Um novo ciclo para o homem



Um limite sutil divide o conhecimento ancestral que reside dentro de cada um de nós da imbecilidade que nos guia no dia a dia de nossa vida. Percebemos, apesar de nossa imersão aparente no mundo superficial, que a todo instante uma voz mais profunda nos fala dentro de nossos corações, em algum lugar outro que não a nossa mente cotidiana, mas em geral desprezamos essa parte de nossa consciência, deixamos ela de lado até que conseguimos ver o quão certa ela podia estar. As vezes essa voz se manifesta em nós como um pressentimento, como uma intuição que temos, como uma voz profunda que nos guia, ou pelo menos tenta guiar. Mas somos tolos, ou melhor, somos criados como tolos, tangenciados pela mente social durante toda a vida para desprezar as intuições, para esquecer essa voz, para "matar" os amigos secretos, para desprezar os sonhos e visões. Somos criados para acreditar no mundo que nos cerca, como se o que nos cercasse fosse apenas a realidade aparente que nossos sentidos primários podem tocar.

Vejo com a mais clara estampa a intuição dos bebês se manifestar, eles sabem perfeitamente quando algo está errado, quando não gostam de alguém ou de algum ambiente, mas sempre tem os seus primários instintos, a sua primária percepção afogada. Os pais, os tios, os servos da mente social, sempre apunhalando a intuição naqueles que ainda a possui, chamando de besteira, de imaginação, de ilusão, matando aquela planta que brota dentro de cada pessoa, pronta para guiar o homem a todos os maiores mistérios que o cerca e que reside dentro dele mesmo. Assim o homem passa uma vida desaprendendo a beber o conhecimento direto da fonte, a ouvir a voz divina que reside dentro de seu corpo, a esquecer que um dia foi mágico.

Durante toda a vida, a criança desaprende o mundo real, e é ensinado a ela o mundo superficial que estamos acostumados. A todo instante mata-se uma parte mágica de uma criança, como se os adultos em geral fossem uma erva daninha, a sufocar uma bela flor que começa a crescer. Desfazem-se os sonhos, desfaz-se o olhar mágico de uma criança, matam-se os personagens, os mundos, os amigos imaginários, os heróis e monstros, cada um ao seu tempo, todos com o mesmo destino. Ali está a maior empreitada da mente social, a dita educação social a qual sujeitamos as nossas crianças. Vejo em minha casa, vejo a minha volta, cada dia mais as crianças são mais precoces, esquecem-se mais rápido das brincadeiras, desacreditam mais de seus sonhos, da mágica do mundo, dos seres encantados e voltam-se as necessidades do mundo social, em manter o sistema, em se tornarem máquinas a favor de todo o sistema bestial que nutrimos a cada dia, um sistema predador, que está a destruir o mundo em que vivemos a troco da manutenção de um sistema social falido, em que se imputam necessidades inexistentes para a nossa vida e o nosso sustento nesta Terra.

Se de um lado evoluímos na expectativa de vida, na cura de doenças, no conforto e nas comunicações, involuímos em tantos outros aspectos que seria impossível listá-los. A cada dia surgem mais doenças, geneticamente aperfeiçoadas, a cada dia mais pessoas morrem de fome, a cada dias existem mais pessoas obesas, a cada dia as crianças, apesar de precoces, conhecem menos do mundo que as cerca, além do que é dito em Wikipédia e consultas ao google. A cada dia o nosso mundo perece e temos que sugar mais dele, pois a cada dia novas necessidades são criadas para manter o homem mais preso a sua ilusão de realidade. Mas este é um ciclo que tende a findar-se, estamos diuturnamente estuprando o mundo que vivemos, sugando-lhe tudo que precisamos e muito mais que não precisamos para viver, sem dar-lhe nada em troca e isso está a sufocar a nossa própria existência. O capitalismo está em crise, um colapso nas economias globais está se iniciando, os recursos do planeta estão se reduzindo e teimamos em fingir estar tudo bem, está tudo certo.

Não preconizo um fim para o mundo, acho isso um exagero, mas sei que mudanças acontecerão, bem como aconteceram com diversas civilizações antes de nós. A grande diferença é que antes não tínhamos uma civilização em escala global como hoje. Vejo claramente que iremos sucumbir, não em um cataclismo, mas em uma crise tão gigantesca que nos fará mudar o rumo de nossa civilização, nos fará rever os conceitos que nos levaram a ser como somos hoje. Não existe desenvolvimento sustentável, como bem disse já um ecologista, o desenvolvimento reside em sugar o máximo do meio ambiente, e a sustentabilidade reside em tirar apenas o necessário, são conceitos antagônicos que entusiastas do capitalismo tentam nos empurrar goela abaixo na tentativa vã de dizer que nossa civilização sobreviverá, mas não vai, não da forma que está.


O mundo haverá de sofrer grandes mudanças, que sejam partindo do homem para um modelo social ou até vindo de uma transformação global e internalizando-se no homem, não sei e nem quero propor previsões, o que importa é que iniciamos o processo de retorno, de reivindicação de nossa sociedade, há muito tomada pela mente social que nos impôs um modelo falido de sociedade. Tive um sonho, dias desses que representava uma transformação como esta. Eu via todos os homens vendo seres inorgânicos pairando pelo céu, via as pessoas desesperadas ao descobrirem que o mundo não era aquilo apenas que fomos criados para acreditar, via pessoas enlouquecendo, outras se matando, outras aceitando e seguindo adiante, dessa forma percebi o mundo se transformando, as coisas se ajustando a medida que nossa percepção era naturalmente ampliada. 

Não sei, como já disse, o que acontecerá ao nosso mundo, o que virá nos dias que se seguirão, mas sinto claramente que as coisas estão inevitavelmente chegando até o abismo final e neste abismo a nossa civilização terá duas escolhas, pular e se esborrachar no fundo do abismo ou aprender a voar e chegar a um nível evolutivo que realmente seja condizente com a capacidade infinita e ilimitada do homem.

Comentários

  1. Buenos dias Guerreros.
    Hermano Vento,
    como ja´comentei diversas vezes, Bridgitte sempre me incentivava c observar as crianças em suas brincadeiras. Muitas delas, vistas pelo prisma do Guerreiro, além de sua ludicidade são verdadeiras aberturas, portas para a segunda atenção, como fazer caretas diante do espelho (só para o exercicicio) para espantar as forma humana, ou qnando as criancas ficam paradas rotacionando so braços as redor do tronco. Encontrei a confirmação do que ela dizia quando em uma doação que veio para o colégio, encontrei um pequeno livro (um presente de poder):
    os 5 ritos tibetanos do Dr.Peter Kelder que mostrava logo de cara esse exercício.
    Dárion 17/08/2011 08:53
    * * *

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  2. Nice day, Warriors.
    I would like the Warriors to give an special attencion for one capitle from the book of Armando Torres (Encontros com o Nagual, disponible in a PDF version)
    The capitle is "A Saturação conceitual".
    it delineates that Warriors have a feeling of an imiment departure with no time to loose.
    We must make this feeling to raise in ours hearts.
    Dárion 18/08/2011
    Best regards,
    * * *

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  3. Grande texto, amigo Guerreiro. Com certeza, desenvolvimento sustentável é como sugerir um estupro consentido. Uma falácia.

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