Um presente do Espírito
Durante estes dias tive uma grande visão,
decorrente de algo mínimo, inefável, quase imperceptível durante os nossos
dias. Eu caminhava de meu quarto quando olhei para o chão e vi uma formiga. Imediatamente
pensei em pisar nela, sem motivo algum que seja, então, ao levantar o meu pé
para a ação imediatamente uma voz profunda me fez parar a ação. Arqueei-me e
pensei no que havia me impedido, não era nada de amor, ou piedade, nada disso,
era a sensação de propósito. Não havia propósito em matar aquele ser. Abaixado,
no chão olhando para aquela pequena formiga, vi que ela não se apercebia de
minha presença, muito menos, quem sabe, da quase morte que ela teve, fruto de
minha inconsciência. Percebi que indiferente a mim ela caminhava, seguia seu
caminho que pouco a frente a levava a seguir um grupo de outras iguais a ela,
para quem sabe onde, já não me cabia perguntar. O espírito veio a mim ali
naquele momento, senti a sua presença, minha mente silenciou-se de imediato,
como um ato mágico e me vi em um estado de profunda meditação, eu estava já com
a consciência intensificada, estava na segunda atenção.
Então que a voz me falou do pensamento
que deve ser revivido a todo instante, a todos os guerreiros, devemos ter a voz
que nos sussurra que tudo no mundo é nada mais, nada menos que energia. Somos
iguais a tudo, a todos, nos conectamos de modo indescritível a todo o mundo que
nos cerca e quanto mais conscientes somos desta ligação, mais despertos somos
do sonho que vivemos. Não é um problema sonhar, viver em uma ilusão, de fato, é
realmente necessário em termos de civilização a coesão que esta realidade nos
proporciona, mas alienar-se nela, e acreditar que a ilusão que outrora nos
serviu de norte para sobrevivência é agora a única realidade, é desperdiçar
todo o nosso potencial, adormecer o sonho dos antigos.
Eu vi de alguma forma, ou ouvi, na
verdade pouco importa, que a mente serpenteia por debaixo de nossas conquistas,
ela não quer perder o seu domínio. Quanto mais próximo do silêncio estamos,
mais a mente nos atormenta com suas dúvidas, incertezas, com o medo. Na hora
ouvi o trecho da música que fala que o medo que nos cegou. Era uma mistura de
sensações, visões. Então mais uma vez me vi em um caminho, em uma mata, era um
caminho de terra. Na hora me veio a imagem de um antigo ser, vindo das
estrelas, um antigo, um dos sete que um dia me apareceram em uma história
antiga de nossa humanidade. Junto a ele vinha outro antigo. Tupaguanci e
Caapiri caminhavam pelas matas. Então o primeiro, que em minhas antigas visões
era ligado ao alinhamento e a cura energética se foi, ficando na visão a
imagem, ou o som, ou a visão melhor dizendo apenas de Caapiri. Então vi o seu
legado deixado aos povos das matas.
Vi as pessoas crescendo em consciência,
era um povo antigo, mas eu não conseguia ver o povo. Via, sabia que aquele povo
antigo tinha uma especial ligação com os animais, com as plantas, via que eles
podiam comunicar-se com tudo, era um mundo bem diferente do que vemos hoje. Era
um mundo onde o homem tinha a plena consciência de tudo e de todos e de sua
conexão com esse todo. A magia da ligação estava ali. Eu entendia então que
sentir-se conectado com o todo é algo que nasce com todos nós, é inerente de
todos nós, mas é algo que pode desmoronar o nosso mundo ilusório em que
vivemos, baseado na soberania do homem sobre tudo, onde o homem é diferente e
separado de tudo mais. As crianças aprendem a esquecer a sua ligação com tudo,
esquecem-se de sua conexão, e quando menos percebem a ilusão os fez adormecer. A
dormência nos faz ser o que o mundo chama de ser adulto, mata a capacidade mágica
de ligação.
O ser de luz, que não era mais uma
figura, eram imagens, me mostrou então a conexão com o espírito, ela era nada
mais que a conexão com o tudo. Sentir-se ligado a tudo é ligar-se ao próprio
espírito. A figura erronia que várias doutrinas nos impõe, em que conectar-se
com o espírito é conectar-se com uma pessoa mágica, um homem barbudo, um ser de
vários braços, ou qualquer figura que seja, nos faz desviar do verdadeiro
caminho. Deus é tudo unido, tudo junto é Deus, não uma figura, porque ele não é
o início ou o fim, ele é tudo, a continuidade do universo. Olhei para os lados
e vi que tudo se conectava indistintamente, somos o próprio universo, um
emaranhado de energias dispersas, como células de um corpo, células de um organismo
vivo, e devemos ser conscientes de nós mesmos, da ligação com o tudo, para que
o universo cumpra seu papel, que é a consciência.
