O lago da razão e as margens da imensidão





Não sei se as palavras, o preto e branco recortado por signos, desenhos são suficientes para expressar os sentimentos. Sempre o tento, como sempre tentaram poetas, o tentam. Sinto-me por vezes como um ladrão de sensações, de emoções e de vivencias, por vezes nos deparamos com situações, histórias, pessoas, e isto nos faz emergir lembranças de hoje, de amanhã ou até lembranças que nunca existira, tudo devidamente possível dentro do espectro de impossibilidades do homem.
Hoje me via perdido por entre um turbilhão de livros, de um conhecimento frio, de palavras que representam a falácia do mundo e queria eu entender se essa falácia do mundo social tem algum sentido. Eu queria tanto entender que me vesti completamente da veste da mente, pois era apenas assim que eu poderia compreender o mundo que me cercava em todas as suas nuanças. Entreguei-me neste texto as palavras, em meio ao mar de livros em que estava, no conhecimento marcado por teorias fundadas na razão, seja de Kant, seja de novos filósofos, doutrinadores do saber racional, no meio deste mar me afundei, e me afundo a cada dia, na intenção de achar o fundo deste mar de saber racional, de saber cartesiano de tentar ordenar a existência em termos corretos para a mente, e me entregando talvez eu me liberte, essa é a minha intenção.
Em meio ao turbilhão do que é a vida, do que é o agora, me senti ultimamente analisando meu próprio caminho, em face do caminho de tantos e tão belos que são os caminhos de todos que trilham esta vida, agora, comigo, contigo que lê, com os conscientes e inconscientes, com a matéria e a não matéria. Perdido no meio do silêncio do vácuo, como me aconteceu, a minha perspectiva do mundo mudou um pouco, como mudam todas as verdadeiras experiências. Não sabia ser capaz de algo como a mudança, sempre as mudanças são a parte mais complicada quando feitas na matéria densa que é o homem, mas esse caminho me permiti a caminhar, e este desafio a enfrentar.
Nesta caminhada lembro-me da mais jovem infância que tive, há anos atrás, fora dos livros, fora das experiências outras que não as minhas próprias, no afã vão de um jovem que acredita que nada tenha a aprender, eu já sentia algo a me chamar para longe, para uma viagem sem volta, eu sabia, para partir das relações humanas que me prenderiam inevitavelmente à forma humana, sair da rede de ligações, quiçá faria ver a rede por fora dela.
Era um impulso juvenil, como um impulso universal que a todos cerca em algum momento da vida. O mundo é grande demais, e hora ou outra isso se mostra de forma pujante em nossa vida. O mundo grande nos convida a conhecê-lo, em cada pedaço que há além das fronteiras rígidas da educação dos pais, da replicação aliterada de formas, conhecimentos, intenções e sonhos que se passam em gerações de criações mentais e sociais do homem. Na época eu queria como nunca viajar, e seguir a este impulso. Via filmes de jovens adolescentes viajando, rompendo o mundo, em motos, carros, trens, jornadas solitárias, acompanhadas, pelos desertos e morros sem fim, e me via ali em cada uma delas. A adolescência fervia em minhas veias, como nas veias de todos os jovens um dia, nos que deixam de ser jovens uma lembrança no tempo, aos que permanecem assim, um presente e constante sentimento.
Naquele tempo, no auge dos 14, 16 tinha que arrumar uma forma de desvencilhar-me de tudo e de todos. Em meus sonhos loucos deveria deixar tudo e tentar uma vida sozinho, longe de tudo, de todos que eu conhecia. As relações humanas boas que fossem deveriam deixar-se ao lado, por um tempo, até que eu me conhecesse e soubesse, descobrindo na solidão de um viajante, o que era eu, para só assim saber o que eram os outros. O sentimento, que era um misto de hormônios naturais, de um filhote ao querer largar a matilha, transformou-se em realidade em minha vida. A distância, longe das asas dos pais e perto de uma vida nova que se abria se mostrou eficaz. Mas as relações humanas nunca se findaram.
Nos tempos depois vieram amigos, namoradas, distante de parentes ainda os tinha perto, na dependência de proventos, de um alo, de notícias. Eu sabia que não havia me apartado como deveria, mas a vida mostraria o que era necessário.
