A teia da vida – a jornada evolutiva da energia pelo universo.





Quem vê suas vidas passadas,
E vê os céus e os infernos,
Quem extinguiu o renascer,
Sábio, com a mais profunda visão,
Chegado à perfeição final,
A este, sim, chamo eu de brâmane.
(Dharmapada, cap. XXVI, p. 127)

Foi assim que o espírito me deu uma indicação profunda neste dia, quando abri um livro buscando uma direção e ele me foi aberto exatamente neste trecho pelo qual iniciei este texto. Inicialmente não entendi por completo o que estava descrito, então focalizei a minha atenção e meu sentimento naquela mensagem que eu estava certo ser um indício do espírito. Então que senti uma onda de energia muito grande me penetrar, um sentimento profundo de tristeza me tomou conta do coração, como se algo estivesse sendo perdido por mim, ou sendo encontrado. Dizia Don Juan que a tristeza real no mundo dos guerreiros é um sentimento que eles sentem ao deparar-se com o infinito e veem-se enclausurados nesta roupagem humana. Disse ainda que o guerreiro deveria se rir desse sentimento e não deixar-se levar por ele, essa seria a única forma de suportar a imensidão da negrura infinita.

Mas não consegui me rir daquele sentimento, pois ele veio carregado de uma visão, uma mensagem intensa do espírito para mim. Senti realmente as lágrimas me correrem pela face enquanto eu recebia toda a profusão da mensagem que me era dada, ou melhor a mensagem que eu conseguia alcançar com a minha quantidade energética. De alguma forma, tudo se condensou em poucos minutos e depois foram apenas a recapitulação deste intenso instante. Como se consoante com o que eu tinha vislumbrado acerca do tempo, vi a intensidade da manifestação se passar em alguns minutos na contagem ordinária de nosso tempo, mas recapitulando o eventos pareceu-me uma imensidade de conhecimento que dificilmente conseguirei compartilhar em sua totalidade aqui neste espaço.

Já falei aqui sobre reencarnação, e sobre a confusão que geralmente as doutrinas modernas fazem com o conhecimento antigo e milenar da reencarnação. O tópico emana da simples constatação que a energia no universo serve apenas a um propósito, a evolução. Ela está em um constante círculo, que emerge desde a fonte universal, e retorna a ela, seja o nome que quisermos dar a esta fonte universal. Contudo, em nosso caso específico, a energia emerge da fonte, e propositalmente é colocada em um receptáculo, a forma humana, a forma que viveremos e trabalharemos mais uma etapa da evolução desta energia.

Somos parte essencial do universo, como seres conscientes, com uma consciência especial, fazemos com que o universo seja consciente de si com nossa consciência. Isso acontece porque somos parte do próprio universo, e sendo parte dele, além de energeticamente somos parte de sua consciência universal. Contudo, o que falei é o que supostamente deveríamos ser, não o somos de todo conscientes, em nossa jornada nesta Terra, como civilização, em algum momento de nossa jornada, alteramos o rumo de nosso caminho, passamos de seres mágicos a seres reclusos em nossas próprias aberrações, ficamos presos em uma realidade, em uma coesão criada inicialmente para nos nortear em meio a um universo incomensurável de energia. Classificamos a energia que nos poderia ser útil em nossa jornada e criamos uma coesão que solidificou estes objetos, que por fim apenas representam traços de emanações energéticas da fonte, ou seja, que são interpretações do que nossa energia percebe. Contudo, com o tempo, esquecemos que por detrás de cada objeto existe energia, e que o que vemos é apenas uma interpretação feita pela nossa mente. Então, a mente, criada na era da razão como uma necessidade coletiva de sobrevivência, hoje não nos é apenas uma ferramenta mágica, é acima de tudo a nossa prisão.

De alguma forma, percebi na visão o que já havia visto por milhares de vezes, que algo, um propósito muito maior reside por detrás de nossa jornada nesta Terra. Todos percebemos isso durante a nossa vida, todos em algum momento, em vários momentos questionam acerca do sentido da vida, de onde viemos e para onde vamos, e qual o propósito desta existência, e mesmo tendo a resposta estampada em cada centímetro de nosso campo energético, teimamos em transformar estas perguntas em uma alegoria da vida, que nunca poderá ser respondida.

