O casulo de luz e nossa fenda luminosa




Estive pensando acerca de nosso casulo luminoso, nosso enclausuramento energético necessário para o amadurecimento neste mundo, mas eram apenas pensamentos e estes são deveras ineficientes para análises mais profundas no âmbito energético. Os sinais e presságios se aprofundaram no âmbito de um aprofundamento neste tema energético que é a fenda energética que temos em nosso casulo luminoso. Então lembrei-me das diversas passagens em que o Velho Nagual Matus falava sobre a fenda entre mundos. Imediatamente entendi, em uma visão complexa que a fenda entre os mundos nada mais era que a abertura em nossos casulos de luz, a abertura que separa os mundos de dentro e de fora de nossa energia, de nossa interpretação, a barreira que nos individualiza e nos torna o reflexo uno de todo o verso em que estamos inseridos. 

Então que vi, na visão que me foi permitida, o nosso casulo luminoso, e a pequena e estreita fenda que temos em nosso ovo de luz. Percebi então, de uma forma que não consigo descrever em palavras, que a nossa capacidade de adentrar em outros mundos está vinculada ao tamanho da abertura que temos nesta fenda. Vi ainda diversas pessoas e diversos tamanhos de fendas luminosas e percebi de alguma forma as que tinham mais sensibilidade de percepção através desses tamanhos. Vi pessoas perto da morte, em leitos de hospitais, com a fenda se abrindo, sendo bombardeadas por uma sombra negra, e a medida que essa fenda se abriam as pessoas, minutos antes de suas partidas conseguiam contemplar a vastidão do mundo para além de nossa pobre descrição da realidade. Algumas daquelas murmuravam palavras de adoração a deuses, outras falavam de anjos, do céu, do nirvana, mas nenhuma que eu tenha visto parecia saber realmente o que acontecia, saber que pela primeira vez em suas vidas viram o mundo além da camada de energia que nos separa de tudo mais.

No momento da visão diversas lembranças de fragmentos em que o Nagual Don Juan falava da necessidade de abrir “por dentro” a fenda de energia, lembrei-me ainda que em alguns casos as energias tiveram que ser abertas por fora, mas foram lembranças rasas que apenas pareciam ilustrar o quadro completo que estava sendo pintado da visão sobre esse aspecto da energia. Lembrei-me da força rolante, uma força que constantemente acerta o nosso corpo de luz, no local da fenda luminosa e entendi o porque de abrirmos a nossa luminosidade por dentro.

Vi que a medida que a abrimos, já estando a nossa energia interior preparada para isso, mais podemos nos aproveitar da força rolante para energizar as nossas fibras internas. Além disso consegui perceber que através da fenda podemos tocar o mundo que nos cerca, o universo em sua completude. Vi vários filamentos de luz se projetarem de dentro de nosso casulo luminoso para fora, para tocar objetos, de alguma forma para “ver” o mundo exterior a nossa bolha de percepção, alguma forma que não consigo descrever.

De alguma forma entendi que a fenda de energia está diretamente relacionada a nossa capacidade de “ver” como os feiticeiros. De algum modo a nossa crosta energética está impregnada pela visão que temos de mundo, pela nossa sintaxe. Sei que o mundo como vemos é assim pelo ponto de aglutinação, mas entendi que as possibilidades de movimentação deste ponto de aglutinação aumenta conforme conseguimos produzir uma abertura em nosso casulo de luz. Vi então que as mudanças do ponto de aglutinação se dão de acordo com mudanças energéticas em nosso interior do casulo, que se processam como movimentos em nossa massa de luz interior, que essa pequenas mudanças se processam em cadeias como ondas em um lago calmo, e que essas ondas movimentam o nosso ponto de aglutinação, as vezes de forma branda, as vezes de forma profunda.

Sei da complexidade do tema, da complexidade de minha visão, que torna o processo de transmissão do conhecimento que tive um tanto quanto conturbado, tamanha são as limitações de nossa língua e de minha energia que ainda não permite que eu entenda de fato todo o processo que me foi apresentado.

O que me recordo ainda é que as mulheres tem uma fenda naturalmente mais aberta que os homens, vi isso. VI ainda que as mulheres tem a sua fenda aumentada quando estão menstruadas, momento em que a sua clarividência, naturalmente, se expande. Vi ainda que no momento da concepção de uma pessoa, no ato sexual, as fendas de ambas as pessoas envolvidas se expande consideravelmente, momento em que as fibras luminosas de ambas as pessoas começam  a se tocar, vi uma criança ser concebida, no momento em que os filamentos se unem uns aos outros, do homem e da mulher, a medida que mais fios de luz vão se transformando em um emaranhado de luz e se desligando de uma das esferas energéticas, se encapsulando de uma forma misteriosa, e se fundindo a uma esfera apenas, possibilitando a visão de uma esfera dentro da outra, no que era obviamente a energia da mulher prenha. Vi ainda que mesmo a energia estando ligada a mulher, ainda resta um fio de luz, alguma coisa parecida com um fio que liga o homem a energia concebida no ato, não entendi o porque dessa energia, mas mostra basicamente a ligação que o pai mantém com sua prole no ato da concepção.

Então pude ver a magia sexual em sua forma mais pura, na sequência de minhas visões, pude ver a forma que a nossa energia interior transcende o nosso casulo de luz, buscando algo no exterior e compreendi de que forma se dá a nossa partida desse corpo físico retornando para a águia. Percebi que, depois que a morte nos rompe definitivamente o casulo, a nossa energia interna se dissolve, pouco a pouco sendo atraída por algo exterior, sendo dissolvida, perdendo a sua coesão, o homem perdendo a sua individualidade. Sem a combinação de nossa energia, o nosso casulo se resume a nosso corpo inerte após a morte, ele é a parte física que aqui fica, e que nos impede das peripécias mais loucas de nossa energia. É um invólucro necessário para o nosso crescimento interior, no tempo de nossa passagem pela terra.

Não tive em minha visão a contemplação de um guerreiro partindo, como é feita, mas me recordei de uma visão mais antiga, sobre os doze passos do guerreiro vidente, lembrei-me que o guerreiro abre sua fenda de dentro, permite a entrada dessa energia rolante, ascende a sua energia interior por completo aguardando a oportunidade da morte rasgar em definitivo seu casulo de luz, para que, quando isso acontecer, toda a sua energia interior fuja livre pela fenda cósmica em busca da liberdade, passando como um jato pela águia. Esse é o objetivo da manipulação da fenda de luz, preparar-se na medida exata para o momento de queimar no fogo interior, expandindo o ponto de aglutinação do tamanho comum, para o tamanho de nosso ovo luminoso, libertando-se em definitivo de nossas amarras perceptivas, em parte resultados de nosso diminuto campo perceptivo que é o ponto de aglutinação.

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