A caminhada livre do guerreiro vidente






Existe um objetivo para que estejamos aqui. O universo é funcional, e as coisas acontecem com um motivo bem delineado. Entender o que somos é o primeiro passo para chegarmos ao entendimento do que estamos fazendo, e para onde devemos rumar nesta jornada. São questões existenciais que ao largo da existência humana vem sido elucubrada, com conceitos filosóficos, místicos, funcionais, e tantos e quantos os conceitos possíveis para algo que talvez não seja possível identificar por meio das palavras e da razão que é quem nos assiste toda vez que tentamos acerca do desconhecido.
Como tenho por linha base de minha caminhada o legado deixado por Castaneda, o qual chamo de donjuanismo em homenagem ao grande mestre que precedeu o escritor e nagual de três pontas, tenho por como conteúdo básico as explicações que foram deixadas sobre essa linhagem, da qual participo não por capricho, mas por determinação de uma força maior que nos rege a todos, e que me assaltou mostrando que esta era a minha linha básica, em face de meu conteúdo energético, minha formulação no emaranhado de meu ser total.
A complexidade do que somos perpassa pela forma como fomos constituídos, a trama mágica que teceu o emaranhado energético do que somos nesta existência física. Uma das ordens do universo, da força impessoal que o rege, é que a energia sexual é um ato que permite que seja doada uma fatia energética de cada ser par para a criação de uma vida, ou duas, ou três, é uma verdade imutável, que se seguida levará aos efeitos que se propõe esta ordem. A relação sexual foi a origem de cada um de nós que aqui estamos, seres humanos. Em breve elucidação, na relação sexual cada ser envolvido no ato mágico, libera uma parcela de seu ser total ao ato de invocação de energia. Brotando destes seres as energias são encapsuladas em uma bolha energética. A primeira invocação que se faz no sexo é da multiplicação energética, imediatamente os dois filamentos de luz, aleatoriamente escolhidos de dentro do ser total na maioria das pessoas, unem-se e é permitido pela fonte cósmica universal que outros filamentos energéticos se unam àquele, de diversos lugares do universo. Somados à composição primeira das energias do pai e mãe, os filamentos começam a agrupar-se com a parição do ser universal, que chamarei aqui de a fonte. A fonte então assente ao ato de criação, doando consciência em forma de energia. À medida que esse ser é gestacionado dentro do útero materno, a energia que ali se forma, percorrendo os degraus da evolução das formas na natureza, e em paralelo seguindo o fluxo energético evolutivo, segue desde a forma unicelular no plano material até a forma de um ser humano – no plano energético, segue desde a forma de dois filamentos unidos pela magia sexual até a doação total de energia para a formação de um ser, juntamente com a encapsulação deste ser pela forma humana, graças ao órgão mágico que é o útero materno, que faz a derradeira convocação energética para a criação de um ser humano.
De acordo com o emaranhado de energias que se junta no ovo de luz, existem tendências para cada ser seguir em sua jornada. Somos uma mistura cósmica de muita informação presente no universo, filamentos que já foram de planetas, de pessoas antigas, de seres intergalácticos, de sóis, de todas as coisas que um dia saíram e voltaram da fonte universal de onde brota tudo e para onde tudo voltará um dia. Tema por demais complexo, e que demonstra que a energia segue a um fluxo. Ela vem e volta como uma onda no mar, vindo da fonte e voltando À fonte, mas com uma possibilidade mágica, a de seguir indefinidamente pelo mar da vida, à medida que consegue em algum aglomerado, como o humano, ser consciente de si e do todo em sua completude.
O segredo da liberdade tanto apregoada por Dom Juan é esse, compreender o mistério de nos mesmos, descobrir a alegria do que somos e assim atingir a mais elevada meta dos novos videntes.
Contudo, nesta caminhada que fazemos, nos deparamos com muitos mistérios no desconhecido. Conhecido é todo aquele mundo em que ordinariamente estamos acostumados. A ilusão do mundo não significa que o mundo em si seja irreal, não o é, e nunca o foi. O mundo, no entanto, é apenas um pequeno espectro da realidade total, e a ilusão reside em pensar que o que vemos ordinariamente com nossos sentidos é tudo que existe. Segundo Dom Juan o homem moderno abandonou o reino do desconhecido e do misterioso, e instalou-se no reino do funcional. Isso pode ser visto em nosso modo de vida. A cada geração o lado místico, oculto, as visões, a imaginação são substituídos pelo pequeno aspecto da realidade em que vivemos, o mundo social. Videogames, computadores, realidade virtual, desenhos, toda a tecnologia que nos emana a informação de que não precisamos sonhar, existem aparelhos que sonham por vocês, jogos virtuais em que você controla um mundo paralelo, redes sociais em que a vida paralela, com nomes diversos é assumida. Assim, forjando um pretenso mundo maior, o homem afunda-se na lama do mesmo mundo estreito de uma realidade que cada vez parece mais sólida ao homem social moderno. Ai reside o perigo de perder-se.
Do outro lado da moeda, no extremo oposto, estão os que decidem aventurar-se pelo desconhecido. Os feiticeiros antigos perderam-se neste mar quase infinito da realidade. Quando o guerreiro em sua caminhada depara-se com os mistérios do desconhecido, com a segunda atenção, ele descobre um mundo intenso e novo. Muitos místicos de várias linhagens se perdem neste entreposto que é igualmente uma realidade restrita como a realidade social, mas ainda está longe de ser a realidade total da libertação. Muita gente entrega-se a seres ocultos e os idolatra, os venera, conhece mundos novos e apaixonam-se por aqueles mundos, e descobrem segredos de como manipular coisas, pessoas, energias ocultas. As aberrações de chegar a este estágio e perder-se talvez seja ainda maior que morrer na ignorância da estreita realidade do mundo social. Este pântano escuro é o local onde grande parte dos místicos, magos, feiticeiros antigos mesmo da linhagem mais remota e alguns das mais recentes de Dom Juan (como o nagual Julian) se perderam. A busca pela liberdade inicia-se com o desprendimento.
O desprendimento é o ato de presenciar impassível, desde o gesto de uma pessoa conversando futilidades sobre a vida, até o gesto de um ser de um plano distante lhe contar um segredo mágico sobre o deslocamento do ponto de aglutinação, e pesar os dois como iguais na balança da totalidade das coisas. Consiste em conseguir no intervalo do almoço viajar para um mundo inteiramente desconhecido depois voltar e enfrentar o mundo social com o mesmo deslumbre no rosto. Consiste em maravilhar-se com um voo lúcido no sonhar e da mesma forma maravilhar-se com uma corrida simples em um parque de sua cidade. É o ato de apenas presenciar as tantas e quantas possibilidades perceptivas que consistem somadas na realidade total, e de forma imparcial, de forma livre, sem apegos, apologias, detrimentos, sem comparações, pois o guerreiro vidente percebe que tudo é exatamente igual nesta jornada.
Do nascente de brilho maravilhoso,
Ao poente de fonte de luz reluzente,
Todas as horas do dia são imponentes,
E as horas da noite entre eles,
também o são igualmente.

