As jornadas entre mundos - A viagem perceptiva dos homens e religiões




Existem infinitas formas de percepção do mundo energético em que vivemos. A forma que vemos o mundo, o que temos como sólido e imutável é na verdade apenas uma faceta perceptiva do mundo. Segundo o velho Nagual, temos mais de 600 formas de perceber o mundo, dentre essas posições, que prefiro chamar de alinhamentos energéticos, existem mundos inteiros que em sua pluralidade me ajudaram a compreennder, recentemente, as diversas crenças existentes e a diversidade de visões de mundos fantásticos relatados por elas.

Cada crença se propõe a explicar o mundo de alguma forma, não vou aqui neste texto adentrar nessa nuance da discussão, pois o que me cabe comentar aqui é analisar a pluralidade dos mundos descritos, a verdade que reside por detrás de cada descrição e o alinhamento, por intermédio de meios ritualisticos, dos fiéis a estes mundos.

Eu mesmo, em diversas vezes, já tive a energia pessoal necessária para empreender viagens a diversos mundos, tive contato com seres e presenças energéticas e é exatamente sobre esse aspecto que venho hoje aqui falar com vocês

O ponto que quero chegar aqui, se é que isso é necessário, é bem simples. Somos muito apegados a nossas opiniões, nos agarramos a elas com unhas e dentes, criticando duramente tudo que é diverso ao nosso pensamento. Estive pensando sobre isso ultimamente e sinceramente querendo entender a diversidade que temos de crenças, de visões sobre a vida e a morte, sobre o espírito, a alma, a matéria e cheguei a uma visão em uma meditação que me respondeu muito do que eu sempre questionei.

Vi, da forma que já narrei aqui outras vezes, diversos mundos como em uma recordação de todos os que já tive a chance de navegar. Me vi realmente nesses diversos mundos, um a um, e vi a minha forma energética se modificar, uma vibração energética dentro de mim que se modificava, um alinhamento de certos aspectos de meus filamentos energéticos, por isso chamo de alinhamento energético a visita a esses mundos, pois bem como o nosso, é necessária uma certa coesão de nossa energia para vê-lo como ele é para o homem comum.

Na verdade fiz uma recapitulação profunda dos diversos lugares que já visitei, contudo de uma forma diferente. Ao invés de apenas olhar cenas como eu mesmo havia visto quando as vivenciei, em primeira pessoa, conseguia alternar entre visões também em terceira pessoa, como se alguém, que não eu estivesse ali naqueles mundos, que de certa forma era eu mesmo. Me via modificado nas diversas visitas que fiz a diversos mundos diferentes, modificando em sentimento, em pensamento e principalmente em termos energéticos, de certa forma havia uma diferença dos campos energéticos dentro de meu ovo de luz, não de forma que eu consiga narrar, mas de forma que eu consegui saber com precisão que eram diferentes.

