A trilha pela ilusão




O mundo é uma ilusão, é um estágio temporário da passagem da energia que é o homem, existe um caminho a e seguir para a libertação dessa ilusão que é a nossa realidade, conectar-se com o espírito, com o Deus fonte, é a chave para a libertação. Existem energias que mantem essa realidade da forma que ela é, energias que nós mesmo criamos, energia que aqui chegaram e ficaram, energias de outras consciências que mantém os pilares dessa nossa realidade erguida, por algum motivo que seja que não cabe comentar aqui. Abandonar-se da obsessão pelas energias ligadas a sustentação dessa realidade e os sentimentos que estão ligados a este sistema cognitivo é a chave para a nossa liberdade, para a descoberta do tão questionado sentido da vida, que é o sentimento que temos constantemente nos mostrando que existe algo mais por trás de todas as coisas, existe uma força maior guiando a existência de alguma forma, uma energia que conecta a tudo e a todos que passa desapercebida em todos os momentos de nossa vida.

Sucumbir as necessidades impostas por esta realidade é abandonar o nosso destino mágico, abandonar-se no meio de uma jornada que todos trilhamos. Quando lutamos para conquistar tudo que a realidade nos impõe, para tudo que nos é ditado como verdade desde o início de nossa vida, lutamos para perder tudo o que nos é reservado como seres evolutivos, como seres em busca do amadurecimento energético. É lógico que não podemos abandonar totalmente essa nossa fase de amadurecimento, essa parte de nossa jornada, exatamente porque não podemos pular nenhuma etapa de nosso crescimento, mas não podemos nos estagnar também reféns dessa ilusão temporária, ambas as formas, ambos os extremos são armadilhas que devem ser superadas no que trilha o caminho do amadurecimento, esse é um caminho do meio o caminho do guerreiro que toca suavemente tudo que o rodeia, com o abandono e a intensidade necessária ao caminho. 

O que temos que ter é a percepção, o entendimento necessário para saber que podemos ter tudo nesse mundo, tudo que nos é necessário, sem no entanto abrirmos mão de nossa liberdade, sem sermos escravizados por ele. Basta para isso que apenas toquemos com a suavidade necessária essa realidade, essa parte de nossa jornada e a tratarmos como isso, como uma parte de nossa jornada, uma outra parte de nosso caminho, o exercício é adquirirmos o desapego necessário para podermos seguir como um jato quando for a a hora de nos libertarmos dessa roupagem energética que nos une nessa realidade, é agir impecavelmente, agir com o rigor e a elegância do espreitador. Consigo olhar aqui e contemplar o mundo ainda sendo visto através da camada de minha bolha energética, pela casca de meu ovo de luz, sinto que existe uma camada que me deixa preso ainda a essa visão perceptiva da realidade e que apenas quando eu conseguir amadurecer completamente a minha energia interna, enxergarei com totalidade o mundo perceptivo que nos cerca, que é a realidade. Entender que o que vemos é um produto da intenção de eras e eras de nosso povo, é uma ilusão coletiva, somada a uma intenção externa que se vale dessa coesão que chamamos de mundo é o primeiro passo rumo a nossa libertação. Se não entendermos que estamos de fato presos a essa realidade, se não tivermos paciência para esperar o tempo de nossa libertação, e se não formos desapegados o suficiente para não sermos abarcados por esta realidade estamos fadados a extinção de nossa energia no meio do nosso caminho rumo a liberdade.