O que temos que ser conscientes, todos, é que existe um propósito em nossa existência, e ele se chama consciência. A percepção é um produto da consciência, um produto refinado, e quanto mais aumentamos o escopo de nossa percepção mais aumentamos a nossa consciência, que é o real objetivo de cada um de nós nessa jornada. Imaginemos o universo como ele é, um emaranhado de energia, essa energia busca a consciência total, e para isso cada ser deve buscar o incremento de sua consciência individualmente, e assim estará acrescendo a consciência total. Somos as testemunhas do universo, e estamos aqui para entender primeiro que somos parte deste emaranhado, desta teia cósmica, e depois que devemos ser conscientes de nossa totalidade, pois só assim ampliamos o próprio escopo perceptivo do universo. A auto absorção é o maior inimigo dessa evolução, refletir a si mesmo apenas, é diminuir a capacidade perceptiva que nos é possível, e igualmente desviar o propósito de nossa própria existência. O homem em geral passa muito tempo repetindo a sua cômoda rotina, comparando a suas vidas com a das pessoas que o cerca, estimulando a razão a estas comparações, retornando na história pessoal, e projetando sonhos para o amanhã, e com isso sobra muito pouco tempo para examinar o desconhecido, as outras tantas e quantas possibilidades de percepção, o destino mágico do homem, as forças que agem em cada um de nós.
Somos todos os objetos de experimentação no qual temos que fazer todos os testes. Temos que a todo momento testar a realidade que aparentemente é a única, a realidade que milhares de professores ao longo de nossa vida nos afirmaram ser a única. Retornar a utilização da imaginação como uma criança é o primeiro passo. Questionar-se sobre o que sente, os calafrios que as vezes nos invade sem aparente motivo, um vento sem sentido que entra em uma sala fechada, um barulho, um vulto no canto da parede, uma sombra que se meche, uma voz que nos fala, um pressentimento de algo, tudo isso é o prenúncio do desconhecido que sempre está ali, ao nosso lado. Relegar isso ao esquecimento é reduzir o escopo pessoal de percepção apenas ao que as correntes sociais querem dos homens, expandir isso é a meta. O guerreiro tem que acreditar, ele conversa com árvores, com o vento, ele cumprimenta energias, internaliza as sensações de pressentimento (e as segue), e começa a ver que existe muito mais do que o que os sentidos ordinários nos contam, o guerreiro é antes de tudo um cientista de si mesmo, que não se apaixona pelas descobertas, mas não se deixa quedar parado pela falta de paixão, é antes de tudo uma testemunha da eternidade.
Que maravilha é visitar os confins do universo e logo depois conversar sobre uma música que gostamos. Que maravilha é falar sobre um filme recente e ao mesmo tempo receber um conhecimento de um ser dos universos paralelos. Cumprimentar um colega na rua com o mesmo desprendimento que se despede de um ser inorgânico dos universos infinitos que existem, essa é a liberdade do guerreiro, a liberdade de quem sabe o que espera, a liberdade perceptiva que será atingida apenas em sua totalidade no momento da partida, o guerreiro sabe que espera, sabe pelo que espera, e apenas espera, pacientemente, enquanto é testemunha de toda essa maravilhosa eternidade que nos cerca.
Intento guerreiros.