O primeiro mundo que voltei foi para um mundo de uma visão cristã, poderia ser descrito como o céu.  Nunca fui seguidor de nenhuma religião, mas certa fase de minhas jornadas com a ayahuasca, me alinhei firmemente com dogmas e pensamentos cristãos. Lembrei-me de visitas constantes que eu fazia a um local que parecia ser o céu. Lembro de haver ali um ambiente enfumaçado como em filmes. Fui a um salão que parecia ser o local principal, onde os grandes santos e anjos de Deus se reúnem naquele grandioso mundo que visitei. O salão era cercado por uma bruma que o limitava e o fazia parecer um imenso corredor. Eu pairava por ele e mesmo assim senti o chão de um frio que era acolhedor. Na frente , onde parecia ser o meio do salão, vi várias entidades sentadas e divididas em dois lados, cada lado tinha duas fileiras, uma acima e uma um pouco abaixo. Ali estavam sentadas várias energias elevadas, todas contemplavam algo no meio do salão, era uma energia tão forte e eu não conseguia contemplar os rostos das entidades. Apenas uma me chamou a atenção, era um homem que segurava em uma mão um cajado que ia até o mármore, e na outra mão ele segurava uma vela. A voz me dizia que todos ali sabiam de minha presença, mas que isso era indiferente para eles. Em frente, depois destas duas fileiras tinham três cadeiras onde jorrava pura luz, a energia irradiava daquele lugar e jorrava pelo chão de mármore. Atrás das cadeiras tinha um grande trono, mas eu não pude ver só sentir que a energia do universo ali estava. Atrás desta cadeira estava o próprio Universo, constelações, planetas, o infinito estava ali. Eram duas fileiras de sete cadeiras cada, perfazendo um total de quatorze cadeiras de cada lado, além do trono central. Em outras visitas a esse local, me lembrei de ver espíritos iluminados ao redor das cadeiras, anjos cantando e voando pelo céu ao redor daquele que era o templo de Deus. Quando visitei esse mundo me senti invadido por um amor infinito, sentia-me ligado a figuras bíblicas como Jesus, Maria, eu transbordava luz e energia, era pura adoração ao local ao Deus. Recapitulando vi que era apenas por conta de meu deslocamento que senti as sensações que descrevi aqui, minha vibração energética se mesclou a de milhões de pessoas que hoje vibram em sintonia a esse mundo e a milhares e milhares que em tempos passados antes de mim. Tive então uma súbita compreensão que era esse mundo que fizera com que, desde os pastores que criaram a doutrina, até hoje dentre os que verdadeiramente se conectam a essa energia não estão errados em acreditar no céu cristão, pois eu mesmo o visitei, eu mesmo o vi e as suas diversas energias, é um mundo como o nosso, regido pelas suas próprias Leis naturais, como o nosso é apenas uma forma de perceber o universo.

Tive ainda o privilégio de me encontrar com alguns seres mágicos, como nós, contudo com uma infinita consciência do universo e de seus alinhamentos. Um que cabe citar aqui é o uma figura negra e de cabelos bem rentes e pequenos, de nariz achatado e com contas de ouro como uma tiara em sua cabeça que desce até um símbolo em sua testa. Os olhos são de cor indefinida. A roupa é um manto unilateral não vejo bem se branco ou amarelo. Os dentes brancos pois ele sorri. Tem ele também um cajado que parece um tronco de árvore retorcido que começa como um fino cajado e termina como um grosso cajado, como se virasse uma clava, mas parece ser leve a ele. Tem chinelos em seus pés desnudos. É uma energia que na forma que aparece sorri muito. Têm um livro em sua outra mão, a capa é marrom. Tem neste braço que segura o livro uma pulseira de ouro. É uma entidade que me contou a história de um povo, seu nome, segundo ele falou em nossa interação energética é Tupaguanci, em seu mundo ele é ou foi o equivalente a um Rei, ele ainda me deixou de presente alguns cantos de poder que guardo para mim. O principal que ele me deixou foi uma história de um povo antigo na Terra, uma história inacabada, uma profecia que, apesar de longa, deixo um link para quem interessar aqui (profecia dos tempos).

Comecei então a perceber que todos os dogmas, igualmente se baseiam em alinhamentos energéticos que levam os criadores das doutrinas a contemplação de mundos inteiros, de energias inteiras diferentes das nossas. Segundo os relatos do Velho Nagual, os feiticeiros antigos, de tempos imemoriáveis, dos primórdios de sua linhagem de feiticeiros, tiveram essa visões, de mundos inteiramente novos, contudo de forma mais consciente, viram que podiam saltar para esses mundos e conseguir uma sobrevida, fugiam da morte saltando de mundo em mundo, gerações inteiras no passado sumiram assim.

