Capítulo 6 - O Silêncio Interior




O quinto tema é a culminação dos outros quatro, e o que os feiticeiros do México antigo buscavam com toda avidez, o silêncio interior. Don Juan definia o silêncio interior como um estado natural da percepção humana em que os pensamentos param, em que todas as faculdades do homem funcionam em um nível de consciência que não requer o funcionamento de nosso sistema cognitivo cotidiano.
Don Juan associava o silêncio interior com a escuridão, devido ao fato de que a percepção humana cai em algo que se assemelha a um buraco negro, quando se livra de seu companheiro habitual, o diálogo interno, que é uma versão silenciosa do processo cognitivo. O corpo funciona como sempre, mas a consciência se eleva. Se tomam decisões instantaneamente e estas decisões parecem surgir de um tipo de conhecimento epecial em que os pensamentos não são verbalizados. Os feiticeiros do México antigo, que descobriram e utilizaram  os passes mágicos que são o núcleo da tensegridade, acreditavam que a percepção humana é capaz de alcançar níveis indescritíveis quando funcionando sob a condição do silêncio interior. Inclusive asseguravam que alguns destes níveis de percepção pertencem a outros mundos, os quais, acreditavam, coexistirem com o nosso, mundos estes que são tão inclusivos quanto o que vivemos, mundos em que podemos viver e morrer, mesmo sendo inexplicáveis nos termos dos paradigmas lineares em que o nosso estado perceptivo habitual do homem utiliza para explicar o universo.
De acordo com o entendimento dos feiticeiros da linhagem de Don Juan, o silêncio interior é a matriz necessária para dar um gigantesco passo evolutivo, os feiticeiros do México antigo chamam esse gigantes co passo evolutivo de  conhecimento silencioso. O conhecimento silencioso é um estado da consciência humana onde o conhecimento ocorre automática e instantaneamente. Neste estado, o conhecimento não é produto de cogitações cerebrais ou induções ou deduções lógicas, ou generalizações baseadas em similaridades ou diferenças. No conhecimento silencioso não existe nada a priori, nada que possa constituir um corpo de conhecimento. No conhecimento silencioso tudo ocorre eminentemente agora. Peças complexas de informação podem ser captadas sem nenhum preâmbulo.
Don Juan acreditava que o homem primitivo tinha indicações do conhecimento silencioso, mas não o possuíam realmente. Disse que essas indicações eram infinitamente mais poderosas que as que são experimentadas pelos homens de hoje em dia, onde a massa de conhecimento é produto da aprendizagem. Acreditava que, embora tenhamos perdido a nossa capacidade de captar essas indicações, a avenida que conduz ao conhecimento silencioso está sempre aberta ao homem, e esta avenida surge da matriz do silêncio interior.
Alcançar o silêncio interior é o pré-requisito para todas as coisas que temos descrito nesta elucidação. Don Juan nos ensinou que o silêncio interior deve ser obtido por meio da firme pressão da disciplina. Disse que o silêncio interior tem que ser cumulado e ser preservado, pouco a pouco, seegundo a segundo. EM outras palavras, a pessoa tem que forçar-se a ficar em silêncio, mesmo que seja por alguns segundos. Don Juan assegurava que se você for persistente, a perseverança vence o hábito, e desta maneira, se chega a um limiar de segundos ou minutos acumulados, um limiar que varia de pessoa a pessoa. Por exemplo, se para um dado indivíduo, o limiar do silêncio interior é de dez minutos, uma vez que se chega a esse limite, o silêncio interior ocorre por si mesmo, espontaneamente, por assim dizer.
Não existe maneira possível de se saber qual é o nosso limiar individual. A única maneira de saber é praticando. Isto é, por exemplo, o que aconteceu comigo. Sendo a sugestão de Don Juan que insistia em permanecer em silêncio, um dia quando caminhava pela Universidade da Califórnia, do departamento  de antropologia até o refeitório, alcancei o meu limiar misterioso. Eu soube que o havia alcançado porque, em um instante, experimentei algo que Don Juan me havia descrito extensivamente, ele chamou de parar o mundo. EM um instante, o mundo deixou de ser o que era e, pela primeira vez em minha vida, fiu consciente de estar vendo energia como ela flui no universo. Tive que me sentar em um degrau de tijolo, mas eu sabia que o fazia apenas a nível intelectual, através de minha memória. Sensorialmente, estava sentado em energia. Eu mesmo era energia, igual a tudo que me rodeava.
Me dei conta então de algo que me aterrorizou, algo que ninguém poderia me explicar exceto Don Juan, tive consciência de que, apesar de estar vendo energia tal qual ela flui no universo pela primeira vez em minha vida, tinha estado vendo energia como ela flui durante toda a minha vida, mas nunca havia me dado conta disso. A novidade então não foi ver energia como ela flui no universo. A novidade foi a pergunta que surgiu, com tal fúria, que me fez voltar imediatamente para o mundo cotidiano. O que me impediu de perceber que vi energia como ela flui pelo universo por toda a minha vida? Foi a pergunta que eu me fazia.
Don Juan me explicou fazendo uma distinção entre a nossa consciência geral e estar deliberadamente consciente de algo. Disse que nossa condição humana é possuir essa consciência profunda, mas que todos os exemplos dessa consciência profunda não estão no nível em que podemos ter um conhecimento deliberado dela. Disse que, no cumprimento do seu papel, o silêncio interior tinha coberto esta faixa e me havia permitido perceber coisas que eu apenas havia estado consciente em um aspecto mais profundo.