O sentido da vida, não só de nossa vida, conforme pude ver em minha visão, é a evolução energética, o universo tende a evolução constante da energia, é interessante ao universo a constante evolução, energia inanimada, sem consciência evoluindo em sua forma ao longo da vida do universo para seres cada vez mais conscientes, e esta consciência individual somada é a consciência do próprio universo. Castaneda citou em seus livros, mais especificamente no menos lido, “O presente da àguia”, um regulamento, complexo que reflete a própria interpretação de sua linhagem de feiticeiros sobre o esquema evolutivo do universo, contudo, sem um exercício de interpretação e sem o toque do espírito não é possível entende-lo de pronto, e captar a mensagem maior por detrás do regulamento. Todos o conhecimento é assim, pode até mesmo estar aberto a todos, mas a chave para adentrá-lo é energia, tendo energia entendemos os mistérios que geralmente estão a nossa frente. 

O presente da águia, segundo o regulamento, é a possibilidade de um ser humano não ser consumido pela fonte do universo, pela águia, mas este não é um presente, é muito mais uma necessidade do universo, essa foi uma das facetas mais impressionantes da visão que tive, não é uma dádiva dada a um indivíduo, a um grupo especial passar pela águia, na verdade, é o objetivo, este é o nosso objetivo como energia, como homens, como consciências. O nosso objetivo único na vida talvez seja esse, objetivo esquecido tão logo somos presos no primeiro círculo de poder que criamos para nos proteger, e hoje serve para nos prender. Nosso sentido da vida é alimentar a nossa própria consciência, e com isso estamos alimentando a própria consciência do universo, todos somos um, não existe divisão além do que percebemos, somos partes do todo e o todo sem as partes não pode ser todo, bem como a parte sem o todo não é nada.

Somos um conjunto de energias que já pertenceram a outras formas de vidas, homens, inorgânicos, plantas, insetos, somos um conglomerado de energia de várias partes do universo, juntadas por algum motivo no momento de nossa concepção e na criação do que somos agora. Temos incontáveis histórias dentro de nós, e isso mesmo nos confunde, acessando essas informações, tomamos como certo que são outras vidas que nós mesmos tivemos, e estaria certo se não fosse o reducionismo que as teorias reencarnacionistas se encerram. De alguma forma, a união das energias que nos fazem ser o que somos servem a um propósito, por algum motivo, a fonte de onde viemos nos dá uma ordem antes de nosso nascimento, qual seja, o aprimoramento da consciência, de forma que possamos manter a nossa consciência sem voltar a fonte. Voltar a fonte significa o dever não cumprido, ser consumido significa que não conseguimos o objetivo, qual seja, a liberdade perceptiva, sermos mais uma parte do universo consciente de si própria e do todo. O velho xamã Nuvem que Passa já dizia em uma analogia fantástica, que somos fios de vários tapetes, uma parte de nós já foi um tapete de um rei, outras já foram fios de tapetes de servos, mas estes foram desfiados e com partes deles foram tecidos novamente no que somos hoje.

Então que percebi a visão e sua ligação com o texto que expus no início do riscado. “Quem vê suas vidas passadas, diz o texto, o céu e o inferno, que extinguiu o renascer”, quem faz isso é quem adquiriu a consciência total. Entendi isso como ir além da recapitulação. Recapitular é ir ao nosso passado varrendo tudo que fizemos em termos de energia e recuperando o que é nosso, devolvendo o que é de outros. Devemos passar a vida recapitulando para manter a nossa integridade energética e aprimorar a nossa consciência, além disso, segundo a tradição tolteca, recapitular cria um ser duplicado, que servirá a fonte como pagamento pela nossa libertação. Contudo, recapitular, como exercício de consciência do que somos em nossa vida é muito pouco, recapitular deve ir além, entendi que podemos acessar conhecimentos de outras vidas, de partes de nosso tapete energético, acessar filamentos que estiveram em outros seres que não conseguiram evoluir, e guardam em si um valioso tesouro de aprendizado que pode nos faze não cair mais nas armadilhas que pode nos impedir de cumprir a ordem da águia, a liberdade.