Contudo, o que compreendi é que esses mundos inteiros são como os nossos, apenas cômodos de uma grande casa. Estamos acostumados ao nosso quarto, ali temos tudo que precisamos para viver, então muitos não buscam os outros cômodos. Algumas pessoas, contudo, conseguem sair desse quarto e contemplar outros cômodos da casa, como eu mesmo fiz de forma deliberada. O que acontece é que algumas pessoas, voltam vezes e outras a esses outros locais que visitaram e acreditam que ali seja o céu, ou o inferno, ou o que quer que vá se tornar a sua crença e dogma, não percebendo que é apenas um outro alinhamento energético o que acontece, uma outra forma de perceber o mundo, tão aprisionante e limitada quanto a nossa. Essas pessoas geralmente propagam a sua visão, ajudado por seres desses outros mundos, levam várias outras pessoas a contemplar esses mundos, a estabelecer de fato uma troca energética com esses mundos e agariam seguidores a partir do momento que conseguem mostrar a existência desses céus maravilhosos. O que fazem sem saber, é muitas vezes servir de nutridor de formas energéticas que nem mesmo compreendem por toda uma vida, levam gerações de pessoas a nutrir essas formas em troca das sensações maravilhosas do intercâmbio energético com esses seres. Essas tantas pessoas mudam de quarto mas sequer percebem que a única coisa que fazem é mudar de quarto dentro da mesma casa que vivemos, achar uma ilusão a mais para se aprisionar. Mas o fato é que não estão errados ao propagarem a idéia de um céu de um inferno, de santos e anjos, pois esses são apenas nomes dado as formas energéticas que encontram em seus caminhos. Não estão errados, têm apenas um conhecimento limitado, não sabendo que existe um infinito de possibilidades além daquela que encontraram. Lém desses cômodos, desses mundos que podemos visitar, temos a possibilidade de ir além, um lugar fora dessa casa, um lugar onde reside a fonte de tudo, não posso falar como conhecedor pois tive apenas vislumbres desse local, é um lugar além da fronteira dos mundos. O que digo é que desse mundo contemplamos o todo, somos a percepção pura, com cada parte de nosso ser e com o todo ao mesmo tempo, nos conectamos com tudo mantendo a nossa individualidade, ali percebemos o mundo como é na realidade, a fragmentação do todo que é a fonte de toda a existência, ali é a Terceira atenção descrita ao Nagual Castaneda pelo Velho Nagual.

O que quero mostrar aqui, discorrer, é que todas as crenças estão certas, existe mesmo um céu, um inferno, existe uma cidade chamada Nosso lar, existe o purgatório, os Deuses Egípcios, Indígenas e tantos outros que nem conhecemos, tantas formas de consciência e vida no universo que seria impossível nessa nossa vida contemplar a todas. Existem seres de toda a sorte presos na mesma merda que nós, presos em seus alinhamentos, em suas coesões de mundo, em suas realidades, alguns são cientes de outras existências, outros totalmente alheios como é nossa raça em geral. Existem seres agora ao nosso lado, compartilhando de nossas vidas sem que nem mesmo saibamos, cegos dessas presenças energéticas.

O que quero chegar, além de tudo, e que bem como os feiticeiros antigos, o problema que vejo nas doutrinas é no pensamento que existe salvação em conseguir ir a outros mundos, sendo que estarão apenas presos a outras realidades, bem como uma roda, estando ora abaixo, ora acima, mas sempre em uma roda de realidades. Os feiticeiros antigos se perderam nessa perigosa jornada, religiões orientais advertem sobre essas prisões de realidade, que são muito atrativas a nós, mas que são igualmente ilusórias a nossa realidade. Uma relação dessa, como já citei, pode ser extremamente prejudicial quando feita com seres com consciência infinitamente maior que a nossa, o que vai depender do nível energético que dispomos, que para o homem comum geralmente é muito baixa. Imaginem só, o relacionamento com seres que são cientes de nossas fraquezas, nossa alienação da realidade energética do mundo, ciente de nossas jorros energéticos de sentimentos, seriam então essas consciências capazes de proezas e dádivas mágicas só para se alimentar de nossa energia supérflua. Somos na verdade presas fáceis, fomos criados como seres dóceis, crédulos de nossa força perante a nossa frágil realidade, presos ao alinhamento energético atual de nossa realidade, e ainda as forças que se alimentam de nossa energia há tempos e tempos, que nos deixou cheios de certezas e sem a mínima humildade para ver que somos nada, grãos em um infinito universo. Somos dessa forma muitas vezes arrebatados por energias que se utilizam de nossa força, de nossa infantilidade de consciência, em troca de pequenos deslumbres de mundos como céus, de santos, de anjos, de um infinito amor que na verdade é apenas o reflexo de uma interação energética que estão tendo sem nem mesmo ter consciência. Nos prendemos assim mais e mais na teia da realidade que se estende um pouco mais que a nossa, talvez seja uma escolha sábia ter uma sobrevida nesses mundos, mas prefiro ainda a liberdade de não estar preso a descrições, a nenhum alinhamento que seja, conectado a fonte de tudo e livre para explorar o universo. Mas não me apego a certeza de que essa é a melhor escolha, pois não passa disso, uma escolha simples, pessoal, um intento que compartilho com poucos, um caminho de enfrentamento a forças infinitamente maiores que as nossas, sem a mínima garantia que atingirei meu objetivo, mas consciente do local que quero chegar.

