O encontro dos guerreiros da liberdade



Caminhei por esses dias atrás em um conjunto de colunas de pedra, cercado por elas. Além daquele labirinto de colunas eu podia ver a mata. Eu lembro que esperava ansioso pelo encontro de alguém, em meu auxílio tinha um macaco que me alertaria quando a chegada dessa pessoa. Quem havia me emprestado era um antigo guerreiro daquele local, era um de seus aliados e estava ao meu serviço. Até então eu não havia entendido a mensagem por completo, onde eu havia estado naquele dia, estava perdido pois nunca havia sonhado com aquele lugar, um lugar estranho que me revelava uma grande saudade de algo, um sentimento perdido por entre tantos outros sem nenhum sentido ainda para mim. EU mantinha apenas uma sensação de alguma coisa que estava fugindo de mim, fugindo de meu controle, fugindo de meu entendimento. Eu estava na segunda atenção e os pensamentos ali consomem de forma voraz a nossa energia, como em nosso mundo cotidiano, mas ali sentimos a opressão de sermos descarregados. O que apresento aqui, caros amigos, é a recapitulação de um fato, feito em dois atos, ajudada por dois guerreiros em momentos distintos, que me fizeram abrir toda a sucessão de eventos que estava escondido naquele sentimento perdido. Me recordo que imerso em pensamentos, caminhando por aquele solitário labirinto de pedras me perdi de meu objetivo naquele dia, do encontro que me fora reservado. Alguns cachorros espantaram o aliado de meu amigo guerreiro da segunda atenção e me tiraram por completo, até o dia de hoje, a recordação de tudo que aconteceu naquele misterioso local de poder.

Então entendi, recordei todo o fato. Na verdade eu estava na cidade de Chichen Itza, mas especificamente nas Mil Colunas do Templo dos guerreiros. Todo o cenário foi muito difícil de ser lembrado porque eu não tinha visto em minha visita a pirâmide de Kukulca, eu estava voltado apenas para a floresta que cerca todo o lugar e não havia me atentado para os demais lugares ali. Lembro-me que o que estava para acontecer, segundo fora narrado pelo meu guia ali no local, o Nagual do outro lado, era um encontro que se sucedia por gerações e que aconteceria aquele dia, sob o auspício da lua.

Naquele lugar, em uma casa, um pequeno templo que ficava as margens da floresta, o meu guia me havia contado um pouco mais sobre a civilização que ali morou. Ele me disse que aquelas construções haviam sido feitas como um mapa, um mapa muito preciso que auxiliaria na viagem dos guerreiros para um destino específico. Disse que todas aquelas estruturas tinham em si um poder específico que ajudava no deslocamento do ponto de aglutinação para o mundo total de onde os sete antigos haviam vindo. Disse que copiosamente diversas estruturas parecidas haviam sido construídas no mundo, nas mais diversas parte com o mesmo fito de criar igualmente uma ponte de ligação entre o nosso mundo e o mundo dos antigos. Ele falou que o intuito era criar naturalmente uma ponte que criaria uma facilidade global de comunicação entre os mundos, mas que esse intento fora frustrado por algum motivo e apenas algumas poucas pessoas conseguiram seguir por este caminho.

Segundo ele, existiu apenas um povo que foi por inteiro levado aquele outro mundo juntamente com o antigo que os guiava, foi o povo que seguiu Tilawacan, o Deus Serpente. Disse que este e apenas este conseguiu dar um passo evolutivo, modificando para sempre a estrutura energética daquele povo que junto com Tilawacan partiu.

Ele me falou que os demais povos se perderam na jornada evolutiva de libertação do guerreiro e que haviam se deslumbrado pela facilidade de se viajar entre mundos com o auxílio de construções, artefatos que manipulariam o ponto de aglutinação, e com isso se perderam nas aberrações da segunda atenção, não conseguindo atingir o verdadeiro objetivo da libertação. Então me disse que aqueles feiticeiros, em sua grande maioria, encontraram mundos que satisfaziam o seus gostos pessoais e foram em grupos para eles, de modo a fugirem do encontro com a morte, sem se lembrar do verdadeiro objetivo da libertação, se prendendo as aberrações gananciosas da possibilidade da imortalidade.

Disse que aquelas estruturas todas guiavam os povos a um local especifico, que eu conheço por Cidade Branca. È um local onde as pessoas eram levadas para morrer, para serem achatadas pela força magnânima da morte de forma a libertarem a sua essência energética de seus ovos de luz. Dizia que aquele mundo de alguma forma permitia que a morte ascendesse o fogo interior das pessoas, permitindo que se libertassem do ovo de luz sem perder a sua coesão e individualidade. Levava então as pessoas a se tornarem inorgânicos de uma espécie diferente, muito parecida com a configuração energética dos antigos que aqui estiveram naqueles tempos.