Neste momento que percebi que, com ajuda de plantas de poder, e meu próprio esforço, já havia acessado vários filamentos meus que haviam pertencidos a outras pessoas, a outras formas de vida, percebi então apenas o cerne principal do que fizera falhar essas formas de vidas anteriores e o que isso podia me servir como aprendizado, como parte de minha evolução energética, conforme dita as leis que regem o movimento contínuo do universo energético.

Em uma visão, lembro-me ter sido um morador da mata, mas sei que não era eu, era parte do que sou hoje que estava ali. Um homem antigo, que se perdeu por não aceitar que o mundo ia além do que ele podia ver. Uma história comum dentre tantas outras, de pessoas que nos cercam a todo o tempo, pessoas que vivem apenas, sem sequer questionar-se pelo motivo de estarem aqui, e para onde caminha as suas vidas. Parte de mim manteve essa lembrança, e tinha um amigo que insistentemente falava sobre o espírito, mas que mesmo assim eu não queria ouvir. Assim como os sussurros do espírito acontecem a todas as pessoas, indistintamente durante todas as suas vidas, sem sequer ser notado, e quando o é, sendo apenas relegado ao descaso e a imaginação. Lembro-me de que na beira de um riacho, no meio de uma floresta alta a pessoa me dizia, que se não fosse hoje seria um dia, mesmo que não fosse nesta vida, que eu saberia, que muito mais que a ilusão é a vida, e muito mais que o fim é a partida.

Então em uma outra visão, vi mais um pedaço dos fios que me compõem, vi um homem de fé, perdido da mesma forma. Um homem que acreditava, que pensava seguir o verdadeiro caminho do espírito. Eu seguia quem dizia professar verdades, quem dizia ser o representante do espírito. Mas eu ainda estava perdido, eu, ou parte de mim, ouvia apenas a voz de pessoas como eu, mas não ouvia a voz maior do espírito. Era igualmente perdido, igualmente surdo, igualmente insone a todos que em nada acreditavam. Quando ouvia a voz do espírito me recusava a creditar, e mais uma vez fui consumido pelo negrume infinito, e mais uma vez ali fiquei, não consegui manter-me por não acreditar, fui desfacelado em mil pedaços um deles hoje aqui.

Na terceira visão vi um ser diferente, era um inorgânico. Era de um mundo onde os inorgânicos eram venerados pelos homens. Ali eu era como um mensageiro, eu pensava ser um Deus, pois assim os homens nos tomavam. De um lado os insones homens em suas crenças, e de outro um bobo acreditando no que acreditavam os homens, insones adorando insones, todos perdidos na ilusão maior, seja ela mítica ou sólida, igualmente a ilusão, como qualquer outra, muito distante da verdadeira realidade energética do universo, mais uma vez a parte que me compõe hoje como energia naquela visão foi consumida pela águia, mesmo tendo o tempo passado como uma eternidade para os meus iguais.

Entendi então que só com a profunda visão do que nos compõe, de nossa energia como ela é hoje, com a consciência além desta vida, do que somos e com a consciência total do que nos compõe e de nosso objetivo que conseguiremos a libertação. Vi ainda que não é o domo dos naguais, a cidade branca o local de nossa libertação, vi que ali é um ponto além de nosso mundo e de nosso entendimento, mas que ainda precede a jornada definitiva de nossa consciência atendendo a ordem derradeira da águia, ali é um ponto de encontro dentre os que adquiriram consciência suficiente para permitir a sua retenção, até o momento em que ela partirá como um jato para a negrura infinita, o momento em que ascenderemos em luz, queimaremos no fogo interior, tomaremos consciência total de todo filamento de energia que nos compõe, e seremos um ser em consciência total, parte do universo consciente de si mesmo e do todo, só neste momento, poderemos ascender a negrura infinita, e seremos em fim livres em nossa jornada energética, uma jornada que é a composição de uma infinidade de vidas apontadas para o destino evolutivo da energia do universo.

Dedicado aos que rumam a extinção do renascer,
E que buscam a mais profunda visão,
No caminho que leva a perfeição final,
A Libertação!

