O equilíbrio do guerreiro - o estreito caminho da liberdade
Hoje de forma inusitada, quando voltava de minha matinal exercitação em uma academia, percebi dois cachorros correndo em círculos, em uma rotatória, um totalmente preto e um totalmente branco, da mesma raça, porte e alegria na brincadeira matinal que faziam. Imediatamente, como pego de supetão por uma traquinagem de minha imaginação, ou até por um momento de mágica do espírito, vi os dois de cima, como se tivesse duplicado a minha visão. Na hora percebi que naquela incessante corrida estava a representação da dualidade de nosso mundo cotidiano, vi perfeitamente, formado pelo vulto da corrida, a formação do símbolo mágico no ying-yang. Isso me deu a entender a forma com que compomos, compusemos e comporemos toda a nossa história no mundo cotidiano, para o entendimento da mente, para o funcionamento do mundo ordinário que vivemos.
Entendi então a magia da duplicidade, que se revela na unidade da energia. Somos duplicados apenas pela descrição composta do mundo, o sentido maniqueísta de bem e mal, claro e escuro, tudo apenas descrição, é uma ferramenta mágica que utilizamos apenas para simbolizar a dualidade do universo. De um lado a massa escura, criadora, feminina, devoradora, de outro a massa clara, finalizadora, masculina. Não existe um conflito entre os dois tipos de energia, não existe uma briga, não existe o bem ou o mal ali, aqui ou em qualquer outro lugar, o que existe são tipos distintos de energia que compõem o universo. Assim como os dois cachorros que brincavam ali naquele momento, completando-se, instigando-se, desafiando-se, dessa mesma força gira a energia em nosso universo, em nosso interior.
Entendi naquele lampejo de energia muito mais do que apenas a dualidade aparente do universo, entendi o que somos. Percebi os homens, os animais, as plantas, como apenas energia, energia como ela é no universo, em diferentes tipos de aglomeração, de quantidade, mas igual em sua essência. Então percebi que a descrição era apenas o aprisionamento de qualquer aglomerado energético na forma aparente, em sua máscara do tonal. De alguma forma, o tonal é a máscara que além de nos fornecer a ordem necessária para a contemplação do nagual, é também a máscara que nos aprisiona na ilusão de que somos apenas o que aparentamos ser, e não o que somos realmente. Neste ponto específico entendi perfeitamente o que vem a ser a definição de “perder a forma humana” dada por Castaneda em seus livros. Entendi que perder a forma é compreender em um nível energético que não somos o que a nossa energia aparenta ser, não somos humanos, com pernas, braços, cabeça, somos apenas energia ordenada desta forma para que haja uma coesão.
Quando há um entendimento energético deste fato, transcendemos a forma humana, perdemos e rompemos as máscaras, deixamos de ser controlados pelo tonal e nos entregamos ao nagual, não que um seja reduzido, destruído, apenas mudamos a ordem de domínio em nosso corpo energético, passamos do tempo do tonal para o tempo do nagual. Desta forma deixamos o controle da mente se submeter ao controle energético da totalidade do ser. A mente é o fator máximo do nosso tonal, é o dominador em nossas vidas, durante toda ela, é o cetro e a coroa do nosso tonal. Dessa forma, é trabalho de nossa mente subjulgar o nagual, deixa-lo sob o seu controle. Contudo, caros guerreiros, não há como domesticar algo como o nagual. Neste ponto o que podemos ver é o aprisionamento do nagual em uma jaula totalmente escondida, permanecendo ali por toda uma vida, sendo constantemente vigiado pela nossa mente, pelo nosso tonal.
Perder a forma humana, perder as máscaras, é subjulgar a mente, destroná-la sem destruí-la, não aprisionando-a mas lançando mão dela como ferramenta de libertação. Dessa forma, voltando ao início de meu texto, devemos voltar a ser totalmente duais em nosso corpo, em nosso microcosmo, em nosso universo interior, devemos reequilibrar o nosso corpo energético, devemos formar a perfeição do ying-yang dentro de nós, devemos equilibrar o tonal e o nagual, de forma que, aprisionados no tonal somos como somos, sonâmbulos, perdidos na interpretação limitada do mundo, aprisionados no nagual somos loucos, em um caleidoscópio infinito de interações incompreensíveis para a nossa energia.