Complementos

Por fim deixarei duas coisitas aqui, primeiro é um exercício que recebi de um ser em uma jornada mágica, sobre influência energética e como se livrar dela:

Quando sentirem um sentimento qualquer estranho, uma tristeza repentina, uma apreensão, um sono, um medo sem sentido, uma fome avassaladora, ou até uma raiva vindo de algum lugar, não desconte isso em ninguém, nem sucumba a esse sentir. Algum ser, consciente ou inconscientemente está lhe enviando essas sensações, que são nada mais que ondas de energia. Faça então o seguinte:

Olhe para algum espelho, ou superfície que reflita a sua imagem, pode ser até uma câmera digital que consiga ver seus olhos, então concentre-se naquele sentimento que está tendo, foque bem nele enquanto olha a parte negra de seus olhos, a pupila. Então quando sentir aquele sentimento, ou sensação crescer foque a atenção a um ponto no meio de seu corpo, exatamente no centro dele e dê um rugido, ou um grito, ou uma palavra que te represente poder. A pessoa ou ser que lhe enviou aquele espectro de energia sentirá um baque e deixará de emitir aquilo que o está incomodando, e consciente ou inconscientemente saberá respeitar o seu poder pessoal.

Segundo é um trecho do livro de Castaneda, O fogo Interior, em que Dom Juan mostra na prática como uma pessoa tem um mundo de coisas acontecendo à sua volta e muitas vezes sequer percebe, e olha que isso foi feito com um guerreiro como Castaneda, que já estava bem avançado nesta caminhada:




— A primeira atenção trabalha apenas com o conhecido — falou
Genaro. — Não vale dois níqueis furados com o desconhecido.
— Isso não é exatamente certo — retorquiu Dom Juan, —A primeira
atenção trabalha muito bem com o desconhecido. Ela o bloqueia; ela nega-o
tão ferozmente que, no final, o desconhecido não existe para a primeira
atenção.
— Fazer um inventário torna-nos invulneráveis, é por isso que o
inventário começou a existir.
— Sobre o que está falando? — perguntei a Dom Juan. Ele não
respondeu. Olhou para Genaro como se esperasse uma resposta.
— Mas se eu abrisse a porta — disse Genaro — a primeira atenção seria
capaz de lidar com o que entraria?
— A sua e a minha não seriam, mas a dele sim — disse Dom Juan,
apontando para mim.
— Vamos tentar.
— Mesmo com ele em consciência intensificada? — perguntou Genaro a
Dom Juan.
— Isso não fará nenhuma diferença — respondeu Dom Juan.
Genaro levantou-se e foi até a porta da frente e abriu-a, saltando
instantaneamente para trás. Uma lufada de ar frio entrou. Dom Juan veio
para o meu lado, assim como Genaro. Ambos olharam para mim com
espanto.
Eu queria fechar a porta da frente. O frio fazia-me sentir desconfortável.
Mas quando me movimentei em direção à porta, Dom Juan e Genaro
pularam à minha frente e escudaram-me.
— Notou alguma coisa aqui dentro? — perguntou-me Genaro.
— Não, não notei — disse, e era o que eu realmente queria dizer.
Exceto pelo vento frio entrando pela porta aberta, nada havia ali para
notar.
— Criaturas estranhas entraram quando eu abri a porta — disse ele. —
Você não notou coisa alguma?
Havia alguma coisa em sua voz que me garantiu que, dessa vez, ele não
estava brincando.
Nós três, cada um deles de um lado meu, saímos da casa. Dom Juan
apanhou o lampião de querosene e Genaro trancou a porta da frente.
Entramos no carro, através do lado dos passageiros; eles me fizeram entrar
em primeiro lugar. E então viajamos até a casa de Dom Juan, na cidade
seguinte.