Por isso acho interessante, por outro lado, a visita a esses diversos mundos, a interação, desde que consciente com as diversas formas de energia, com elas entendi a crença dos fiéis cristãos, entendi diversas religiões, e ainda visitei mundos que não vi precedentes em descrições, mas que são mundos. Como já disse aqui nesse espaço, já fui no local tido como Nosso Lar pelos espíritas. VI mundos indígenas, com histórias entrelaçadas com a nossa, como já citei aqui. Mundos indígenas, futuristas, um mundo aquático onde as pessoas nutriam os filhos através de suas bocas, homens peixes, que davam seus filhos para a grande mães criadora daquele mundo se nutrir, choravam a morte necessária de seus filhos para alimentar a fonte criadora, mas eram todas realidades, como a nossa realidade, ilusória, aprisionante, aspectos de uma realidade maior. Vi muitas vezes homens perdidos ali, como zumbis, pensei se estavam sonhando pois não sabiam onde estavam, enquanto os seres mágicos que eu vi sabiam com perfeição quem éramos, quem era consciente e quem vagava em sonho, sabiam sempre, em sua grande maioria como visitar nossa realidade.

Continuarei esse meu exercício como viajante, caminhante que sou, pelos diversos mundos que minha energia permitir, claro, tenho que estar completamente ciente de minhas jornadas mágicas, de minha possibilidade de alinhamentos energéticos, só assim conseguirei me acostumar, em um sentido mais profundo que somente o intelectual, de que a nossa realidade não é nada mais que um aspecto de uma infinidade de possibilidades que nos é acessível, e só assim que eu conseguirei ver que a minha única opção consciente nesses diversos mundos é não me apegar a nenhuma descrição, pois todas são igualmente aprisionantes. A única opção que me falta é a percepção total do universo, a percepção energética e total, a terceira atenção, ali onde estaremos conectados e seremos parte consciente de tudo, batedores do infinito, do mar incomensurável que é o Espírito, quando chegar ali, se chegar um dia, ai chegaremos a essência que representa a palavra liberdade.

Comentários

  1. Compartilho das suas concepções, cara, Enio. Seu texto deixa bem claro pra mim muitas especulações que fiz-a mim mesmo e vejo que boa parte tem procedencia.
    Intento!

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  2. São experiências com grandes deslocamentos do P.A que pode nos ajudar muito, não só porque serem esclarecedoras, mas também pela bagagem de informação que traz a tona. Fico imagino quanto pessoas que tiverem o firme intento de alinharem seus P.A num encontro desses nestas camadas "dimensionais" ... fico imaginando. Afinal um dos propositos dos guerreiros é exatamente este, agluninareme mundo e se encontrarem neles.
    Voltarei a minha disciplina porque acredito que possamos comartilhar desses mundos, intento guerreiro!

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  3. Tori, exatamente o que penso, a ajuda está no deslocamento em si, e na capacidade de voltarmos aquele ponto exato em que deslocamos o PA. As seitas, religiões, grupos místicos fazem isso, deslocam inconscientemente o PA juntos para dimensões mágicas buscando um esclarecimento do mundo que vivemos ali, o problema é que ficam fixados naqueles mundos, isso não é liberdade. Agora os feiticeiros se encontravam em grupos, conscientemente, em incursões mágicas, ai sim, com consciência e não acidentalmente é tudo válido.
    Sei que estamos aglutinando guerreiros nesse caminho Tori, chegaremos lá tenho certeza, basta continuarmos na caminhada e sei que a sua é longa.

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