Comentários

  1. Hermanos Geurreros Buenos dias
    Forte texto Hermano.
    Já nascemos escravos, todos nós. Somos míopes no mundo da ilusão, precisando de óculos, uns de graus mais forte outros mais fracos.
    Uma coisa que nos persegue, a Insatisfação.
    Nunca estamos satisfeitos está sempre faltando alguma coisa. Pensamos ser algo tátil, concreto, para satisfazer nossos desejos, enquanto que não nos damos conta que o que nos falta é termos consciencia do lado mágico do Homem e recuperarmos a Totalidade do Ser.
    Abraços Hermanos Guerreros.
    PS: Logo no início do texto Hermano Vento diz que abriu o livro e deu justamente no texto em apreciação e isso trouxe a recordação da Sincronidade, a concordancia do mundo que se fazia presente em minha vida. Quando ia pegar um ônibus em qualquer linha, sempre que chegava ao ponto do ônibus, ou o bus chegava logo em seguida ou eu esperava uns cinco minutos no máximo. Mesmo ônbius que as vezes demoravam horas. Outra coisa, um teste que faço comigo mesmo: Tento intentat as horas e pergunto a uma pessoa. Quase sempre acertaca na mosca ou errava alguns segundos. Acredito que acontece ou acontecerá esse tipo de coisa com muuitos de nós.
    Mui grato e abraços Guerreros
    Dárion
    08:08 31/10/2011
    In lak ech ala KIn
    * * *

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  2. Hermanos Guerreros
    Nunca falei isso a ninguém a não ser a um Hermano de batalhas depois que me disse que se filho quando pequeno havia lhe dito que vinha de Órion. Hermano Vento acertou.
    Não por causa do nome Dárion,meu nome na segunda atenção. Não fui eu quem escolheu esse nome: foi-me dado depois de certas tarefas que tive cumnprir. Mihha energia veio daquela constelação. Mais precisamente de uma estrela de nome Mintaka, do cinturão de´´Orion que são as Três Marias. Desde criança sempre soube disso, somente tive a confirmação depois de iniciar-me no caminho do Guerreiro. Sei que aquele mundo, Mintaka, não existe mais. Olho para lá e vejo somente seu brilho, sua energia fluindo, pois aquele mundo já não mais existe. Para não criar confusão. Não sou um ser que viveu ponr entre os òrionis, e sim que uma paerte de minha energia vem de lá.
    Abraços Hermanos.
    Como dizia D.Juan "Todos nós viemos das estrelas."
    Dárion 09:30
    * * *

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  3. Quanto a retrospectiva (recapitulação), Bridgitte me adevertia para ficar atento ao que ela chamava de "evento gatilho", um evento disparador de nossas recordações que as vezes passava desapercebido em nossa recapitulação. Por exemplo:
    Estava fazendo uma recapitulação de minha infância, recordando os eventos quando ví um qaudro na parede. Aquele quadro na parede em minha recapitulação me levou a um outro evento em que havia tido maior concentração de energia. O item quadro que me levou a uma outra interação era o evento gatilho que ela se referia.
    Dárion
    Abraços Guerreros
    PS: Uma outra coisa que D.Juan dizia é que colocasse como prioridade as pessoas com quem tivemos nossas interações sexuais, que são devoradoras vorazes de nossa energia.
    * * *

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  4. Taisha Abelar falava que quando da retrospectiva (recapitulação) não deveriamos usar nada nos pés, como chinelas, calçados pois isso impede a circulação energética . UM PEQUENO DETALHE QUE FAZ UMA DIFERENÇA ENORME: muitos podem estar tendo dificuldades em executar o exercicio de recapitular somente por causa desse detalhe.
    Mais um vez, agradecido.
    Dárion
    * * *

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  5. Olá Enio,
    Estou fazendo a recapitulação, e estou em dúvida se é necessário somente fazer as lembranças do passado ou algo mais. Estou somente relembrando algumas cenas do passado, começando com as mais antigas.
    valeu

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  6. Olá Rafael, considero termos duas recapitulações em paralelo, uma de nosso passado distante e outra do passado recente. Temos o seguinte amigo, os eventos passados são listados, e seguimos a lista desde os eventos mais distantes aos mais recentes, a lista funciona melhor se separada por áreas, tipo pessoas que conheceu, casas que morou, etc. Os eventos do dia devem ser recapitulados na noite do próprio dia, e isso acontecerá até o final de nossas vidas, mas é um exercício de disciplina necessário, pois analisamos energeticamente nossos dias, e recuperamos o que perdemos de energia durante o dia.

    Boa sorte na jornada de recapitulação, verá a diferença em tua caminhada.

    intento

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