Os nossos olhos, como já disse o Velho Nagual, estão, “Sob condições normais, focalizados no mundo, buscando alimento, abrigo, buscando amor.” São as buscas que somos acostumados, treinados a ter desde o início de nossa vida. O ser humano é um caçador, um animal predador, e podemos acostumar a nossa visão ao que queremos e optamos por serem as nossas prioridades. Acredito que as buscas essenciais que nos ensinam sejam o amor, o dinheiro, o alimento, são as necessidades que procuramos incessantemente suprir a partir do momento que nos tornamos adultos. Lembrem-se que quando crianças nada disso importava, o anel de dominação ainda não estava completo, éramos livres ainda para sonhar, para pensar mais puramente que queríamos voar, sermos super-heróis, viajar por mundos inteiros, nada de dinheiro, amor nos importava como nos importa hoje, adultos cegos e dominados que somos. Incluimos mais e mais necessidades a medida que ascendemos socialmente, a medida que conseguimos suprir o que nos é básico para a existência, quando temos uma casa queremos um sítio, quando temos um carro queremos também uma moto, quando temos comida queremos sofisticação, quando temos um amor buscamos sermos amados por mais pessoas, admirados, buscamos a escravização de nossos amores, filhos, a admiração idolátrica de amigos, sempre mais, sempre em um ciclo incessante que nos leva a lugar nenhum que não seja a nossa própria obsessão. 

Eu mesmo estava analisando os votos de ano novo recebidos, amor, saúde, dinheiro no bolso, esse é o resumo da obra que temos que edificar em nossas vidas, nada mais. Vivemos sobre um ser de uma consciência ilimitadamente maior que a nossa e sequer o percebemos, quando na verdade o mutilamos, mesmo sendo essa Terra que vivemos, que nos nutre e que nos dá todo o essencial para essa nossa fase da jornada que trilhamos.

Somos guerreiros, combatentes, viventes, lutamos incessantes pela superação, para conseguirmos desatar o véu da imensidão, mas nos tornamos impotentes, porque somos sós, estamos apartados de tudo mais que nos daria força para a nossa jornada. Nossos olhos estão embaçados pelas fúteis buscas nas quais somos fadados, dinheiro, poder, amor, entorpecem a nossa frágil realidade, que o homem é só no universo, pois o universo em si é ele mesmo, é o seu interior, o universo está em se libertar do que hoje somos. A dádiva de termos a liberdade de perceber, a mágica de poder ver, mesmo diante de todo um império de dominação que nos cerca. Saber que existe uma possibilidade a mais, saber que existe algo que nos nivela e nos conecta a tudo mais no universo, e que essa conexão poderá nos libertar é o grande presente energético que temos diante, dentro e fora de cada um de nós. Acessar a fonte mágica do conhecimento da libertação e restabelecer o rumo de nossa jornada é essencial no caminho mágico, o elo de conexão, o silêncio da mente, a libertação da ilusão são as palavras essenciais esquecidas, que todos aqueles grandes iluminados nos passaram no caminho que a humanidade trilhou até aqui.

Como mensurar então as conquistas que fazemos no caminho do guerreiro? Na verdade não existe possibilidade, não existe forma de mensurar o que ganhamos em termos energéticos, não existem garantias que com o caminho que seguimos, o caminho do guerreiro existirá uma opção perceptiva, não existe garantia que ao enfrentarmos a nossa única adversária valorosa, a morte, teremos sucesso em nossa empreitada o terceiro nascimento. Essa é a mágica do desprendimento maior do guerreiro, agir impecavelmente, seguindo seu código, indo contra tudo que o mundo prega, mesmo sabendo que não existem certezas em sua jornada mágica. Entregar-se completamente a acreditar sem acreditar é a antítese máxima do guerreiro, e é a própria antítese o centro, a essência do caminho do guerreiro vidente que ruma a liberdade total.

Comentários

  1. Clareza em suas palavras...
    Grato,
    Abraço

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  2. No caminho do conhecimento temos duas incognitas para nossa razão: uma, que este mundo físico, real, duro, palpável, não é tão real quanto parece, a outra quer nossos sonhos podem ser tão ou até mesmo mais reais que nosso mundo cotidiano.
    Adorei você ter dado sinais de vida. Naian.

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  3. Obrigado pela visita, viver é estar desperto, é não pairar pela vida, é não vê-la passar e sim passar por ela com um objetivo claro, consciência e lucidez.
    Obrigado pela visita.

    Intento

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