Comentários

  1. Pensamos estar sozinhos mesmo quando estamos sós o que não ´´e verdade. Estamos cercados por energias que nos observam, porém não entram em contato tão facimente. Somente depois de um certo grau de energia acumulada podemos perceber essas energias e até iniciarmos um contato entre essas duas consciencias.
    Darshan 07:56 23/08

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  2. Os Guerreiros devem cultivar um tipo especial de desapego. Não somente o desapego das coisas materiais mas também o desapego de si mesmos. Uma força que vem das entranhas do Guerreiro que sem pensar, tem de acreditar em seu proprio Poder Pessoal para executar tal ato. Por exemplo:
    O desapego de um homem que vê uma criança em perigo e corre para salvá-la.
    Esse tipo de desapego é diferente, como por exemplo do caso de um bombeiro que cumpre sua função, pois é um desapego espontâneo e instantaneo.
    Darshan

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  3. Vou contar-lhes a história de um bando de guerreiros que viveu em tempos idos
    nas montanhas, em algum lugar para lá.
    Sempre que achavam que um membro daquele bando de guerreiros cometia um ato
    que contrariava os regulamentos, o destino dele era levado à decisão de todos. O
    culpado tinha de explicar os motivos que o levaram a fazer o que fizera. Os cama-
    radas tinham de escutá-lo; e depois, ou eles debandavam, por terem achado
    seus motivos convincentes, ou se enfileiravam com suas armas na orla de uma
    montanha plana... prontos para executar a sentença de morte, por terem julgado
    os motivos inaceitáveis. Nesse caso, o guerreiro condenado tinha de despedir-se
    de seus velhos camaradas e iniciava-se sua execução.
    4:250
    Na montanha da história, havia uma fileira de árvores. Além [dela] localizava-se
    uma floresta cerrada. Depois de se despedir de seus camaradas, o guerreiro
    condenado devia começar a descer a encosta em direção às árvores. Seus
    camaradas então engatilhavam as armas e as apontavam para ele. Se nin-
    guém atirasse, ou se o espírito do guerreiro sobrevivesse aos ferimentos e
    alcançasse a orla das árvores, estaria livre.
    4:251
    Dizem que houve homens que conseguiram sair ilesos. Digamos que seu poder
    pessoal afetou seus camaradas. Uma onde percorreu-os enquanto faziam mira
    sobre ele e ninguém ousou usar a arma. Ou talvez estivessem assombrados
    com a bravura dele e não conseguiram fazer-lhe mal.
    4:251
    Havia uma condição estabelecida para aquela caminhada até a orla das árvores. O
    guerreiro tinha de andar calmamente, sem se alterar. Seus passos tinham de
    ser seguros e firmes, seu olhar devia estar fixo em frente, em paz. Ele tinha de
    descer sem tropeçar, sem virar para trás e sobretudo sem correr.
    4:251
    Se você resolver voltar a esta terra terá de esperar como verdadeiro guerreiro ate
    que suas tarefas estejam cumpridas. Essa espera parece muito com a cami-
    nhada do guerreiro da história. Entenda: o guerreiro tinha acabado o tempo
    humano, e você também. A única diferença é quem esta mirando sobre você.
    Aqueles que estavam mirando o guerreiro eram seus camaradas guerreiros.
    Mas o que está mirando você é o desconhecido.
    4:252
    A única chance de você é a sua impecabilidade. Deve esperar sem olhar para trás.
    Deve esperar sem contar com recompensas. E deve dedicar todo o seu poder
    pessoal a cumprir suas tarefas. Se você não agir impecavelmente, se começar
    a se afligir e ficar impaciente e desesperado, será arrasado impiedosamente
    pelos atiradores do desconhecido. Se, por outro lado, sua impecabilidade e
    seu poder pessoal forem tais que você seja capaz de cumprir suas tarefas,
    então conseguirá a promessa do poder. É uma promessa que o poder faz aos
    homens como seres luminosos. Cada guerreiro tem um destino diferente, de
    modo que não há meio de dizer qual será essa promessa.
    4:252
    Você aprendeu que a espinha dorsal de um guerreiro é ser humilde e eficiente.
    Aprendeu a agir sem nada esperar por recompensa. Agora eu lhes digo que, a
    fim de suportar o que tem pela frente, além deste dia, você precisará de toda
    a paciência possível.
    Darshan

