Os sete antigos - o começo de uma história




Eram nove e poucas horas de minha velha rotina, na minha velha cadeira, no mundo sempre igual que todos nós aglutinamos. Contudo uma coisa surgia diferente, era o poder. Ele me roçava o corpo, me acariciava a fronte, queria me contar algo, eu queria escutar. Ventava em minha fronte, mas as folhas das árvores continuavam paradas, estagnadas, a sujeira do chão continuava imóvel, e um vento suave me roçava. Sinto ele agora, aqui ao meu lado, me roçando, me eriçando cada pêlo de meu corpo, querendo me contar algo que as palavras não poderiam recontar.

Então que fiz o que qualquer cortês, burguês, ou idiota qualquer poderia fazer frente a tamanha insistência, fiz agora, pouco antes de contar. Se estou a escrever, se ele está a me sondar, algo quer me falar.  EU disse então “Seja bem vindo poder, aqui estou, esperando você, as ferramentas que tenho agora, por instantes são tuas, saudo-te e disponho minhas mãos a simples missão de escrever a mensagem que traz para este irmão.”

Então me lembrei de alguns instantes, enquanto deitado em minha cama, na companhia de minha filha, eu sentia um formigamento em meu corpo, uma semi paralisia. Então, diferente de outras vezes eu me entregava a sensação. Ela ao meu lado já dormia, eu levantava e ia em direção a porta, queria sair, mas olhei mais uma vez para cama e me vi, dormindo ao lado de minha filha. Tentei falar, mas não adiantava, pensei que deveria voltar, assustado, uma besta por sucumbir ao medo, voltei imediatamente a percepção de estar deitado.

Então que a lembrança trazida pelo vento se aflorou em uma diferente sensação, lembrei-me que enquanto eu estava apegado na visão besta de me olhar, de me assustar, ao meu lado uma pessoa me olhava, e agora, lembrando, com as lembranças afloradas pelo vento, vi que essa energia me falava que ela também estava ali, e tantas outras sempre, sem que eu e nem mais ninguém perceber o que ela me dizia.

Não sei o motivo da lembrança, mas me lembrei por dever haver nela alguma relevância, óbvio pensamento que me surgia.

Então que me falou a energia:

Sou aquele que conheces a tempo, sou o que já se foi, meu nome, Juan Cortez, você bem sabe quem. Não posso lhe falar de outras linhagens, apenas da que participei, da que participo, apenas do povo e do lugar que vivo. Existe uma linearidade entre o teu mundo, e os diversos mundos que existem no infinito plano do infinito. Existem passagens agora, se abrindo, se fechando, passagens de ida, de volta, todos os tipos que pode imaginar. Existe uma civilização inteira junto aos que foram como é tú hoje, e hoje são como eu, algo que reside dentro de você, dentro de todos os de tua raça, mas que aflora em uns poucos que são iniciados no caminho simples e puro da liberdade. Consegue ver essa ponte agora, consegue ver o porque das coisas acontecerem da forma que acontecem, então vou te falar hoje do aparecimento da minha linhagem, da linhagem dos viajantes, dessa linhagem dos antigos que vieram a ti um dia, e que continuarão a vir ainda nos dias e nos tempos que virão, para que um dia tú, junto aos outros possam ir até eles.

Sabe bem, caro amigo, que ainda pouco ouviu as histórias que relegou ao esquecimento. Uma história de um povo que caminhava entre os seus, entre os nossos, não me adequo bem a tua sintaxe, deves entender o porque, visto o lugar que estou hoje. Aquele povo que veio das estrelas, como eu colocaria nos tempos que eu ainda era como você, aquele povo que afortunadamente conciliou-se e mesclou-se dignando-se a ver, com a intensidade de seus conhecimentos, que dentro dessa opaca casca éramos iguais, como iguais são todas as coisas que permeiam nessa imensidão. Sobre a nossa linhagem veio o poder hoje trazer o conhecimento, sobre a linhagem que hoje tu participa.

Essa linhagem veio daquela cidade que tu mesmo consegue ver, que visitou tantas vezes, daquele ponto, daquele aspecto, e quero ressaltar-te, aspecto mínimo e simplista do que é aquele lugar. Eles vieram em um tempo em que os próprios desígnios daquele pequeno grupo, se somou a uma abertura irresistível ao seu grupo no mundo que estavam. Conforme te conto essa história, conforme ela se apresenta a ti, um portal de igual suntuosidade se abre em teu, outrora meu mundo hoje.

As sincronicidades são tão pujantes quanto são as dificuldades, sempre atuando na mesma medida, revelando e apagando conhecimentos antigos e trazendo lembranças esquecidas. É hora então de juntar as pontas que estavam perdidas.

Logicamente os nomes não são mais que isso, apenas nomes de aspectos energéticos, não se apegue a eles, e sim ao que representam.

Sabe dos nomes que te vieram, Ianã, a primeira, Tupaguanci, a escuridão, Caapiri, o feiticeiro, Tupinambá, o pai, Tupaianã, a cura, Tula, o amor e Tilawacan, a transformação. São os sete que vieram, os sete que nos interessam pois os que falam diretamente aos antigos de minha tradição, de tua tradição, da tradição da liberdade, dessa que se guia pela luz das estrelas, dos sete, apenas um conseguiu a evolução de toda a tua raça, e deles restam apenas histórias de uma grande civilização perdida, a civilização da serpente, que vai muito além dos conhecimentos de Atlantes como chamam, pois se estendeu pelos povos andinos, por uma parte dos que circundavam o Nilo, e ainda por civilizações entre os dois grande rios, na terra média, e ainda nas civilizações hoje de seu oriente, e dela restam apenas vestígios de seu centro que foi a civilização dos Atlantes.

