Fortalecendo o tonal - Forjando a armadura do guerreiro




 
Hoje o que aqui será escrito dedicar-se-á a um propósito específico, as  formulações práticas sobre a arte da espreita, e suas implicações na vida de um guerreiro. Eu havia passado os últimos dias meditando sobre certas características fundamentais de meu ego atual, meu eu construído, o que me faz identificar como ser que sou, mas que as vezes me deixa encerrado em uma descrição que a mim é prejudicial, mas que serve a um propósito claro, com relação a mente social. Todos os homens que buscarem dentro de si, encontrarão onde estão as correntes que os aprisiona, e se buscarem de coração aberto, encontrarão os cadeados destas correntes, e se acaso dedicarem-se de coração, encontrarão as chaves que os livra destas amarras. Percebi em mim, me espreitando, que a espreita era um tema que eu não havia vivenciado em demasia. Por conta deste lapso de consciência, por esta desatenção ao tema de forma ampla, comecei a sofrer grandes oscilações entre o meu nagual e o meu tonal, e como sabemos intuitivamente, todo desequilíbrio nos levam a grandes prejuízos.
Foi meditando em um dia normal que percebi todo o quadro que se desenhava para mim, e que por extensão alguns que aqui frequentam devem passar. Em minhas recapitulações, que já por si é um exercício de espreita, percebi que eu parecia estar me tornando duas pessoas separadas, uma de extrema consciência, ponderação, sem jugos e guiada pelo próprio espírito, geralmente a parte que vos escreve aqui, e outra parte de mim um alguém egomaníaco, preso ao auto-reflexo, um peido mesquinho, como tantos os outros que vejo na rua e critico, e me apercebi isso com uma força que me fez tontear. De um lado eu via toda a evolução que eu fazia quando acessava o meu nagual, e de outro eu via estar estagnado em meu tonal há anos a fio, e desta forma, me centrei em resolver estas pendências, e meditar sobre esta questão. Meditando, a resposta saltou de meu nagual para o meu tonal quase que de imediato: - eu devia espreitar-me, espreitar-me em todas as facetas de minha vida. Comecei a ver padrões e repetições em minha forma de lidar com as pessoas, com os pensamentos, a ver buracos energéticos em minhas rotinas, falhas estruturais em minha caminhada do dia a dia, e vendo isso, comecei a ver grande parte de minha energia fluindo para os lábios sedentos dos voladores, que deliciavam-se me vendo estar evoluindo no nagual mas ainda entregue a ignorância total no tonal. Sim, o nagual era a nossa parte que era de certa forma imune aos inorgânicos, a nossa consciência ancestral está sempre ali, mas ela vai reduzindo-se pela nossa incapacidade de modular o tonal ao nagual. Como dizia o velho Nagual, só com um tonal preparado é que conseguimos adentrar no nagual, e comecei a me aperceber disso. Li um trecho que me completou toda o meu sentir, onde Don Juan dizia que no mundo dos feiticeiros nenhuma conquista é duradoura, não significa que chegamos a um ponto e ali ficaremos, significa apenas que o feiticeiro que atinge certos objetivos, tem ferramentas mais eficazes para lidar com os problemas, mas pode desabar a qualquer momento, e por vezes o faz, a condição deplorável de qualquer homem comum. A disposição de quem põe-se neste caminho, como já disse aqui reiteradas vezes, deve ser de um lutador, sempre, até o último suspiro neste mundo, e se tiver sorte, além.
Desta feita, meditando consegui alcançar certos conhecimentos que me levaram a elaboração de um guia prático, que divido aqui por poder ser de auxílio para os que caminham neste mesmo árduo caminho. Neste dias em que venho realinhando o meu tonal, descobri inimigos formidáveis dentro de mim, e descobri que a verdadeira mudança não se opera em termos de nível de consciência e percepção apenas, mas em termos da conduta de um guerreiro no mundo em que vivemos, da forma que lidamos com as pessoas, da forma que somos afetados, e da forma que lidamos com uma série de fatores físicos, emocionais, mentais e de relacionamento, e este conjunto coloco aqui para apreciação dos caminhantes, e utilização, caso o julguem adequado a sua vida e sua caminhada.

Espreitando os hábitos

1 – A respiração



A primeira coisa que fazemos ao chegar neste mundo é respirar, e esta é a última coisa que faremos antes de partir, o suspiro final. A respiração é fator essencial na vida de um guerreiro, e estar consciente de seu poder, e de sua força para a nossa caminhada é de fundamental importância, por isso enumerei este como sendo o primeiro dos tópicos de espreita. O guerreiro espreita a sua respiração, ele a observa, e percebe quem está no controle. Olhando as pessoas na rua, percebe-se que a respiração é fato levado a inconsciência, é algo controlado de forma involuntária, por alguma força externa. Olhem para o peito das pessoas na rua, você não consegue perceber a respiração, ela é superficial, rasa, sem energia. Este é o primeiro fator de inconsciência em uma pessoa. Perceba quando a respiração muda em você, porque que a respiração modificou-se, e quem está no controle. Espreite a sua respiração. Nos animais, a respiração é sempre profunda, e a profundidade da respiração nos revela a profundidade de nossa consciência no agora. Espreitar a respiração talvez seja analisar a primeira corrente que nos prende, e encontrar o controle para ela, pode ser a primeira grande chave para nos livrar da corrente social que nos prende a descrição do mundo como ele é. Para aprofundar-se neste conhecimento, recomendo as técnicas de pranaiama, com suas variadas técnicas de controle da respiração, e formas de utilizarmos a respiração para, inclusive, nos levar a estados alterados de consciência.

