma certa agitação comum nas pessoas, em um ponto de suas energias, essa movimentação é um sinal de mudança, pode acontecer de forma rápida ou lentamente, mas já iniciou-se o processo e de alguma forma este processo continuará. A tendência é que cada vez mais pessoas de alguma forma, seguindo alguma intuição, sigam neste caminho. A teia foi tecida e nos estamos tecendo o seu complemento, todo o jogo foi arquitetado pelo espírito, não podemos falar das pessoas, das escolhas e de seus destinos, falar nisso seria desviar o foco da atenção ao ponto principal, a mudança global que hoje está acontecendo. De alguma forma a geração 49, a geração sem mestres trará a força necessária para impulsionar uma mudança em escala global. Hoje agitam-se as energias de todos, os sonhos estão mais agitados, o homem fala mais em mudanças a todo o tempo, achando que haverá um cataclismo. Quem a sabe em que ponto iremos parar como civilização, quem sabe as conseqüências de mais uma significativa mudança no local de nosso ponto de aglutinação, não sei ao certo se isso acontecerá com todos, e o que acontecerá aos que ficarem, mas o certo é que alguma coisa mudará, e sei disso pois já está mudando, já podemos sentir os efeitos, cada um de nós, basta parar, basta silenciar a mente, basta observar o mundo. O destino de nossa civilização está mudando, e de alguma forma seremos todos testemunhas desta transformação.