Libertos de suas limitações impostas pelo ovo energético, os viajantes podiam seguir sua jornada rumo a liberdade, de forma que aquele mundo especial não era uma prisão, ou um local de ancoragem definitiva dos guerreiros, e caso assim fosse não seria diferente do destino de milhares de guerreiros antigos perdidos em seus desejos de imortalidade e poder. Ele considerava, bem como muitos outros, aquele lugar como um porto de ancoragem passageira, e disse que este lugar assim funcionou por tempos que não podemos mensurar e que assim funcionará até que o espírito assim determine. Disse que para alguns guerreiros a morte vem rapidamente naquele mundo, para outros demora várias gerações, mas para todos o aperfeiçoamento do corpo energético acontece de forma diferente do que acontece em nosso mundo. 

Ainda me falou que depois de ver as aberrações que haviam aprisionado aqueles antigos guerreiros, os antigos viram que deveria desenvolver técnicas diferente da utilizada com as construções para guiar os guerreiros a liberdade e aquele mundo, então que surgiram, no berço daquelas antigas civilizações, as técnicas dos guerreiros que se perderam no tempo.

Me disse que ainda existem fragmentos sobre esse caminho para a Cidade Branca, que o resto deste conhecimento reside na idéia das religiões de céu, de paraíso, mas de forma muito deturpada, pois foi moldada pelos predadores por gerações e gerações aqui na Terra, de forma a deturpar o conhecimento original e não permitir a libertação de sua comida desta Terra.

Então, sentado a minha frente, vestindo uma roupa que eu nunca havia visto, com adornos, penas, roupas rituais, ele se levantou e me disse que eu deveria esperar uma pessoa, um guerreiro daquele lugar que me levaria a conhecer os guerreiros que de tempos em tempos voltam a esse mundo para agradecer a chance da libertação, intentando e usando a sua energia para tentar mudar o destino aprisionante que os que aqui neste mundo estão aprisionados. É uma interação mágica com esta Terra que foi o seu berço, é um ato de agradecimento mágico ao espírito que os guiou em sua jornada.

Esperei sozinho naquele pequeno templo, até que a fogueira apagou-se. Então, depois de um pequeno tempo de escuridão eu podia observar tudo claramente, tão forte era a luz da lua que iluminava o lugar. Vi então chegar o aliado do Nagual, um pequeno macaco estranho, devia medir uns trinta centímetros e parecia assustado com tudo. Ele me levou até o meio das colunas do templo, várias colunas que pareciam um labirinto. Ele então ficou olhando para o lado da floresta e eu fiquei ali, aguardando o que aconteceria. A lua brilhava alta no céu.

Foi então que as minhas lembranças se perderam, não me lembro como mas o aliado sumiu. Tenho recordações vagas de pessoas reunidas, de um grande local amplo e aberto, de uma voz que falava de como era bela a visão daquele mundo, daquele lugar, da lua iluminando aqueles que a tanto conhecia.

Não consigo ir além dessa recordação, não ainda, sinto que não tenho energia suficiente para relatar tudo que aconteceu ali, naquele encontro. Aqui agradeço apenas aos guerreiros que, talvez sem saber, me ajudaram a recapitular esse evento, com sua parcela de energia, guiados pelo espírito.

Acredito que essa história ainda continua.

Intento aos guerreiros que caminham.


Posição Chac Mool - Uma posição utilizada para empreender a recapitulação e o ensonhar, entre as mãos, sobre o umbigo, utilize uma pedra de poder ou um peso, de alguma forma isso facilita as artes da recapitulação e do sonhar (águia e o jaguar)

Comentários

  1. Vento que sussurra estive a ler a sua caminhada, e como é estranho ter assim destes encontros que transformam que marcam o espirito !! aprender a caminhar assim parece dificil e tão simples

    :)grata

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  2. Sabe, é por demais estranho e ao mesmo tempo parece ser a coisa mais racional em nossa caminhada. Na verdade, voltando a trilhar estes caminhos, voltamos a caminhar de verdade e não apenas somos guiados pelo sistema em que estamos imersos.
    Como já disse um guerreiro: "A liberdade real nos assusta, não estamos acostumados a tomar decisões, sermos livres de verdade."
    Grato pela visita.

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  3. Poxa Vento que sussura... essas palavras sobre liberdade me fizeram lembrar destas outras, de uma música:

    a idéia de ser livre me afaga, eu temo dependência
    a idéia de ser livre errada confunde minha cabeça
    a idéia de ser livre errada separa toda gente

    B.C.