Comentários

  1. Vento, ahora mais que nunca tenho certeza que estamos evoluindo a galopes, pois quanto mais fuerte nos tornamos, mais intrusiones se apresentam. Hasta en la lanhouse, en este mesmo instante em que digito hay un terrible pentelho en mi lado, (ha,ha,ha) solo con un poco de humor, para enfrentar tais situacciones.
    PS: intente itilizar el cone, és un artefacto mui simples lo que uso és de cartolina azul.
    Buenos ensueños. Naian.

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  2. Vento,ventania
    desde el comienzo de nuestros encontros mantive silencio exterior. No he hablado con nadie (ninguém) acerca de nuestras interacciones que para mi son mui especiales. És difícll pero fui y sou impecable en mis procedimientos hasta hoy. Nuestra cohesion es imprecidible para nuestro sucesso. Ni siquiera mis companeros más cercanos saben. No és ningún secreto sólo silencio exterior para ser afectados por pensamientos externos.
    Naian.
    En aguardo.

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  3. Sim amigo, são interações mágicas, disposições do espírito, presságios da boa caminhada que fazemos. Não tenho dito nada específico de nossa interação também, apenas citei para um amigo de um grupo mágico sobre a chegada de alguém, não especificamente você, e como já disse a chegada já estava sendo sentida por uma feiticeira do grupo, em sonhos. Mas espero que as coisas se revelem por intermédio do espírito em no dempo devido. O silêncio exterior é realmente importante para manter a coesão de pensamento.
    Te digo, mesmo sem precisar, que estamos dando andamento a um empreendimento extremamente mágico.
    abraços

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  4. Un proposito comun se construye com Seriedad y Respecto. Estoy contente por sermos assim. Devemos achecar (espreitar) a nós mesmos con el ojo implacable de la Áquila y con el silencio y la sinuosidad de la Serpiente. Abraços hermano Vento.
    Naian.
    In lakéch ala Kin.
    * * *

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  5. Vento, voy contar una história verídica de un indio Lakota Sioux llamando Tasunkowitko (Cavallo Loco): Con doze años despues de ter perdido su padre y madre, se retiró el pequeño para alto de las montañas pata tener sus visiones. Pasó el, quatro duas sin comer o beber. Solo el alento do vento frio y o orvalho o nutria. Permanecia implacable en su proposito en su posiccion de pelear. Assi el chiquitito teve una serie de visiones;
    Que seria el lider de su naccion(no de sua tribo). Que para guerrear deveria ir desnudo y con tattoos que lhe fueram mostradas, ninguna arma poderia assi ferí-lo. La ultima vision fue que seria muerto pelas costa por un indio de su tribo.
    Todas las visiones se concretizaron.
    Como lo dizia D.Juan: nuestro Nundo és misterioso y incompreensible.
    Naian.
    * * *

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  6. obrigado enio......pela sua boa vontade de compartilhar e facilitar a tradução........chico vacilaum

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  7. Vento Hermano,
    ahora se hace

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  8. Hermano Vento,
    En la brujeria hay reglas que deben cumplirse para no promover el desequilibrio. El que plan lo malo lo recoge siete veces. No és una plaga o maldicción, simplemente una regla.
    Abraços, hermano.
    Naian
    In lak´ech ala Kín.

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  9. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  10. Email guardado, contato feito. Muito grato pelo que disse sobre o mal, foi relevante a mim.

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  11. Bom se for procedente dizer. vai os meus respeitos ao Anonimo pelos seus comentarios.

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  12. Sim, este blog só é a troca de conhecimento que é por conta dos comentários de guerreiros anônimos como eu, na busca pelo conhecimento deixando pequenas luminárias para guiar o caminhos do que por aqui passam, passaram, passarão!

    Obrigado Naian, obrigado anônimos!

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