O duplo energético e o sacrifício para águia

 

Caros caminhantes, guerreiros incessantes na labuta pela liberdade. Hoje acordei exultante de uma energia ímpar, a minha energia. Eu havia sido levado a uma jornada em conhecer a fenda de energia no corpo luminoso, e visto de forma rasa alguma de suas implicações, e isto narrei aqui há uns poucos dias atrás, Na ocasião eu havia também recebido um grande presente do Espírito, tinha presenciado alguns movimentos que servem para abertura da fenda no corpo luminoso. Mas não havia compreendido ainda inteiramente a utilização desse passe mágico, deste movimento. Obviamente no impulso do momento, logo a pós a visão eu havia praticado o movimento, apesar do aviso que o Nagual Juan Cortez havia me dado, lembro-me que ele dizia: “ – Tenha muito cuidado na realização destes movimentos, na sua execução, eles não deverão ser realizados por mulheres, apenas por homens, com o propósito de se abrir energeticamente para recuperar os filamentos deixados e agregados nas interações energéticas que temos ao longo da vida. Para as mulheres, é importante que se saiba que existe um período em que elas, naturalmente, se abrem mais para esse tipo de limpeza, é quando elas menstruam, ali naturalmente elas estão na melhor forma para recapitularem e removerem o lixo energético que as saturam .” (como sempre digo, não sei se as palavras eram bem essas, mas me atenho ao sentido que elas traziam).

Então caros guerreiros, quando realizei os movimentos, que de passagem digo serem muito poderosos, não me atentei ao que havia sido dito, me preocupei em me saturar realizando-os para não esquecê-los, como pode acontecer com facilidade quando o ponto de aglutinação retorna ao seu lugar de origem. Contudo, o que senti em decorrência destes exercícios foi uma grande perda de energia, uma perda imediata que foi aumentando no decorrer dos dias que se passaram. Não havia entendido o motivo, mas foi uma perda que me fazia sentir vazio, desequilibrado, estranhamente diferente do que eu era, sem forças inclusive para recapitular e para sonhar. Não conseguia entender nada do que havia acontecido até então, motivo que me fez ficar preocupado, sentia minha energia se exaurindo de mim.

Mas como sempre o guerreiro faz, me entreguei quando me vi sem forças, recuei um passo quando vi que o mistério envolvido era grande demais para minha compreensão e acenei ao espírito na esperança de ter uma resposta, e eis que ela veio da melhor forma possível.

Era ainda madrugada, o sol já estava banhando este pedaço de terra com sua luz, em seus primeiros raios. EU ouvia o meu mensageiro dos ventos indicar uma forte presença do vento leste, o meu vento de poder, o meu vento de ver. Todos os sinais convergiam para que eu conseguisse, por fim, desvencilhar-me da perda energética que eu havia sofrido, os presságios eram claros, era hora de entender os motivos envolvidos no processo. Então que eu, deitado na minha cama, relaxado completamente, fui assoprado pelo vento para um local de poder conhecido por mim, o local do “Círculo das sete árvores”. Estranhamente ali estava uma velha companheira minha, uma dama da noite, toda florida, lindamente ornamentada por suas pequenas flores brancas, e além dela todas as sete árvores do circulo estavam lá. Entrei então naquele local que tantas vezes visito e ali me veio toda a explicação que eu precisava.

Inicialmente eu me senti energizado, parece que as coisas estavam voltando ao seu devido lugar. Senti muita coisa saindo de minha fenda luminosa, vi que eu estava na verdade recapitulando na segunda atenção, dentro daquele círculo de poderosas árvores. Ali eu percebi filamentos de energia de diversas pessoas saindo de dentro de meu ser de luz, vi que os meus tentáculos energéticos passavam por entre a fenda no casulo e tocavam pessoas, recuperando fragmentos de meus filamentos deixados nelas, vi minha filha, e parece que jorros de energia saiam de mim, energia dela, e muita coisa me retornava. Senti-me vazio, mas energizado. Então entendi que somos como diques de energia, armazenamos filamentos de outras pessoas a medida que caminhamos na vida, a medida que interagimos com elas. Absorvemos então o seu modo de ser, de pensar, de agir, seus maneirismos, umas absorvemos mais, outras menos, mas isso tudo nos transforma a medida que crescemos. Deixamos também pedaços de nós mesmos nas pessoas, e tudo isso faz com que sejamos dependentes delas, e elas de nós. Criamos vínculos que nos modificam profundamente, e com isso a nossa energia se acostuma em predar a energia das pessoas e ser predada por elas. Por isso somos tão possessivos em nossas relações, pois nos acostumamos a viver dependendo das pessoas.