Eu sentia a necessidade de ser um ermitão, de estar distante de tudo, e lembro-me de planejar isso em cada fase de minha vida nesta jornada, combinava jornadas em meu interior, achava que o mundo estava longe, estava distante daquele lugar onde eu estava vivendo, e via que sempre o mundo que eu imaginava ser o palco de minhas verdadeiras aventuras estava sempre longe do que eu queria que fosse.
O tempo passando então descobri-me liberto, andava no palco de vida de acordo com o que pensava ser belo, e belo era viver sem laços, sem abraços, sem toques e sem amarrações, eu precisava me descobrir para depois entender o que era o mundo completo. Não era a solidão que eu ansiava, era o conhecer-me, sem a voz de todos, sem o pensamento de todos sobre mim, eu conseguiria enfim ouvir a minha voz mais profunda, meu seu que realmente eu ansiava conhecer, para além da mente, que me revelaria para além da mente minha que refletia a mente social, a mente coletiva. Apenas sozinho eu descobriria isso.
Mas a cada passo eu descobria novas pessoas, novas e complexas vidas. A mente mostrava-se sim linear, a mente mostrava-se em certas facetas iguais, mas cada vida era um mundo completo. Eu sabia a um nível interior que as pessoas seguiam padrões, e podia identifica-los em certos atos das pessoas todas que conheci, principalmente nos atos virados para a coletividade. Em minha experiência da vida, descobri que existem pessoas duplas em todas as pessoas. Existe a parte que é de fato, e esta apenas manifesta-se quando está apenas com você, uma dualidade de seres, dois, apenas. Momentos sublimes passaram-se conhecendo a fundo pessoas tantas. Amigos, professores, mestres, amantes, namoradas, inimigos, quimeras e desejos, pessoas. Cada pessoa me deu um presente na interação, na complexidade que é a interação de duas vidas. Pontos de vistas totalmente diversos sobre o mundo, mesmo que tangenciados por desejos sociais uniformes. Algumas pessoas me levaram a ver a beleza nas cidades, nas paisagens concretas do mundo cinza, preto e branco. Outras tantas me ensinaram a ver a beleza da natureza. Algumas me ensinaram os prazeres do corpo, de uma risada, de uma diversão, de uma dança, de uma madrugada bêbado, de entregar-se ao mundo, e de isolar-se em meditação. O mundo era uma composição bela de pontos de vista, alguns mais dispersos, outros mais uniformes, mas seria injusto dizer que todos são apenas repetição de uma mente social. São apenas impulsos sociais que as fazem, mormente em grupos, mostrar-se como o padrão que retroalimenta ao sistema, mas em seus interiores, se buscarmos, podemos tocar em cada pessoa na parte mais profunda que as chama para a jornada da auto descoberta, a jornada da percepção, para além dos limites da razão.
Foi nesta jornada de ir para longe que cheguei para perto, levado pelo vento, pelas águas do mar. O destino mostra-se assim, as vezes remamos e definimos o rumo que seguimos, as vezes nos deixamos a deriva, e não devemos reclamar, pois se perdemos o controle, foi por falta de vontade própria, e nestes desvios que o destino mostra-se em sua faceta mais bela.
Nestas curvas, quando afogado na inconsciência do mundo todo, quando afogado na ilusão dos desejos, carne, pele, amor, sexo, álcool, drogas, quando perdido e inconsciente o destino me guiou para um rumo interior social. A composição da célula social de maior valor ao sistema, um empregado, casado, com filha, trabalhador do sistema. Eu havia sido fisgado, no momento de quase morte de meu passado, havia sido levado ao destino de estar de novo enclausurado entre paredes, entre ditames sociais bem arquitetados.
Haveria eu de chorar pelo destino? Não, nunca o fiz. Se havia eu mesmo permitido que os ventos me levassem, sem que eu mesmo decidisse o meu destino, haveria eu de aceitar o que me havia sido colocado à frente.
Saindo do mar da ilusão temporária, entendi como deveria ser a minha busca. O que foge do mundo para conhecer-se nunca haverá de mudar, nunca haverá de conhecer-se. Há um porque bem claro na nossa estada aqui e agora, eu e você, nós dois que neste momento comunicamo-nos neste texto, estabelecemos o ponto nevrálgico de nosso existir, a interação humana. Só através dos espelhos que são os outros, vemos clara e limpidamente o que somos. Precisamos de interações, quantas forem necessárias para conhecer-nos em nossas fraquezas. Onde o mundo nos toca, onde a sociedade nos aprisiona, vemos claramente refletido nos outros que mais nos chama à atenção, sejam amores, sejam inimigos, todos que nos refletem nos chamam a atenção por nos lembrar em algum aspecto, que conscientemente gostamos ou odiamos em nós mesmos.
