A jornada rumo ao nosso destino







Aqui começamos mais uma jornada, a jornada do mundo em que vivemos, o compromisso esquecido em nosso passado, quando fomos, por algum motivo gerados. Não falo da fecundação que nos originou, mas sim do jogo complexo de tecelagem de nossa trama de existência, feita pelo grande Espírito, com o propósito único e imutável – que sejamos expansores de consciência cósmica.
Como em todo caminho existem pedras, uma grande pedra nos foi colocada à frente, esta é a mente racional, a mente que aprisiona conceitos, como já disse, a mente que cataloga, arquiva, apodera-se e torna-se o próprio objeto visualizado. Esta mente que mente a todo instante, e nos deixa dementes, mentecaptos zumbis andando pelo mar da vida.
Ninguém está aqui apenas para o papel de reprodução, crescimento e morte, há algo para além disso, o verdadeiro propósito esquecido, aquele que está por detrás do véu, que sentimos pulsar e nos chamar para lá, mas que só lembramos, na grande maioria dos que vivem, no leito de morte, quando já não há mais tempo. E a vida passa por uma série de imbecilidades, falsos jogos de energia em que somos predados, gastando o quinhão máximo de nosso único presente nesta vida, que é a nossa existência.
Só há um propósito, é expandir a própria consciência ao limite máximo, expandir toda a capacidade que temos em nosso ser, utilizar os limites de nosso ser, este presente mágico que nos foi dado na criação. Esta é a única meta. Corpo ao extremo, mente controlada e consciência total de cada pedaço de nós, é este o objetivo pelo qual fomos criados, e se não o atingirmos, ao fim da vida seremos apenas desfeitos, como uma roupa de lá em que o fio é desfeito e volta ao novelo que o criou. O grande tecelão cósmico, o Espírito, o Arquiteto, da mesma forma que cria, desfaz, não porque seja mal, não é o caso, apenas porque a funcionalidade daquele que não cultivou e floresceu não foi atingida, e por ser disfuncional o tributarista da vida -  a morte, vem seu preço cobrar.
Tudo na vida é uma epopeia, uma luta, uma saga que serve ao fortalecimento de diversos aspectos energéticos. Nascemos com o NAGUAL totalmente desperto, mas ele não serve para a vida social, ele é ainda descontrolado, impulsivo, pode matar e dissolver o corpo total em um estalo, e por isso, fortalecemos o TONAL desde cedo, para que ele assuma a frente do mundo caótico da existência,, catalogando e permitindo que se dê uma matiz de cor a um mundo inintendível. Contudo, o TONAL que é mais brando, tende a querer afogar o NAGUAL e oprimi-lo, isso porque o TONAL em nosso tempo é regido pelo EGO que é a representação de nossa individualidade manifesta, que por si não tem nenhum problema, se não fosse a mente alienígena ou o que chamo de mente social. A mente social é predadora, é o contrato de nosso tempo que rege as relações mais caóticas humanas, a desordem, a guerra, a individualize o antagonismo com tudo que há. Já falei sobre isso portanto não me alongarei no assunto. Basta saber que o Homem hoje nada decide, apenas é guiado por uma série de instituições sociais que dita o que deve fazer, comprar, consumir, usar, estudar, etc. A decisão do ser humano hoje consiste em selecionar em um parco cardápio oferecido pela Mente Social Coletiva, ou o contrato social no sentido amplo (não dos iluministas, bem além disso).
E tal dependência se dá por conta das limitações do TONAL e do ego que o rege. Deixar que o ego, uma parte limitada de nosso ser, guie a nossa totalidade é fadar-se à uma monótona repetição de toda história da imbecilidade humana, e não nos leva a uma evolução. Podem brigar e esbravejar que estamos evoluindo, mas não vejo isso quando percebo o quanto a nossa Terra está desgastada com nossa presença, e quando vejo estudos que dizem que a sociedade industrial logo perecerá.
Equilibrar o NAGUAL e o TONAL é a grande sacada nesta jornada. O equilíbrio entre o par perfeito que reside dentro de nós é o grande passo para a nossa evolução, a especialização em saber ligar e desligar o diálogo, e acentuar ou mitigar a presença do Nagual esta no cerne da consciência.
Hoje mesmo em um destes recados claros do espírito ele me falou existem rituais que são prisões, e alguns outros são rituais de esvaziamento, servem para aliviar a pressão do ego, ou mesmo para fazer o ego dormir. Os passes mágicos são como canções de ninar para a criança (EGO), com eles o ego adormece e acorda o único e verdadeiro guerreiro o NAGUAL. O nosso EGO-TONAL não aguenta a repetição de rituais, e por isso ele adormece com coisas repetitivas, como a repetição de passes mágicos ou mesmo a meditação, isso é interessante. Esses passes são feitos para colocar o tonal para dormir e assim possibilitar a entrada em outras atenções.