2 – A alimentação


A alimentação é uma das principais vias por onde recebemos energia da Terra. No mundo ocidental, a alimentação tornou-se uma das grandes prisões do homem, deturpou-se de um meio para conseguir energia e a manutenção do corpo para uma ferramenta nas mãos da mente social para nos prender ao desejo. Deturpou-se de tal maneira, que o prazer na alimentação, muitas vezes, supera a alimentação saudável e correta, que nos leva a manter a máquina do corpo humano em perfeito funcionamento. Dentre as frases mais importantes sobre a alimentação, está a que diz que “somos o que comemos”. Alimentar-se, é um ato de extrema magia, onde depuramos os alimentos que comemos e os transformamos em energia, que nos nutre e inclusive faz a manutenção de nosso corpo físico, o que se reflete par ao corpo energético, pois tudo está intrinsicamente ligado. O que comemos modifica as nossas emoções, a nossa disposição, a nossa forma de agir, nos faz ficar saudáveis ou doentes, nos faz ter um corpo ágil ou flácido e cheio de gordura. A alimentação é um dos pontos centrais na vida de um guerreiro. Comer deve ser um ritual par ao guerreiro, um ritual em que devemos concentrar a nossa atenção. Espreitar os nossos hábitos alimentares pode nos fazer modificar a nossa capacidade energética de forma drástica. Para pessoas que são anêmicas e fracas, a alimentação pode trazer disposição, para pessoas gordas pode trazer drásticas alterações corporais, para mulheres, a alimentação correta, pode fazer com que a mestruação seja mais regular e seus efeitos mais abrandados, para os homens, pode equilibrar os hormônios e os transformar em mais calmos e menos agressivos. A alimentação é uma das correntes do mundo moderno, uma grande aliada ou uma grande inimiga do homem moderno, dependo da forma que for utilizada. Espreitando os hábitos alimentares, e os modificando, o guerreiro conseguirá grandes benefícios, que apenas somar-se-ão em seu corpo energético, e consequentemente o liberando para novos empreendimentos mágicos. Neste ponto, cabe colocar uma pequena observação, os jejuns. Pequenos jejuns são especialmente benéficos para o corpo, e para a purificação interior, em várias tribos indígenas, e em várias religiões e culturas, os jejuns são parte da tradição. Um dia sem jejuar, com moderação, pode fazer com que a nossa consciência atinja níveis elevadíssimos, e que o nosso ponto de encaixe atinja lugares inesperados, além de ajudar o organismo a fazer uma limpeza interna de elementos nocivos que estão presentes nos alimentos hoje em dia. A água também, a quantidade de água que ingerimos diariamente é fator principal neste mister da espreita dos hábitos alimentares, que inclui a modificação de hábitos alimentares que incluem refrigerantes e outras besteiras que nada acrescem a nosso ser energeticamente em nossa jornada. Eu particularmente ainda sucumbo a alguns refrigerantes e alguns chocolates, mas mantenho a consciência de que são alimentos dispensáveis em nossa jornada, e o dispensável é sempre dispensado pelo guerreiro que leva a sério a sua jornada.

3 – Os exercícios


O corpo humano é uma máquina, uma máquina perfeita que foi feita para o movimento, para ação constante. Originalmente éramos nômades, nos movimentávamos de forma constante, ora fugindo de predadores naturais, hora buscando abrigo e comida. Para isso fomos equipados com músculos fortes, e com uma formação que nos exige movimento. O sedentarismo é tão prejudicial quanto a má alimentação, e pode trazer-nos iguais prejuízos. Don Juan sempre caminhava longas distâncias com Castaneda, e mesclava as suas jornadas físicas com grandes explicações espirituais. De forma prática, o velho nagual em sua grande sabedoria, repetia a valha frase do poeta romano Juvenal “Mens sana in corpore sano” (uma mente sã em um corpo são). O corpo é como um templo, um templo onde viveremos enclausurados durante a nossa breve estada neste belo mundo, e por isso, devemos zelar deste templo. Exercitar-se, seja de qual forma a pessoa escolha, é algo fundamental na jornada. Neste ponto, o guerreiro espreita o seu corpo físico, os seus músculos, a sua rotina diária. Hoje as pessoas ficam muito tempo sentadas em frente a um computador, em um escritório, dentro de automóveis, em frente a televisão. Gastam muito pouco tempo de suas vidas movimentando-se. Conheço pessoas que movimentam-se apenas do sofá para a mesa, da mesa para cama, da cama para o sofá e do sofá para o carro, caminham nestes breves espaços entre as sentadas, passam mais tempo parados do que movimentando-se e assim, levam o corpo a um estado de ócio muscular, abandonam o templo que deveriam manter impecáveis, e se entregam ao sedentarismo, uma das principais causas de problemas de diabetes, doenças coronárias e outros tantos distúrbios, estes que nada mais são do que desequilíbrios energéticos refletidos no corpo físico.
Espreita o seu dia, a sua semana, e veja como estão seus hábitos físicos, como anda seu corpo. Respiração, alimentação e exercícios são um tripé importante e fundamental na vida de um guerreiro, se os três estiverem bem equilibrados, o templo do corpo será um templo forte, limpo, e pronto para aguentar o tranco do desconhecido nas nossas jornadas pelo infinito, e consequentemente nos darão uma qualidade de vida invejável. Estes três itens por si são suficientes para mostrar ao guerreiro o quão longe ele pode ir apenas jogando a luz da consciência a sua vida cotidiana.