Que experiência tem um monge que se esconde do mundo? Que mudança este terá? Ao voltar a sociedade ver-se-á diante de um mar de outros, e o mundo edificado na verdade de eu mesmo sozinho irá desfazer-se como mágica diante de seus olhos.
Foi apenas na sensação de estar de volta depois de minha breve jornada no passado que descobri que em nada tinha crescido. Eu tinha fugido dos desafios, não os tinha enfrentado, e por isso havia sucumbido pela primeira vez. Como um andarilho pelo mundo, distante de minhas verdadeiras interações não havia em nada crescido, apenas aprendido a fugir, a mudar quando bem conviesse a minha realidade. Escondia-me atrás de elucubrações mentais pessoais.
Então que resolvi enfrentar a racionalidade, e ai encontrei meu verdadeiro caminho. Conhecer a profundidade da ilusão em que vivemos é algo transcendental. Não dá pra entender o silêncio do mundo verdadeiro se não entendermos o mundo que fomos criados para achar verdadeiro. Não dá para fugir da sociedade para entende-la, apenas a entendemos vivendo nela, conhecendo-a à fundo. Apenas nas interações sociais, na interação com a razão pura de nosso  mundo entendermos a profundidade do silêncio. EU havia de conhecer a luz do iluminismo para entender a sobra do obscurantismo, do hermetismo, a porta inicial para entrar no mundo oculto aos nossos olhos da não matéria.
E foi neste passo que comecei a minha real descoberta.
Andando pela sociedade, conhecendo e me aprofundando nas pessoas, comecei a entender as margens do lago da nossa ilusão. Sim, a nossa ilusão tem margens bem definidas, é um mundo limitado, tem uma profundidade que pode ser medida, e apenas adentrando nesta profundidade conseguimos conhecer a profundidade do eu que nos edificaram desde o nosso nascimento. Sim, nos edificaram nisso que somos, e por isso o primeiro passo é conhecer-nos no que somos, não sozinhos, não distantes do mundo, mas atuando no mundo, para o qual fomos treinados e doutrinados desde cedo a enfrentar. Apenas entrando no terreno para o qual fomos treinados começamos a nos descontruir no que somos.
Desta forma, interagindo com os outros, todos os outros, entenderemos os limites de nossa persona. O que nos edificaram para ser, se alguém se acha raivoso, interaja com pessoas que o deixa raivoso, entre nisso com profundidade e entenderá de onde vem esse sentimento que acha ser você. Entenderá que ela brota da mente, mas não de você, ele brota de um condicionamento, como o condicionamento do treinamento de seu cão, que reage quando entra um estranho em sua casa. Se sente-se atraído por um tipo sexual distinto, interaja com este tipo, e tente ver de onde vem este sentimento, e assim siga. O asceta, aquele que esconde-se do mundo nunca conseguirá ver de onde brotam seus sentires, e quando voltar ao mundo, seja hoje seja daqui a cinquenta anos, ele ver-se-á a volta com o que está guardado dentro de si, pois ele não enfrentou os seus desafios, apenas os deixou sob uma pedra na floresta em que vivia.
Desta forma, é medindo os limites da racionalidade que emerge a verdadeira magia. Estudando as teorias biológicas, desde Darwing, passando por François Jacob, Jaques Monod, Mendel e tantos outros pesquisadores das origens da vida cheguei a delícia de vê-los no interior de seus argumentos evocando, mesmo sob a veste da matéria, a metafísica da criação. É vendo os limites da religião formal dos estados que vejo onde esta toca nos ditames da matéria, e vejo ambas abraçando-se em uma dança para manter-nos preso a uma ilusória fragmentação de uma realidade maior. Os geneticistas que citei, ao fazerem uma digressão do mundo, explicam toda a cadeia evolutiva da vida, mas não explicam a sua criação a partir da matéria inerte. Julgam a criação sob um acaso único na existência. Um evento matemático de probabilidade uma em infinitas, ou seja, o dedo de uma força criadora, ou no que gosto de edificar meu pensamento, o dedo da força evolucionária do universo.