Se o tonal está parcialmente dormindo temos a presença de TONAL-NAGUAL sendo que o tonal é usado apenas de forma branda para dar ordem ao mundo energético caótico, e nquando isso acontece entramos na 2º atenção.
Se o tonal está completamente adormecido entramos na 3º atenção.
Então para que possamos entrar plenamente na 3º atenção temos que treinar bastante na 2º atenção e à medida que o fazemos fortalecemos o nagual, e deixamos que ele guie o nosso ser total com o tonal adormecido sem nos consumir inteiramente. A 2º atenção é um teste, e quanto mais adormecemos o tonal mais deixamos o nagual aprender a guiar tudo sem explodir as coisas, porque ele é muito forte, então amansamos a fera e conseguimos com isso o domínio de nosso ser mais forte.
O que acontece é que ao entrar na terceira atenção é que o nosso NAGUAL está em casa, mas não existe espaço ali para o TONAL, pois este deverá ser abandonado antes de entrarmos neste aspecto da realidade. Quando o TONAL-EGO entra na terceira atenção a pessoa começa a sentir o desespero da morte, que é exatamente o TONAL-EGO sendo comprimido e dissolvido, pois ele não resiste ao não lugar da 3º atenção, neste mundo apenas o nagual sobrevive, apenas uma forma diferente de atenção e de energia mais evoluída, exatamente a energia que se permite libertar de nosso ovo de luz se conseguirmos a façanha de chegar até a morte conscientes. Quando um guerreiro consegue exercitar com inteira firmeza aquele local chamado de “local da não piedade”, o guerreiro consegue, aos poucos, trinar o fortalecimento do NAGUAL para consolidar em si a consciência energética que fica armazenada no TONAL e que é interpretada pelo EGO. Ver é uma forma de transmitir o que é diretamente percebido pelo nagual ao TONAL para que consigamos entender, em termos de palavras, ou cognição, o que se está passando. O NAGUAL é muito forte, e o seu domínio é a terceira atenção, e portanto, ele poderá matar o nosso TONAL se não estiver treinado. O que deixa o nagual agitado é a mente confusa, ele quer destruí-la pelo senso de preservação, por ser algo externo que nos domina e que nos suga a energia, mas essa cirurgia de destronar a mente social não pode ser feita de forma abrupta, pois geraria a morte, literal, de nosso ser total (o que aconteceu com La Gorda foi isso) . Mas temos que acalmá-lo e falar: olha, tudo ao seu tempo, pois se explodir o tonal inteiro para destruir o ego a nossa unidade se dissolve.
Quando entrei na terceira atenção algo aconteceu, “vi” algo como um sentimento, uma solidão lascinante, essa solidão, entendi prontamente, é o ego sabendo que esta morrendo. Depois que nos desprendemos do Ego, entendi que não sentimos mais essa solidão ao entrar naquela zona. Perder a forma humana, o ego, é essencial para entrar na terceira atenção e não morrer. Disse que temos que estar com o mesmo estado de espirito que estamos quando entramos no ponto da não piedade, para não morrer de verdade ali, essa morte é possível, e real, e muitas vezes acontece como um aneurisma, ou um derrame.
Todas essas informações foram tidas em um sonho, que é onde podemos entrar mais facilmente na terceira atenção, pois o ego-tonal está adormecido. Neste dia cheguei próximo a uma figueira, como a de Buda e o vi. Ele me mostrou o que era o nirvana e me assustei pois é a terceira atenção. É a ausência de tudo, o vácuo, o nada. Cessa-se tudo e parece que nos dissolvemos. Ele disse que essa sensação é a dissolução do nosso EGO e não de nosso ser total, mas que se o ego dissolver-se antes do tempo, é como colher uma fruta madura, ela não serve para nada.
Me perguntei o que era aquele lugar, se era como um negrume sem fim, onde eu sentia energias me sugando para diversas partes, que teria de interessante ali. Então entendi que aquilo não era compreensível porque eu estava tentando compreender com o TONAL, e aquele era o reino do NAGUAL, apenas sendo pura energia compreenderia, mas não em palavras, nunca em palavras, apenas quando e se eu tiver a capacidade, pelos meus passos, de atingir aquela etapa da evolução, quando chegar a hora de sair deste ovo de luz, quando nascerá o IMORTAL.

