O caminho da liberdade - entendendo o caminho





“Assim, para muitos bruxos, o objetivo imediato da partida é normalmente a cúpula dos naguais, na esperança de poder usá-la como um porto passageiro onde se acumulam provisões para uma grande expedição. Para chegar até ali não é necessário que o grupo inteiro parta de uma vez só. Em certas ocasiões os guerreiros escolhem ir de um em um. Nesse caso, podem voltar parcialmente, enquanto não se complete a totalidade da estrutura energética do grupo.”
(CASTANEDA apud TORRES)

Todos nos ligamos por uma relação energética que nossos campos de luz guardam em seu interior, e pelo jogo do verdadeiro jogador, o espírito, que une as peças, que conduz a caminhada de quem a ele procura, de coração aberto, livre da mente, acreditando no mito da liberdade, este que nos faz trilhar pelo difícil caminho do guerreiro. É certo que quando nos voltamos para o espírito ele se volta para nós, nos guiando no caminho único possível, o caminho da liberdade. Não devemos achar que o espírito nos guiará para riquezas, poder, dinheiro, nem que o espírito é alguém para quem mandamos pedidos, ou rezamos, ou depositamos nossos anseios materiais. O espírito é nada mais que uma luz que nos une ao objetivo maior do universo, a evolução da consciência. E para essa evolução temos algumas regras que são inerentes ao homem, e está foi aberta por Castaneda ao mundo no seu livro “O presente da águia”, quando ele fala do regulamento da águia. Este é um mapa, que foi utilizado pelas gerações de guerreiros da linhagem de Castaneda, um mapa dinâmico, que teve seu fim com a chegada do nagual de três pontas, este que deveria abrir os conhecimento para o mundo, para que todos tivessem acesso a este milenar conhecimento antigo.

Mas uma coisa pairava em minha mente: Será que este regulamento de guerreiros serviria para a nossa geração? Por muito tempo meditei sem ter uma resposta clara a esta pergunta, mas hoje ela se abriu para mim em sua completude, narrada por uma força do outro lado que me guia e a alguns que tenho a felicidade de conhecer nesta vida, claro, fomos postos juntos por um objetivo claro, por uma força maior aglutinadora, tão forte quanto a força dispersadora da morte que temos presentes em nossas vidas. São guerreiros e guerreiras que escolheram simplesmente acreditar, e caminhar por este caminho deixado por don Juan em seu magistral plano de abertura de sua linhagem, bem como eu escolhi, eu acredito, eu caminho, eu vivencio este mundo, é uma escolha, como qualquer outra escolha, pessoal e determinante para o seguir de minha vida.

Hoje tive então o prazer de ler pela primeira vez o livro de Armando Torres, onde ele, como testemunha do nagual Carlos, teve deixado em suas mãos o seu legado pessoal, de deixar para o mundo a regra do nagual de três pontas, em resumo, a regra que fala que ele daria fim a linhagem de don Juan, a fecharia, como um ciclo, e reabriria outra tantas, deixando a disposição de todos o conhecimento do nagualismo, algo mágico e sem precedentes de iluminação, indo na contra mão de todas as culturas que privilegiam o hermetismo em detrimento da amplidão do conhecimento.

Assim que as coisas me vieram. Quando terminei de ler o livro, comecei a perceber o quão intensificada estava a minha consciência. Eu estava praticamente na segunda atenção. No céu a luz pela metade deixava ver as estrelas, e dali me veio a visão. Eu me agarrei ao livro, e no meio das páginas comecei a escrever freneticamente, enquanto eu via uma série de imagens passando em minha frente, escrevia uma mensagem, desenhava uma figura e escrevia um esquema de pessoas, um organograma funcional, com nomes e lacunas que lhe cabem, na medida do conhecimento que me deveria ser revelado.

No que havia escrito, depois de ler com calma, me surpreendi com o teor da visão. Entendi tudo, somando as imagens que me vinham a mente a medida que eu dedilhava aquelas escritas. Na minha mente eu começava a ver a figura do nagual do outro lado Juan Cortez e de sua contraparte, a mulher nagual Maria Clara, via ainda outros membros deste grupo do outro lado que eu já tivera contato, mas eram imagens fugazes, velozes que eu não conseguia acompanhar. Eu os via ali no domo dos naguais, o que não me surpreendia pela quantidade de visão que eu tivera daquele lugar, então tudo se juntou, a medida que eu lia o que eu tinha quase que inconscientemente escrito naquele livro.

O que me fora descrito foi o fragmento de uma história e de uma regra, algo especial, e de tão especial, em homenagem ao desejo mais profundo de don Carlos e don Juan, eu decidi dividir aqui.