Aqui, como exemplo, vemos um dos limites do mundo racional. Quem vê o universo escuro, que vê nos olhos do silêncio, nos olhos energéticos o mundo de pronto tem uma resposta que atesta a evolução ao mesmo tempo que derruba a visão de um deus que cria. Quem vê o universo com o verdadeiro olho do silêncio vê uma corrente de energia, que não respeita ao tempo, pois está além dele, nesta corrente vê o fluxo constante de energia em plena evolução, e a evolução é apenas a consciência. Vê um fluxo que faz com que tudo se ligue, um fluxo onde prevalece o silêncio, a escuridão, o nada. Onde a energia é apenas composta de breves pinceladas no quadro escuro da totalidade que tudo permeia. Nestas pinceladas o universo fornece vida, que é consciência, e à medida que temos mais luz, mais brilho, mais concentração de energia mais consciência temos. O universo perpassa de um infinito de escuridão a um infinito de luz, em uma linha evolutiva. Como nós temos o desejo interno, mais profundo de conhecer e responder à questões transcendentais,  o universo como um todo, nós e tudo, anseia pela consciência total.
Cada ser vivente e não vivente cada aspecto do universo está conectado. Olhando ao redor, você e as pessoas que estão ao seu redor, e mais os animais, plantas, objetos, a soma da consciência de tudo isso é a realidade que há.
A experiência da vida é viver, compartilhar, evoluir. Para evoluir é preciso viver, enfrentar a vida e os desafios que há. Temos que entender e usar todas as ferramentas da vida, interagir de todas as formas, pois apenas na interação com o algo entendemos o eu. Interagindo formamos a consciência. Neste momento quando me lê neste texto, sua mente me imagina, imagina o que falo, sente a cadeira onde está sentado, o brilho da tela. Neste momento você está conectado com o meu fio de pensamento que este texto trouxe, e estamos, pois conectados, neste momento sua energia está conectada a esta tela de computador, a cadeira em que está, ao ambiente em que está, às pessoas ao seu redor, ao ar que respira, à energia que flui nos cabos de energia e aos cabos óticos de informação que liga a internet a você. Neste momento especial, à medida que eu falo, que eu escrevo, você está tomando consciência do mundo que o cerca, e com isso está expandindo mais o seu ser, e chegando mais próximo do que nos cabe nesta jornada evolutiva.
Chegará um momento, e já cheguei por algumas vezes próximo disso, em que a consciência do mundo que o cerca será tão grande que transcenderá o que você vê no seu campo de visão. A sua respiração conectar-se-á a todas as respirações, às não respirações, você sentirá que a consciência que se expande atinge a todo o universo, e entendendo que a consciência universal é parte você, conseguirá acessar a consciência total, e assim atingirá a visão transcendental, verá além de tudo, todos e do tempo. Alguns chamam isso de nirvana, outros darão outro nome, eu chamo apenas de despertar. Esse momento mágico é o momento breve em que temos uma visão, em que sentimos algo distante, em que temos um pressentimento, ou simplesmente em que nos sentimos ligados inexoravelmente à tudo e a todos.
Neste momento mágico verá que não precisa rodar o mundo inteiro para conhecer os segredos do universo, saberá que qualquer lugar no mundo é igual, saberá que o seu quarto pequeno no espaço do universo é palco suficiente para as maiores magias da existência, saberá que vendo e sentindo o vazio estará aqui e nos confins do universo, este que não tem fim, saberá acima de tudo que tudo que há esta no momento em que nos conectamos, aqui, este momento sendo tudo que existe nos leva a estar em tudo e todos ao mesmo tempo, nos leva a flutuar pela aparente realidade, e nos regozijar por ela.
O momento morte não será o fim em si, o momento morte será a libertação de uma limitação tão sólida que nos aprisiona dentro de nossa finitude, o desafio de nosso amadurecer é conhecer a verdade além dos limites do corpo estando ainda aprisionados no corpo, e saber aguardar, vivenciar a beleza que é a consciência da totalidade preso dentro de uma aparente dualidade. Ser infinito, ser o tudo e sentir-se a parte, em momentos de iluminação viajar para o infinito e pouco tempo depois questionar a própria experiência. Ver o mundo além da mente é belo, e viver o mundo da mente também o é. Só assim, explorando o mundo em todos os seus aspectos é que nos libertaremos totalmente da escuridão da ilusão. Só mergulhando no raso lago da ilusão é que chegaremos finalmente às margens das campinas infinitas da imensidão.
Luz, paz, intento.