Comentários

  1. Buenos idas Guerreiros,
    Hermano o grande lance é fazer o Tonal dormir, como falastes, inverter os papéis. Como o fazemos?
    Através dos Passos de Poder, dando-lhe saturação de Passos de Poder a nosso corpo energético mantendo-o ocupado, ativo assumindo o seu lugar verdadeiro em nosso ser total. Praticar os Passos não é coisa de se fazer uma vez e pronto. É através da repetição dos Passos que criamos uma cerat disciplina, atingindo assim o intento inflexivel.
    Kawak
    30/10;/2014 08:04

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  2. é igual motor de carro importado, se fica parado por mais de algumas semanas o motor acaba esfriando e pra pegar só empurrando, que analogia! porém é o que o hermano Kawak disse mesmo, tem de saturar o lado esquerdo do corpo com passos de poder, a disciplina e o senso de oportunidade ficam mais garantidos depois de praticar os passos.

    e uma coisa é certa, o nirvana é o mar escuro da consciência, pode ser atingido em vida, porém só na hora da morte é que o ativamos totalmente.

    Nik,
    em Vênus, 31.10.2014, 13:26

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  3. Bom dia, Vento que sussurra

    Confesso que fico um pouco assustado quando noto alguém afirmar, literalmente, que esteve na “terceira atenção”. Ciente de que, sendo vã qualquer tentativa de descrever o abstrato através de palavras, (da boca do próprio mestre: “não pode ser explicado, tem que ser experimentado”), e de que, por conseguinte, as metáforas permeiam por todo o sistema de crenças revelado pelo mestre, adoto cautela antes de acolher tais relatos de forma textual.

    Eu mesmo cheguei a forjar minha própria metáfora, digamos alternativa, visando assimilar melhor a concepção do “ponto de aglutinação” uma vez que, em certos casos, a original me parece um pouco imprópria. Senão, tente visualizar multidões sem transgredir as leis do universo tridimensional, lembrando que os filamento perceptivos comuns à toda a humanidade teriam que atingir cada indivíduo, ao mesmo tempo.

    Ainda no tema, de um livro que estou lendo no momento, anotei o que segue:

    “Nossa percepção do mundo, conforme nos ensinam as ciências neuro-cognitivas, é sintetizada em partes diferentes de nossos cérebros. O que chamamos de “realidade” resulta da integração de incontáveis estímulos coletados pelos nossos cinco sentidos, trazidos do mundo exterior para nossas cabeças pelo sistema nervoso. A cognição — que no momento defino como a consciência que temos de estar aqui agora — é fabricada por um vasto número de substâncias químicas fluindo por incontáveis conexões sinápticas interligando nossos neurônios.” (...) “A ilha do Conhecimento é cercada por um vasto oceano, o inexplorado Oceano do Desconhecido, onde, inevitavelmente ocultam-se inúmeros mistérios.” (…) “Por incognoscível refiro-me ao que está além do alcance da ciência e de seus métodos. Buscamos mais conhecimento, sempre mais conhecimentos, mas precisamos aceitar que estamos, e permaneceremos, cercados por mistérios”. (…) “No mundo físico, o infinito é incognoscível. No máximo, podemos especular sobre sua existência de dentro de nossa ilha do conhecimento” (…) “Vamos, então, explorar a ilha do conhecimento e desbravar nossas terras até depararmos com o mar. Lá chegando, poderemos vislumbrar o desconhecido e, com esforço e coragem, o que está ainda mais além”.