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  4. Hermanos Buenos dias
    algumas dicas
    devemos fazer uma ponte entre o sonhar e a vigilia. Poer exemplo
    para encontrar nossas mãos nos sonhos devemos mostrá-las
    dante de nossos olhos sem aviso, várias vezes durnate o dia e quando for a noite
    dizer que vamos encontrar nossas mãos.
    Outra coisa
    quando acordarmos não devemos abrir os olhos. Para recordar dos sonhos permanecça com os olhos fechados
    nem se levante e intente recordar do ultimo sonhos que teve.
    Darshan 07:;43 27/08/2013

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  5. Contemplar anda lado a lado com o ensonhar.
    Contemplar é assim. É a aplicação demorada e absorta do sentido da visão sobre alguma coisa. Atenção total, absoluta, no objeto ou coisa contemplada. Esta atenção exclusiva do sentido da visão leva ao aquietamento dos pensamentos do diálogo interno. Pensamentos que normalmente se comportam como macaquinhos soltos pelos galhos de uma árvore. O silêncio interno abre espaço no campo da conscientização para a emersão do Paracleto, que tem o conhecimento de tudo. Contemplar também é uma maneira alternativa de se captar energia e o poder do objeto, ser ou coisa contemplada, como no caso da contemplação do fogo, de algumas fontes de luz e a de alguns espécimes vegetais.
    A posição do corpo tem muita importância quando se contempla. As nossas roupas têm que estar afrouxadas no corpo. O contemplador tem que estar sentado numa posição cômoda numa almofada ou esteira, de preferência feita com fibras naturais. As costas têm que estar apoiadas numa parede, numa pedra, num toco ou num tronco, com o corpo descontraído e a coluna vertebral reta, orientam os sábios.


    163
    A contemplação consiste em se olhar lentamente para o objeto, ser ou coisa contemplada, no sentido anti-horário, mas sem mexer a cabeça. Conserva-se as pálpebras semicerradas e deve-se usar a aba de um chapéu ou boné para reduzir o brilho excessivo da luz solar incidente nos olhos, e que permita uma abertura delas suficiente para manter uniforme o fluxo de luz nos olhos. Depois, separar o objeto contemplado da teia de luz que se forma nas pálpebras e observar silenciosamente todos os seus detalhes.
    Para aquietar os pensamentos estorvantes que teimarão em se intrometer na mente precisamos prestar atenção à respiração mantendo-a suave, profunda, silenciosa, lenta e tranquila.
    O fogo, o voo dos pássaros, os insetos em movimento, as árvores, as formas das nuvens, o vento, os arbustos, as folhas secas no chão, as sombras, as montanhas distantes, a neblina, a chuva, o nascer e o pôr do sol, são algumas das coisas que podemos contemplar. As nuvens e as montanhas distantes acalmam o contemplador. Os sábios alertam que é perigoso contemplar as nuvens escuras de chuva, carregadas eletricamente.
    O resultado que acontece normalmente quando se contempla as nuvens ou as montanhas distantes é uma espécie de aproximação acelerada, uma espécie de zum. Nesse instante o contemplador poderá se assustar. Aí, então, o efeito de zum desaparecerá.
    Pequenos insetos devem ser contemplados quando estiverem em movimento. No momento da contemplação a mente estará no estado de silêncio interior. Com a contemplação nós abordamos o corpo energético e com o sonho lúcido nós migramos, transferimos a nossa consciência para ele.
    Darshan 11:11 28/08/2013
    .

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  6. Existe também a contemplação dinâmica que D.Juan fazia ao espreitar "POEMAS", onde ali encontrava um batedor.
    Darshan

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