Comentários

  1. Olá Ênio,
    Faz tempo que não escrevo no Blog, mas nunca deixei de ler um post, mas esse em particular me chamou atenção pela sincronicidade de algumas coisas que me ocorreram.
    Ontem assisti num canal de uma programação regional, que passa aqui em Sorocaba, um lugar bem próximo, que por sinal muito bonito, que tem um caminho na mata, que deve ser feito em 11 dias. É uma cidadezinha perto e que tem um templo budista muito bonito.
    Quando era estudante, li um livro de Paulo Coelho sobre o Caminho de San Tiago, que ele percorreu vários dias andando, e que sempre imaginei ser uma experiência fascinante, e sempre tive vontade de percorrer um caminho desse, e quando descobri esse lugar aqui perto, percebi que seria uma boa oportunidade.
    Vivemos em uma sociedade cheia de ilusões, e romper essas ilusões, percebe-las é nosso desafio. No texto você escreve: "Saindo do mar da ilusão temporária, entendi como deveria ser a minha busca", ressaltando depois que essa "fuga" não é a melhor forma. As vezes acho importante sairmos por um momento, para enxergar aquilo que não vemos.
    Semana passada, preparei uma aula de antropologia para meus alunos, e coloquei no slide a seguinte frase : A Antropologia é uma ciência que busca respostas para entendermos o que somos à partir do espelho fornecido pelo “outro”.(frase parecida com a que você colocou)
    Trabalhei com eles a ideia de que somente à partir da compreensão de outras formas de existir e compreender o mundo que nos compreenderemos enquanto ser humano. A partir daí, relatei o caso de uma antropóloga, Margaret Mead, que descobriu que as características que chamamos de masculinidade e feminilidade não são fatores biológicos, mas que varia de acordo com a cultura e a sociedade, já que ela constatou outras sociedades que não apresentavam essas características.
    Nesse ponto, concordo com você que compreender o outro é nos compreender-mos, mas acho importante compreender também outras formas de existir no mundo. O que seria de nós se Carlos Castaneda (Antropólogo) não tivesse saído de sua sociedade para estudar outras culturas?
    Por outro lado, buscar sempre o caminho fora de nossa sociedade é complicado, talvez isso indique que não estamos olhando as coisas com o olhar correto, mas tem momentos que precisamos nos desipnotizar, já que estamos mergulhados em valores sociais, e isso poderá nos impedir de ver, e as vezes isso ocorre com um "choque" de estranhamento, mudando a rotina, o cotidiano, olhando para o diferente.
    Fico imaginando se a rotina não nos impede de enxergar o que é real, como no filme matrix, e se uma experiência marcante não poderia nos abrir os olhos para coisas que nunca percebemos antes. Bom, não sei? Fica para refletirmos.
    abraço