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  4. CHAC MOOL
    El Chac Mool es una de las piezas arqueológicas más reconocidas en toda la cultura mesoamericana, tanto en Tula, hidalgo, como en Chichén Itzá. Su forma escultórica presenta la posición que los antiguos mayas y toltecas utilizaban para lograr el desprendimiento del alma vestida con el cuerpo astral a los universos paralelos en forma conciente.
    Los antiguos sabios adoptaban esta posición para indicar el culto al fuego y mostrar el camino que llevara a las futuras generaciones a conocer las verdades de la naturaleza y del cosmos, así como de sí mismos.
    Una charola o escudilla en su plexo solar señala el vórtice de fuerzas que concurren en el chacra manipura para llenarse de los elementos crísticos solares que posteriormente se esparcen a través de las hormonas en la sangre. Este recipiente muestra el depósito de energía solar en la región del ombligo. La energía primaria recibida en este centro se subdivide en diez radiaciones y luego circula por los canales nerviosos secundarios alimentando todos los chacras o centros magnéticos del cuerpo.
    Precisamente el plexo solar está gobernado por el sol y es posible dirigir inteligentemente la energía acumulada en este centro a los chacras para desarrollar concientemente las facultades humanas.
    Abraços hermanos guerreros
    Naian. 19/05 09:09

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  5. En mis ensuños por diversas veces fue guiado hasta las piramides del Antiguo Mexico.
    En aquele ambiente desconocido tuve diversas interacciones con Antiguos que siempre melevava a explicacciones y relatos.
    La faixa de emanaccion de memoria en el Silencio Interior en conjunto con el devido intento y el Paso de Poder puedem nos conducir hasta lá. Qualquer un de nós és capaz de hacer tal proeza con energia suficiente y intento.
    Grato Guerreros.
    Naian
    In lak´ech ala kín.

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  6. Caro amigo guerreiro do Vento ... teria muito à falar, comentar ou a dizer sobre tudo que relatastes, mas as palavras no momento se perderiam...lanço aqui o Intento "solidário" a ti e ao conhecimento que vem soprar-lhe como um Vento!

    Intento o dia em que poderemos conversar sobre tudo isso pessoalmente.
    Tilawcan e os que melembraram muito os "Setes Maias Cósmicos" ...Intento Grande Guerreiro!

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  7. Engraçado,
    ontem antes de deitar el nombre de Tori me veio a mente. No o de Vento y sim o de Tori.
    Mais engraçado que hoy quando llegué al trabajo lá estaba un comentário de Tori. Se ensuené con Tori no lo recuerdo porque el ultimo ensueno que tuve fue con una chicha que se enamoró por mi e passé quasi una enternidad serntido el afeto daquele ser. Estraño no? tiengo muchos ensueños y quasi siempre los recuerdo todos.
    Tiengo certeza que hace tiempos estamos tenendo interacciones sólo no recordamos.
    LLegará el tiempo que nuestros ensueños seran tan vividos como lo que estamos haciendo ahora.
    Abraços a todos los Guerrreros caminhantes.
    Naian 08:33 20/05/11
    In lak´ech ala kín.
    * * *

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  8. Hermano Tori,
    peço te si possible, que tentes recuerdar qual la razon de usted teres entrado hoje en el Blog despues de tanto tiempo, pois pienso que puede haver un ponto de partida en comum para nuestra comunicaccion.
    Pensé en usted ontem y hoy encontro su message.
    Naian 20/05/11 09:30

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  9. A posição que o colega Naian colocou em suas mensagens, o chac mool, é uma posição que o guerreiro adota para sonhar e para recapitular. Tentem utilizar a posição, ela é de uma intensa ajuda para os praticantes do caminho do guerreiro, com ela, de alguma forma o corpo energético facilita a utilização das energias para os intentos de sonhar e espreitar (águia e jaguar)

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  10. poderia descrever essa posição?
    thanks

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  11. Vou fazer melhor, coloco uma foto de uma estátua no fim da história, assim facilita a visualização de todos. Lembrando que acredito que seja melhor ter abaixo das mãos, apoiado na área do umbigo, uma pedra de poder, ou mesmo um peso qualquer.

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  12. "Tempos depois, Mariví me levou a Tula e me mostrou alguns segredos que lhe havia revelado o nagual. Por exemplo, conduziu-me a um lugar onde estava a estátua de um Chac-mool e me ordenou que pusesse um dedo debaixo do seu nariz. Assim o fiz, e de repente percebi que a escultura respirava! Ela me disse que o nagual Carlos havia feito o mesmo com ela e lhe havia explicado que essa escultura era de um antigo guerreiro que havia transferido sua consciência para a pedra."
    Una inserccion de una entrevista de Edgar delgado sobre Carlos Castaneda
    Una detalhe que mi olvidé fue de que la cabeza deve mirar para el leste. La direccion tem una grande importancia en estes pasos antiguos.
    D.Juan ajeitava su aprendiz (Carlitos) de acordo con la direccion del intento siempre que necessário.
    Naian 08:50 23/05
    * * *

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  13. Naian, sobre a cabeça, penso que sim, ela deve estar para o leste para a intenção de sonhar. Para recapitular ela começa no leste e sempre termina no leste, repetindo as inalações e exalações típicas da recapitulação.

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