A busca do equilíbrio, do caminho do meio, é a meta maior do guerreiro, pois apenas esse pequeno e estreito caminho nos levará a libertação. Vivemos a vida aprisionados na nossa descrição, dedicamos praticamente todo o nosso quinhão energético a manter o mundo ilusório que vivemos, e não temos como equilibrar isso se não dando a mesma importância para o nosso lado mágico. O que falo é de uma divisão de tempo, que acontece de forma quase natural em nossas vidas, mas que deve ser exercitada para que haja nela eficiência, essa é a primeira parte da formação do equilíbrio em nós.
Equilibrar-se nesta primeira fase consiste em dividir as atividades diárias do tonal e do nagual, essa é a primeira meta, segundo a minha visão. Dividir as atividades é dividir o tempo nas atividades do cotidiano com as atividades na segunda atenção, naturalmente temos essa divisão no mundo desperto e no mundo do sonhar. Aqui não temos que pensar ainda no controle efetivo do sonhar, o que falo é de um equilíbrio perfeito temporal entre aos dois estados, não que vamos dormir 12 horas, mas que deve haver uma fórmula de tempo dedicada em sua exclusividade as atividades da segunda atenção, afora as horas de sono, horas dedicadas a meditações profundas e a atividades ligadas ao nosso corpo energético, como passes mágicos, desta forma equilibrando o tonal ao nagual em nosso dia a dia.
A segunda forma de equilíbrio é incluir o nagual nas horas do tonal e incluir o tonal nas horas do nagual. Isso é representado no símbolo do ying-yang como as bolas pretas dentro da branca e vice-versa. Isso significa completar o equilíbrio entre os dois dragões. Desta maneira, nas horas em que adentramos no tempo do nagual, como nos sonhos, utilizamos de uma parcela do tonal para dar coesão as experiências no nagual, como o sonhar, como as meditações as interações com as plantas de poder e outras atividades na segunda atenção. Do outro lado completamos o equilíbrio utilizando das ferramentas do nagual quando das atividades no tonal. Fazemos isso utilizando métodos como a espreita, como os tiranos, como a contemplação, os não fazeres.
Vi que o estabelecimento do equilíbrio cria uma movimentação energética em nosso ser que nos leva ao entendimento energético pleno, que seria a perda das máscaras, a perda da forma humana. Só atingindo esse limiar é que conseguimos nos tornar verdadeiramente guerreiros videntes, livres das amarras da percepção e da dormência de nosso campo energético, aprisionado pelo algoz do tonal, a mente e os seus súditos, os cinco sentidos.
Intento guerreiros.
Buenos Dias hermanos Guerreros
ResponderExcluirquando lí o texto acima, recordei imediamente das palavras de Bridgitte:
- O Guerreiro aprende a caminhar pelas borda da moeda,desse modo é capaz de ver as duas faces da meswma.
Essa frasew ouvi dezenas de vezes e sinto que exprime muito bem o sentimento do texto.
Abraços hermanos
Dárion 10:00 05/008/2011
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Hermanos, perdoem-me, por não informar antes.
ResponderExcluirNo dia 04/08/2011 devido a um novo ciclo que se inciou em meu caminho como Guerreiro, recebi do Abstrato, do Intento, do Espírito um novo nome que me ajudará a cumprir minha tarefa. Recebi-o envolto em um Vento forte e em um momento importante de minha vida depois de cumprir algumas tarefas pelo Espirito desiginadas. Tentei-as cumprir fielmente e impecavelmente.
Como D. Juan dizia: Para o Guerreiro O sucesso e o fracasso não tem importãncia e sim o Intento.
Dárion 05/08/2011 10:10
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Sim...equilíbrio é andar sobre a linha do meio!! Gaivota 31/03/14 21h50
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