    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É Rafael, como estou imerso em questões da razão e do mundo social, postei o texto e fugi. Agora voltei de algumas leituras outras e deparo-me com teu texto, claro, o espírito está nos conectando para alguma mensagem. Olha amigo, é importante sim compreender outras formas de existir, claro, não duvido disso, mas o que falo é que compreender o que temos ao nosso redor seja o primeiro passo, e questiono se entender completamente esse nosso mundo social, que cada um tem em particular não é suficiente para emergir da profundidade de nossa ilusão. Castaneda fez esse despertar indo para outra cultura, mas utilizando aquelas ferramentas para questionar seu mundo (espreitar), Budha despertou em seu próprio mundo, primeiro isolando-se dele, depois entendendo que deveria voltar a ele para ensinar, Jesus despertou em sua cultura, e assim foi com tantos. Independente da cultura amigo, encontraremos o que existe por detrás de qualquer uma, em uníssono, pois o que é linear a todos, está além das culturas, é o ser universal, é o entender além das palavras, é o despertar. O despertar de Buda, seu, meu, de Jesus ou de qualquer outro, é um despertar que serve em qualquer cultura, pois está para além delas. Talvez a comparação entre culturas seja importante para ver o quão são efêmeros os conjuntos sociais de realidade, e o quão podem ser moldados pelas palavras, ou construções perceptivas, cognoscentes de um determinado porvo, de acordo com sua formação cultural, ou seja, as culturas são diferentes pois dão diferentes roupagens para a realidade. Mas o que existe por detrás desta roupagem, é universal, e esse é nossa meta, o ver de Castaneda, o despertar de Buda, o ser transcendental de Crishna, e assim vai, são nomes apenas vestes a algo que transcende a palavras...

      Muito boa sua participação aqui amigo, independente se palavras ou silêncio.

      Meu email é: ewalcacer@gmail.com

      Excluir
    2. Ênio,
      Postei as aulas que te falei no seu email.
      Acho que você tem razão sobre isso, a resposta está em qualquer sociedade, disponível para qualquer pessoa, já que o que compõem o macrocosmos compõe o microcosmos, e enxerga-la que é uma tarefa muito difícil. Existem tantos caminhos, tantas "verdades", que é difícil saber para onde ir, mas através do olhar do outro, compreendendo o que temos todos em comum (buda, jesus,etc), é que poderemos juntar as peças desse quebra cabeça. Mas o caminho sempre é o interior...
      Paz e intento!

      Excluir
  2. Ênio,
    Não consegui anexar os slides das aulas que falei, posso te mandar por email? Ou se tiver uma outra forma me avisa que te mando.
    abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Rafael! Vc é se Sorocaba? Eu sou de Itu! ^^ Que linda sincronicidade! Eu gostaria de saber desta trilha que mencionou aqui perto... Meu coração bateu mais forte quando li sobre este lugar!
      Um abraço!

      Excluir
    2. Olá,
      É um lugar que assisti pela televisão, inclusive estava em Itú na casa de um amigo, que fica na cidade de Cabreúva. O programa estava fazendo uma reportagem especial da cidade de Cabreúva, e falou dessa trilha de 11 dias. Foi uma apresentação rápida dessa trilha, não deram muitos detalhes.
      Abraço

      Excluir
  3. Buenos dias Hermanos
    As mudanças nõa acontecem aos poucos, não na vida de um Guerreiro. Elas vem através da Patada do Nagual e isso baté justamente com a Natureza, pois a Natureza não evolui em passos lentos e sim através de um Salot o Salto quantico. Senti isso em uma plantinha aliada minha, não s´senti como vi expressa essa sua mudnça. Als folhas havima mudando de sua forma original e atingiram como num passo de mágica,as novas folhas que estavam anascendo eram diferentes da forma original Fantástico.
    Darshan

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hermano, realmente sempre as mudanças acontecem com patadas. Costumo falar que situações incômodas levam as mudanças, sempre que algo ruim apresenta-se em nossas vidas, fiquemos atentos, alguma transformação grande está para acontecer... Devemos ser gratos pelas patadas, só assim aprendemos a crescer como energia em plena evolução.

      Excluir
  4. Só se aprende a nadar nadando assi é com o Intento só se aprende o que é o Nagual intentando-o. Sicnorncidades incriveis me permearam neste texto, sobre a evolução e a compreenssão do uqe o Nagula havia falado a Totlidade do Ser, temos de reconquistar nossa totaliadade do ser. Existe uma recapitulação que só os Guerreiros fazem e estou num momento sublime de mina vida que ando fazendo isso. Vou recordar as palavras do Nagual
    "um grande teste foi elaborado pelos novos videntes para seus aprendizes, reconstituir a trajetoria de seu ponto de aglutinação enquanto sobre o dominio do Nagual" essa é a outra recapitulação, uma a mais , uma recpaitulação da segunda atenção, para reconwquistarmos a totalidade do Ser, Desloquei o ponto de aglutinação agora e recordei inclusive as paginas onde ecsitem referencias sobre o momento em que estou vivendo; No fogo interior pag.145 e no lado ativo do Infinito, pag.239.
    Darshan