Vi então, naquele local de poder, que o passe mágico que me fora mostrado agia como destapando o ralo de uma pia cheia de água, criava um vórtice de energia que as levava de volta aos seus verdadeiros donos, a sua origem. Com isso, nos sentimos sem energia exatamente pelo motivo que já citei, estamos livres dos pedaços dos outros que nos apoiam em ser o que criamos como o eu, como o ego. Então que ouvi a voz do ver me falar que a sensação era temporária de perda de energia, pois a medida que voltamos a contar com nós mesmos na caminhada, sem apoios, sem muletas, redescobrimos o nosso verdadeiro poder, redescobrimos que todos nascemos sós e morreremos sós neste mundo, e que temos que depender apenas de nós mesmos na jornada rumo a libertação, apenas desejando que as pessoas que amamos tenham a mesma percepção e sorte na vida.

Me senti então leve, flutuava naquele local, eu queria gritar de energia, tudo voltara a ser como antes e agora eu sabia o caminho que deveria percorrer. Como um raio uma resposta veio a minha mente. Dois passes mágicos que foram dados e ambos tinham uma ligação entre si, ambos serviam ao mesmo propósito.

Quando recapitulamos forjamos um ser duplo, idêntico ao nosso com nossas experiências de vida, esse é o subproduto da recapitulação e talvez o mais importante. Obviamente na recapitulação recuperamos os filamentos e devolvemos os nossos filamentos que não são nossos, mas o subproduto que me refiro talvez seja o mais importante. Criando esse duplo energético com as nossas experiências, forjamos energeticamente um ser com a nossa história pessoal, um ser completo, um ser que será devorado pela águia e nos deixará livre dessa incumbência energética, esse é o corolário que nos dará a chave para a liberdade quando partirmos desse mundo. A criação de um ser exatamente igual a nós em termos de consciência de vida, de experiências é extremamente necessário para a nossa libertação.

Então que vi perfeitamente, o primeiro passe mágico que eu havia recebido fazia uma réplica energética de nosso corpo a frente do nosso e nos mesclava a ele. Entendi então com a voz do ver que esse corpo era o que preparamos com nossa recapitulação. Entendi que respirar é moldar com a energia mágica da vida esse mesmo corpo. Então que vi que abrir a fenda luminosa era a forma de libertar essa cópia energética que criamos para a águia. Entendi perfeitamente o que deveria ser feito por mim, logicamente não agora, mas no decorrer de minha jornada.

Ali no meu local de poder entendi o que devia fazer. Entendi coisa que para mim são surpreendentes. Entendi que o duplo energético, o corpo sonhador, o outro eu são projeções de nossa energia na parte de fora de nosso ovo de luz. Entendi que o que move esse corpo energético e o liga ao nosso interior são os filamentos de energia que temos dentro de nós, os tentáculos energéticos nos ligam a esse duplo. Esse duplo, por estar fora de nosso ovo de luz nos permite ver mundos além do que podemos com a nossa roupagem energética. Entendi que a medida que recapitulamos nosso corpo energético se torna mais parecido com o nosso ser que vive dentro do ovo de luz, que somos nós. Entendi ainda que o sonhar é transformar esse duplo em algo ainda mais parecido conosco, é forjar ainda mais esse ser de luz que somos nós mesmos projetados. Entendi que quando a morte chegar nos separaremos desse corpo de luz, ele irá par ao bico da águia, será a nossa contrapartida de libertação enquanto nós, o interior do ovo de luz se ascenderá em energia e partirá livre para a jornada perceptiva da liberdade. Compreendi completamente o que eu deveria fazer e o porque desses passes serem mostrados e como proceder com eles. Espero que dentro de toda a complexidade eu me tenha feito ser entendido.

Resumo das descobertas:

 - O corpo de luz, nosso verdadeiro ser, é fechado pelo ovo luminoso, que é o nosso corpo físico;

 - O corpo de luz tem uma cópia energética imperfeita do lado de fora do ovo, que se chama duplo;

 - O duplo é ligado ao corpo de luz pelos tentáculos de energia que saem do meio do corpo e se projetam para fora através da fenda luminosa que temos;

 - A medida que recapitulamos e sonhamos moldamos o duplo a ser mais parecido, em termos energéticos, com o corpo de luz;

 - A respiração da recapitulação é o feito mágico que assopra a história pessoal para o duplo, o corpo energético;

 - O duplo é a cópia de nosso corpo que será entregue a águia no momento de nossa partida definitiva, da sua perfeição depende a nossa libertação;

 - O passe para abrir a fenda serve para facilitar o processo de moldagem do duplo energético;

 - O passe para criar o corpo serve para aperfeiçoar a semelhança energética entre o duplo e o corpo de luz;

 - O duplo pode se dobrar como uma folha e vir para dentro do ovo luminoso;

 - Nas mulheres a fenda se abre naturalmente nos períodos menstruais, não sendo recomendado que elas façam o passe de abertura da fenda de luz.

Espero que esse entendimento que eu tive sirva de ajuda para os feiticeiros videntes que visitam este espaço. Intento guerreiros videntes.