    Estes são fragmentos extraídos do livro A Ilha do Conhecimento, do cientista/escritor Marcelo Gleiser. Coloquei-os aqui porque me lembram passagens do aprendizado de Dom Carlos, especialmente quando, num restaurante, para explicar o conceito de tonal e nagual o mestre usa a mesa com o que há em cima e cercada pelo espaço em volta.

    É notável o fato de que um cientista e um xamã usem metáforas tão semelhantes e com o mesmo objetivo, qual seja o de obter um tênue vislumbre do infinito. O cientista, munido de empirismo e medições, convocando o intento inconscientemente; o Xamã, do conhecimento interior e da mestria da espreita, com plena consciência do intento. Ambos tentando trilhar o caminho do guerreiro de forma impecável.

    Raiugaf (02/11/2014, 11:18)

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    Respostas
    1. Caro amigo, primeiro obrigado pelas ponderações que colocastes aqui, somos muito grato por colocar mais um tijolo na construção do edifício do conhecimento.

      Só quero deixar claro que não consigo, por mais que queira, descrever o que vi na terceira atenção, perceba que apenas descrevo a sensação de estar morrendo, apenas isso, nada ali pode ser descrito porque nada ali pertence ao universo cognitivo, apenas senti algo como minha morte, e ponto final, e logo depois fui cuspido daquele local. É o nada, o vazio, o vácuo..

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    2. Amigo Vento (permita)

      Eu que agradeço. Entendo a ponderação como uma medida preventiva que visa evitar decepções futuras. Um pouco de ceticismo usado como contraponto pode contribuir na formação de conclusão consistente; um tijolo (bem moldado) para colocar na construção.

      Até outra [Raiugaf (04/11/2014, 09:55)]

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  4. Hermanos Buenos dias
    a morte é a beirada da terceira atenção. Qualquer pessoa quando morre, sua vida é recontada antes, como uma especie de recapitulação. Por isso devemos fazer a recapitulação em vida. Devemos dar a Aguia essa recordações antes que ela nos cobre nesse momento.
    Kawak
    03/11/2014 08:44

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  5. Muitas pessoas que entraram num estado de quase morte dizem que veeM suas vidas serem recontadas como num filme.
    Kawak

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  6. Encontrei isto no livro "duplo eterico" do Major Powell

    Quando o duplo abandona o corpo denso definitivamente, não se afasta, mas permanece, em
    geral, flutuando sobre ele. Constitui então oque se chama o espectro, e aparece às vezes às
    pessoas que o enxergam como uma figura nublada, fracamente consciente e muda. A não ser
    que seja perturbada por um desespero ruidoso ou poremoções violentas, o estado de
    consciência é calmo e sonolento.
    Durante a retirada do duplo, e também depois, toda a vida passada do homem passa
    rapidamente em revista ante a Ego, revelando cada rincão esquecido de memória, todos os
    segredos, quadro após quadro, acontecimento após acontecimento. Em alguns segundos, o
    EGO revê toda sua existência, verifica os êxitos e fracassos, amores ódios; nota a tendência
    predominante no conjunto, e afirma o pensamento diretor de sua vida, determinando a região em
    que passará a maior parte de sua existência póstuma. Como diz o Kaushitakopanishad, na
    ocasião da morte, prâna recolhe tudo, e retirando-se do corpo, entrega-o ao Conhecedor, que é
    o receptáculo de tudo.
    Neste estágio, sucede geralmente uma curta fase de tranquila inconsciência, devida à separação
    da matéria etérica e de sua mistura com o corpo astral, o que impede o homem de funcionar
    tanto no mundo físico como no astral. Certas pessoas se libertam da envoltura etérica em alguns
    instantes; outras repousam nele durante horas, diase até semanas; mas o comum é levar
    apenas algumas horas.
    Alveranga
    08:15 13/11/2104

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  7. Sou grata, pela partilha. Não é só o que escreve, mas como escreve. As palavras parecem ser escolhidas e no tom certo, num determinado momento, elas aparecem, e ali se encaixam no instante que é preciso! Por alguma razão, ás vezes algo me reporta em vir aqui e ler esses escritos.

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