    ResponderExcluir
  5. Olha... Depois dessas belas palavras, há tão pouco o que acrescentar...rsrs... Cada vez mais percebo que somos todos um mesmo! Cada pessoa, cada sociedade, tudo é parte do todo que fazemos parte! Por que um seria mais importante do que outro? Por que ermitar haveria de ser mais importante que interagir? Ou interagir mais importante que ermitar?

    A beleza do mundo está nisso. No entregar-se à dor, entregar-se à alegria, ao medo, à paixão, e ainda assim estar consciente dentro de cada um deles. E principalmente: entregar-se ao Divino em nós, que é eterna transformação.

    um abraço a todos!
    Intento!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É Jessika, o tesouro humano está nas interações, apenas interagindo encontramos os nossos espelhos nos gestos e ações de outras pessoas, e encontrando isso, começamos a quebrar as nossas falhas, até que um dia não nos veremos em espelhos, quem sabe. Somos sim todos iguais, e descobrindo isso, nossa igualdade como sociedade descobriremos a porta de nossa libertação.

      Excluir
  6. Conto de Poder VIII
    "Meu professor, o nagual Julian,” continuou ele, “era um ator fabuloso. Ele
    realmente trabalhou profissionalmente no teatro. Ele tinha uma história favorita que
    contava em suas apresentações teatrais. Ele usava colocar-me em situações de terrível
    angústia com ela. Dizia que aquela era uma história para os guerreiros que possuíam
    tudo e ainda assim sentiam a agulhada da tristeza universal. Eu sempre pensava que ele
    estivesse contando aquilo para mim, pessoalmente.
    Don Juan então parafraseou seu professor, dizendo-me que a história referia-se a
    um homem que sofria uma profunda melancolia. Ele consultou os melhores médicos de
    sua época e cada um deles fracassou em tentar ajudá-lo. Ele finalmente foi ao
    consultório de um médico eminente, um curador de almas. O médico sugeriu que seu
    paciente talvez pudesse encontrar um consolo, e o fim de sua melancolia, no amor. O
    homem respondeu que o amor não era problema para ele, e que ele talvez fosse a pessoa
    mais amada em todo o mundo. A sugestão seguinte do médico foi que ele, talvez,
    devesse viajar para conhecer outras partes do mundo. O homem respondeu que, sem
    exagero nenhum, esteve em todos os lugares do mundo. O médico recomendou
    ‘hobbies’ como artes, esportes, etc. O homem respondeu cada sugestão do médico com
    as mesmas palavras: tinha feito tudo aquilo e não encontrara alívio. O médico suspeitou
    que o homem talvez fosse um mentiroso incurável. Ele não poderia ter feito todas
    aquelas coisas, como afirmava. Mas sendo um bom curador, o médico teve um insight
    final.
    “Ah!” Exclamou ele. “Tenho a solução perfeita para você, senhor. Você deve
    assistir ao espetáculo do maior comediante da atualidade. Ele irá deliciar você de tal
    maneira que você irá esquecer cada pedacinho de sua melancolia. Você deve assistir ao
    espetáculo de ‘O Grande Garrick!’”
    Don Juan disse que o homem olhou para o médico com a expressão mais triste
    que possa ser imaginada, e disse, “Doutor, se essa é a sua recomendação, eu estou
    perdido. Não tenho cura. Eu sou ‘O Grande Garrick.’”
    .kkkkkkkkkkkkkkkkkk, Darshan 26/03/2013 16:00

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Huahuahuahauhauah, esse conto é muito bom hermano, tem um cerne de intenso poder, de intenso valor. Sua sensibilidade amigo Darshan é incrível, pois é o que tentei mostrar no texto presente, que não precisamos buscar o nosso consolo no mundo, o médico acertou, e o paciente não entendeu. A resposta de nossa busca está dentro de nós, só encontrando o que está dentro, descobriremos os mistérios do que está fora. COntudo para descobrir o dentro, devemos ver o que está fora, só através das pessoas vemos o que somos, e como agimos nas mais diversas situações.