Dos outros, grupos pequenos se formaram, por peculiaridades dos desígnios energéticos de cada um do grupo, pela interação e pela forma com que conduziram a sua energia pela sua passagem por esta sua terra.

Da interação com alguns destes, pois tivemos a sorte da interação com mais de um, se não com todos em momentos diferentes, surgiu a nossa tradição, como uma mistura de cada uma destas, pois a composição dos de minha antiga raça, dos de tua raça, se resume a composição energética de 6 em números de 6, sendo que existe um 7 tipo que é a mistura de todos os 6, a exemplo de Tilawacan, a serpente que se consolida como o início e o fim de tudo. Por ela ter guiado o povo que se foi como um todo, ela demonstra que era a única capaz do feito tendo ela apenas como o guia, pois ela era a síntese de todas a configurações possíveis.

Esse povo, esse grupo energético do qual tomou conhecimento em breves passos sempre relegados por ti ao esquecimento, muito pelo medo que vi em ti de tão portentosa revelação, por isso não te culpo. O medo, lembro-me dessa quimera, que era apenas a manifestação dos poderes que encerram a tua raça na configuração que tem hoje, no pasto que caminham nos tempos de agora e o que se passou.

Esse povo, como vinha dizendo, veio daquelas que são as sete estrelas, não por coincidência, pois esta não existe, mas como agouro de poder. Esses nos ensinaram, ensinaram os que ainda eram meus antepassados o caminho para o seu mundo, o caminho para os diversos mundos, o caminho para a liberdade total, a passos lentos, concordo, pois foram necessárias diversas gerações para o aprendizado se consolidar. Em nossos grupos, sempre fomos guiados pelos que já haviam abandonado a nossa forma física, e dessa forma, até que se consolidasse uma transformação em nossas crenças, raízes, o conhecimento foi lentamente construído, como um edifício de conhecimento.

Gerações dos nossos passaram para aquele mundo, para os diversos mundos possíveis, para a liberdade total, grupos e grupos foram guiados, seguindo a nossa milenar tradição. EU sempre ouvi as histórias contadas, esperei a minha vez, e ela chegou. Naqueles tempos era mais fácil acreditar, não havia ainda tão vasto império dos dominadores entre nós, elas ainda não tinham o poder que apresentam hoje. O nosso conhecimento se espalhou entre diversas nações dos nosso irmãos, formando linhagens completas depois, muito depois que parti. Tradições de conhecimento depois que os irmãos maiores partiram para seguir a sua jornada. Dessa tradições formaram-se religiões, algumas mantiveram, outras mantêm o conhecimento, outras tantas se esqueceram do que era real na tradição. Então os dominadores conseguiram penetrar nas crenças, espalharam o medo, criaram um império, e só algumas poucas manterão a verdade, com a força de seu coração.

Alguns de nós, bem como eu voltei por diversas vezes, em minas buscas, guiado pelo espírito, pela luz de alguns que como você se mostraram ao poder e foram guiados a nós com algum objetivo que não nos cabe saber, pois a esse conhecimento não existe motivo de saber. Como você vários outros, por mim e por outros dos meus, estão sendo guiados a este mundo, a este que é o ancoradouro utilizado por tantos de tanto tempo, de tantas gerações dos teus, alguns passaram por lá como uma flecha rumo ao desconhecido, votando de tempos em tempos, encontrando-se de tempos em tempos, ou nunca mais encontrando, dependendo do desígnio a cada energia aplicado.

Existe razão, existe sim, e pode ter a certeza inabalável de uma razão específica para justamente você, bem como outros estarem sendo guiados dessa forma. Não é por serem especiais, cada um em sua configuração todos no fim são iguais, mas é pelo mérito que tem cada um na busca pessoal por algo que os chamava, pelo contato firmado primeiramente com o espírito que os guiou, da mesma forma que guiou a mim para cada um do vocês. No fim, seria impossível descrever de que forma, e quem foi guiado a quem, a nossa diferença é que hoje sou a pura essência do que são vocês, já liberto das amarras que ainda os prendem, da opaca camada que tanto dificulta a visão que poderiam ter de todas essas histórias que te conto hoje, pois cada fragmento dela está descrito nas linhas que cortam esse seu mundo, esse maravilhoso ser que é a Terra que vocês vivem. Se acaso soubessem, se acaso procurassem ver, e espero que venham a querer um dia, escutariam as mais maravilhosas histórias dessa que ainda nutro tanto amor, dessa terra que um dia me abrigou. Nela estão contidas as maravilhosas histórias de luta de todo um povo, de várias raças, de vitórias, de derrotas, mas principalmente de lutas, pelo que importa a todos, de qualquer configuração nesse infinito universo, a liberdade.

Ainda virão, a medida que caminhar nesse caminho infinito de nossa linhagem, incontáveis revelações, que como um imenso quebra-cabeças se revelará como um quadro para vocês todos, cada qual em seu papel, cada qual em sua missão, todos com o mesmo objetivo, sendo guiados pelo caminho que um dia eu mesmo trilhei. Para a razão, vale apenas um aviso, não precisamos de confirmações, negações, apenas a caminhada é suficiente para mostrar, nas paisagens do caminho a verdadeira revelação.

Comentários

  1. Magnifico, uma mensagem unica, parabens pelo trabalho de registrar e compartilhar conosco algo tao sublime.

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