Foi quando percebi a ilusão e as
ferramentas da mente social que nos faz sentir apartados de tudo, de todos. Nos
faz pensar que somos maiores, diferentes, uma espécie que não é do mesmo berço
que as plantas, os bixos, os insetos a Terra. Pensando a individualidade nos
prendemos aos limites criados nesta ilusão, nos prendemos aos micro limites do
ego. Na mesma hora entendi o que Don Juan falava a Castaneda, que o mistério do
universo não está dentro de nós, está La fora, naquela vastidão. O mistério é
tudo, transcende de nosso interior e extrapola as esferas de nossa
individualidade. O que o mundo social nos faz é acreditar que somos especiais,
diferentes, maiores, menores, merecedores, indignos. O mundo social nos quer
olhando para um espelho, cegos do que existe além de nosso próprio rosto.
Então vi que o caminho é manter-se
consciente de nossa ligação com tudo, percebendo-se disso, não seremos mais ou
menos que qualquer coisa no universo. Aqui não existem escolhidos, todos somos
iguais, o que existem são escolhas pessoais, elas sim guiarão as nossas vidas,
e o destino que tomaremos para elas. Sem consciência, no momento de nossa
morte, como células corporais que não entendem o funcionamento do corpo como um
todo, somos consumidos, reciclados pela águia, será o destino dos insones, dos
que pensam que seu eu é o quinhão único do universo, esses não cumpriram o desígnio
do universo, a consciência total.
Aquela visão me mostrou o caminho para liberdade,
a magia da conexão, e que o espírito não é nada mais que a soma de mim com tudo
mais, que se eu quiser conhecer o rosto de Deus, devo me olhar junto com tudo
mais no universo, e se eu quiser, quem sabe, seguir os desígnios máximo pelo
qual tudo e todos são criados, devo ter consciência, ser um desperto entre os
insones, igual a todos, consciente de tudo, pronto para abraçar o presente máximo
de quem consegue a consciência total, a liberdade.
Buenos dias Hermanos Guerreros
ResponderExcluirImpactante o texto, Hermano Vento.
Há muitos anos não mato sequer uma barata ou evito pisar em plantas, ou insetos quando caminho. Na verdade, com as baratas, dou-lhe uma lenhada para que fique tonta a pego e jogo fora de casa. Aprendi a respeitar todos os seres vivos por igual. O homem está se tornando cada vez mais cruel. Não falo cruel somente com a Natureza, também com seus próprios semelhantes. A desumanização da humanidade,se é que um dia fomos humanos. A crueldade impera desde éocas remotas. Não faz parte da condição do homem e sim da mente predadora. Pensamos estar no topo da lista da cadeia cíclica, como dizia Caastaneda, quando não sabemos que nós mesmos somos alimento para os predadores. Quando li o texto recordei de um evento em que estava a frente da casa de dois colegas que conversavam sobre surf. Eu observava um formigueiro quando vi uma formiga estranha maior que as outras,ainda viva, sendo mordiscada e carregada pelas menores para ser devorada. Então ouvi nitidamente aquela formiga me pedindo para que eu a comesse. Não queria ser devorada aos poucos pelas outras. Preferiu entregar-se a mim e me servir de alimento de Poder a mim mesmo. Imediatamente a mastiguei e dei um fim a seu suplicio e não interferi com o processo de sua propria morte pois tanto ela quanto eu sabiamos que havia chegada sua hora. Agradeci imediatamente aquela formiga estranha por ter entregado sua pequena vida a mim se trasnformando em um alimento de Poder, como uma forma alternativa de morrer e ao proprio Poder que me ensinava mais uma vez em silencio.
Abraços Dárion. 07:30 01/12/2011
PS:´Mais uma vez, ótimo texto
Hermano Wind that whisper.
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Não foi que me coloquei na condição daquela formiga e com pena a comi, não. Realmemte eu estava na segunda antenção e a ouvi dizer nitidamente para que eu a comesse. A formiga era realmente bastante estranha como se encomendada pelo Poder para aquela lição. Depois que a comi uma onda de energia muito forte me invadiu.
ResponderExcluirAbraços Dárion.
In lak ech ala Kin.
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Buenos dias Hermanos
ResponderExcluirNeste periodo do ano estamos em um burburinho energético. Devemos ser cautelosos em nossas decisões e atitudes sem nos precipitarmos. Estamos numa verdadeira panela de pressão energética onde os predadores fazem a festa cosnumindo nossa energia. Com uma simples palavra "perdão". Devemos pedir perdão a nós mesmos por nossas falhas, enquanto isso pedimos perdão e esperamos que nos perdoem quando na verdade deveriamos estar recapitulando os eventos que passamos por cima e nem sequer nos recordamos´. É a mente predadora pensando que com uma simples palavra prderemos nos redimir e recuperar nossa energia. Não devemos levar uma coisa pela outra.
Abraços Dárion
in lak ech ala Kin. 05/12/2011 07:50
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