Por um simples e claro motivo você e muitos do seu grupo próximo de sócios nesta empreitada de conhecimento tem tido encontros com seres mágicos de outro plano, especificamente do domo dos naguais. Existem grupos de naguais e de guerreiros de diversas gerações que ao invés de saltar para a terceira atenção, vieram um a um reunir-se neste domo. Não considere uma contagem pois ela não é necessária.
Todos sabem o regulamento de sua era, claro, pois o regulamento modifica-se a medida que modificam-se as eras, cada um tem sua peculiaridade e adaptação, as mãos de um nagual é por demais habilidosa para apenas aquiescer a algo pré definido, cada um deles imprime a sua pessoal marca ao regulamento, isto é parte da regra.
Contudo, bem como existe o regulamento para a primeira atenção, existe também um regulamento para a segunda, para aquele domo. Aqui na primeira atenção o regulamento desfez-se com o último nagual da linhagem que deixou os passos que segue em sua jornada, sua modificação deixou um aviso final: as linhagens novamente se estruturarão, e buscarão a sua própria regra.
Na segunda atenção, apesar do mundo mais vasto, as regras são mais rígidas, e existe, claro, uma possibilidade para a partida de grupos inteiros que aportam no domo dos naguais. Contudo, os grupos que chegaram, formados adequadamente para a partida, segundo as regras da primeira atenção não são mais funcionais partindo da segunda atenção.
Existem muitos grupos incompletos, que aguardam os desígnios do espírito para se reagruparem e seguindo o regulamento partam em definitivo em sua jornada última.
Os homens, em seu estado de sonho, constantemente visitam este domo, alguns erraticamente, outros sistematicamente, e outros ainda levados por guerreiros que ali abitam.
Contudo, no teu caso e dos que conhece, não é simples coincidência que tenham interações no sonhar com pessoas de mesmo nome e características. O espírito lhes apontou para um grupo específico de guerreiros que ali está, e o grupo que visualizou é o que basta para completar o regulamento do outro lado.
Um a um vocês irão partir para aquele domo, e lá, unindo-se ao grupo, adequar-se-ão ao regulamento da segunda atenção, e poderão, agarrando esta possibilidade partir para a terceira atenção, onde só é possível tal jornada em grupos coesos.
O regulamento do outro lado tem um nome, os antigos faziam referência a ele, ergueram templos em sua homenagem, como ergueram templos copiando a segunda atenção, o grupo que parte daquele domo, segundo o regulamento do outro lado, é visto como uma serpente emplumada que se queima em luz antes de adentrar no outro mundo.

Então esta foi a declaração final, da forma que consegui agrupar. Existiu ainda um desenho, que ainda não vou mencionar, e ainda a descrição de um grupo e seu ordenamento. Mas não é um grupo como o grupo de don Juan, neste, cada um partirá ao seu tempo, com o intento voltado aquela cidade branca, ao domo dos naguais, e lá, unidos aos naguais que nos guiam, iremos, eu e os que mantenho comum este empreendimento, poderemos ter a chance de partir para a terceira atenção, como uma serpente emplumada de luz, rumo a liberdade definitiva...

Intento guerreiros

Comentários

  1. A fase de rebanhismo já passou. A espera de um Nagual para guiar. Sinto que cada um de nós é um grupo em si. Temos de assumir a responsabilidade pela nossa Evloução, pois ela é individual. Cada um tem de evoluir por sí só, pois ninguém pode evoluir por nós a não sermos nós mesmos. Podemos somente trocar informações em nossa caminhada. Já sentia isso, que partiremos cada um por vez, em sua própria vez, em seu próprio tempo. Para isso temos de perder a forma humana e sermos sinceros com nós mesmos e nos pérguntarmos: Estou sendo sincero? Estou me empenhando verdadeiramente? Cabe a cada um de nós respnder.
    Darion 09:16 27/08/2012
    * * *

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  2. Sinto que já é passado para a maioria de nós, o tempo de determinados comportamentos e atitudes. Ao mesmo tempo já é passado para nós a antiga forma como concebíamos que o mundo começava. Aos poucos, sinto a Disciplina e o Caminho mudando completamente as "regras do jogo" que do viver para nós e nossos próximos.
    Cada vez mais aumenta a importância de ouvir nosso Ser Verdadeiro, de recapitular, de Intentar. Cada vez mais, isso é tudo que temos a nosso favor. Ao mesmo tempo, cada vez mais, o Universo como um todo parece ir cada vez menos contra nós.
    Nada é sem volta. Nos abrimos para o Intento, o Intento se abre para nós.

    Muitas vezes chamamos a jornada definitiva para a terceira atenção de "viagem sem retorno". Mas nos esquecemos que a viagem já é um ponto sem retorno desde o início que começamos a caminhar - e se consolida na 'descida do Espírito'.

    Intento aos caminhantes e companheiros!

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  3. Existe muita coisa a explorar, muitos assuntos que ainda nem arranhamos e que fazem parte da "Totalidade do Ser"
    Un extracto do Lado ativo do Infinito
    “O grande problema de nós, homens, é a nossa fragilidade”, continuou ele.
    “Quando nossa consciência começa crescer, ela cresce como uma coluna, exatamente
    no ponto médio do nosso ser luminoso, a partir do chão para cima. Essa coluna deve
    atingir uma altura considerável antes de podermos confiar nela. Nessa altura de sua
    vida, como feiticeiro, você perde facilmente o seu elo com a sua nova consciência.
    Quando você faz isso, você se esquece de tudo que fez e viu no caminho do guerreiroviajante
    porque sua consciência retorna à percepção de sua vida do dia-a-dia. Eu já
    expliquei para você que a tarefa de cada feiticeiro do sexo masculino é reclamar tudo o
    que fez e viu no caminho de guerreiro-viajante enquanto estiver nos novos níveis de
    percepção. O problema dos feiticeiros masculinos é que eles esquecem facilmente
    porque sua percepção perde a ligação com seu novo nível e cai por terra por qualquer
    motivo”.
    Darion 08:58 28/08/2012

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  4. Un extracto do Fogo Interior cap.Ponto de aglutinação
    — Quando o nagual empurra este ponto, ele se move para qualquer lugar ao longo da faixa humana, mas isso absolutamente não importa, porque onde quer que vá parar, será sempre em terreno virgem.

    "O grande teste que os novos videntes desenvolveram para os seus aprendizes de guerreiros é reconstituir a trajetória seguida por seus pontos de aglutinação sobre a influência do nagual. Ao completar-se, esta reconstituição é chamada de reconquista da totalidade de si mesmo.”
    Darion

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