      Excluir
  7. Para espantar essa melancolia que vem do Infinito sem razão aparente, D.Juan tinha uma formula muito simples:
    GIRAR O OLHO ESQUERDO EM SENTIDO HORÁRIO
    Obs: isso também se aplica ao Tédio.
    DARSHAN 09:15 27/03/2013
    * * *

    ResponderExcluir
  8. O Nagual Carlitos havia explicado que o TÉDIO vinha da predominância do movimento circular do corpo direito SOBRE O TONAL. Para isso acabavamoS arranjando Passatempos jogando fora uma coisa precioso que dispomos muito pouco: TEMPO.
    DARSHAN

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Segundo Einstein, o tédio é a força capaz de criar no mundo, Segundo o cientista só no tédio profundo conseguimos acessar a nossa fonte criativa. Ele descobriu a teoria da relatividade, que em suma diz que matéria é energia condensada (o que os xamãs sabias anos antes), em um momento de intenso tédio. Isso deve estar de acordo com essa teoria, já que em momentos de tédio temos duas saídas, nos entregar a sensação, ou mover nossa percepção para o lado esquerdo, o lado criativo e criador.

      Já perceberam que os grandes poemas, os grandes pensadores fizeram suas descobertas em momentos de tristeza, nostalgia, tédio. Costumo falar que apenas chegando ao fundo de um lago que conseguimos tomar impulso para chegar a superfície.

      Excluir
  9. Sobre esta questão de não sermos tão individuais como o sistema quer nos fazer crer, tem uma coisa que sempre me leva a pensar; quando observo um membro(braços e pernas) alheio, geralmente acho que todos são quase idênticos, pelo menos dentro de um mesmo biotipo, ai percebo que realmente a "persona" é somente uma idéia...

    ResponderExcluir
  10. Estava fazendo o exercicio de reconquista da totalidade do ser e me recordei de Bridgitte, uma bruxa que havia conhecido há anos atrás. Postei aqui mesmo nesse blog vários relatos do que ela me ensinou, Hermano Vento recorda disso.
    - As palavras são falhas, vivem nos pregando peças. - dizia ela. Me recomendou que eu andasse com um dicionário.
    Então fui ao centro e comprei um dicionário de bolso, um aliado que se tornou inseparável.
    - Quero que você descubra a diferença entre ânimo e entusiasmo.
    então já ia pegar o dicionário para procurar as palavras quando ela me disse:
    -Não dessa maneira.
    Que ia me ensinar um exercicio simples porém eficaz. Disse que eu ao invés de procurar a palavra deixasse que ela viesse até a mim.
    Como?
    Desligue o seu dialogo interno e com a palavra em questão na minha tela mental abrisse o dicionário aleatoriamente.
    Darshan 10:01 05/04/2013
    * * *

    ResponderExcluir
  11. Tudo a ver, esta noite enquanto intentava entrar no "sonhar"(má fase rsrsr..), cheguei a um ponto onde ficou patente a importância dos conceitos e palavras, quer dizer, a um certo grau de silêncio interior, qualquer palavra e ou pensamento tem o poder de um terremoto, então ficou evidente a necessidade de coisas que parecem "simples demais" na primeira atenção, mas que são a chave na segunda atenção; apagar a história pessoal, recapitulação..........
    Amigos, não sei se o espaço é apropriado (se não for apaguem), mas vai haver um pequeno encontro de praticantes de Tensegridade, muito eclético e informal, entre nós estará o Fábio,que é um grande conhecedor dos passes mágicos. Vai ser na praia do Rosa em Imbituba SC na primeira semana de Maio, se alguém estiver por perto...

    ResponderExcluir
  12. Muito Agradecido pelo convite que aqui postastes. Valeu Hermano
    Darshan 08/04/2013

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado por partilhar do intento da transformação global

As mais lidas (se gostas de multidão)

A mariposa, a morte, e o espírito

O fim da linhagem de Don juan, a prisão de Castaneda e o legado das bruxas

As dúvidas na caminhada: entre ser tudo e não ser nada