4 – Os sentimentos e emoções


Este é um ponto essencial na vida de cada um de nós. Agora começamos aqui a adentrar mais internamente em nosso corpo físico, em um ponto que não conseguimos ver e nem tocar. Os sentimentos são nada mais do que a forma que a mente sente, ou seja, a interpretação das interações dada pela mente. Esta é uma grande prisão e um grande ponto onde a energia de muitos de nós é sugada. Os sentimentos são na verdade uma das principais frentes de ataque dos voladores, e um dos principais drenadores de nossa energia. Espreitar os sentimentos é algo delicado, e que demanda uma intensa atenção de cada um de nós, é um ponto nevrálgico em nossas vidas. De que forma que as pessoas, as situações podem nos afetar. Recapitular nos dá uma pista de como lidamos com os sentimentos, e como eles surgem em nossas vidas. Algumas pessoas carregam sentimentos de anos em suas costas, remoem situações, as revivem dias após dias, carregando aquele imenso fardo em suas costas. Outras, entregam-se a emoções e sentimentos em cada situação, levam tudo para o pessoal, e deixam a mente edificar imensas construções mentais para sustentar situações que apenas enfraquecem a pessoa. Espreitar os sentimentos é ver a origem de onde eles partem. Todo sentimento emana de uma construção mental, apenas alguns sentimentos puros tem origem desconhecida, como a solidão de um guerreiro depois de um grande deslocamento do ponto de encaixe, o restante, ós sentimentos ordinários que sentimos, raiva, paixão, desejo, rancor, são todos, exatamente todos produtos da interação de alguma ação externa com o auto-reflexo, e esta é uma das ferramentas mais eficazes nas mãos dos voladores, para o consumo de nossa energia, a auto-reflexão.
Espreitar os sentimentos é verificar a sua origem, de onde surgem, como se mantém, sempre que a consciência foca-se nestes sentimentos ordinários, o perecedor descobre-se em uma proteção, ou identificação com o seu auto-reflexo, com o seu ego. Se sentimos raiva de alguém, percebemos logo que é porque alguma atitude na pessoa atingiu, ou competiu com o seu ego, se sentimos rancor, é porque a raiva se sedimentou, e assim, podemos analisar os sentimentos e emoções como processos mentais construídos em torno do ego. Se matarmos o ego, ou o processo mental, eliminamos o sentimento, e isso pode ser feito de diversas formas, o importante é conscientizar-se de cada processo que surge, para que a atenção ao processo em si seja suficiente para destronar o sentimento que surgiu. Não digo que seja uma tarefa simples, nenhuma tarefa é simples para um guerreiro, todas exigem uma grande luta, e esta luta, forja o espírito do guerreiro no fogo da impecabilidade.

5 – A auto descrição ou o ego



Este talvez seja um dos tópicos mais importantes para a espreita de si mesmo. A auto descrição consiste nas formações mentais que elegemos ao longo de nossa história pessoal e a rotulamos como sendo o eu. São processos que tentamos imprimir sempre para criar uma individualidade, é um processo criado pela mente superficial para nos dar uma identidade em meio a uma série de quesitos sociais. Desde cedo somos tangenciados a ter uma personalidade, uma individualidade, mas isso é algo que é forjado, são emaranhados de palavras, de ações que defendemos do começo até o fim. Quando nascemos, a medida que vamos crescendo, os nossos pais e pessoas de nosso convívio, começam a nos imprimir o que adotaremos mais tarde como auto descrição. No berço, os pais já falam desde cedo: - meu filho é impaciente, é nervoso, é inteligente, é feliz, é triste, é ensimesmado, é silencioso ou falador. A adjetivação pelos pais talvez seja o princípio da personalidade forjada que a pessoa vá ter, que modifica-se ao longo da vida, mas geralmente é sedimentada em torno de um núcleo fixo. Este é um dos principais pontos a se espreitar para uma mudança definitiva do guerreiro. Quando nos tornamos sedimentados em torno de adjetivos que nos qualificam, nos tornamos sólidos, pesados, duros, e temos sempre que lutar para manter aquela descrição, que na verdade não existe além de nossa mente. Isso é o ego, e muitas pessoas lutam até a morte para defende-lo.
Este ponto me veio no meio a uma meditação, é um dos pontos pouco trabalhados em minha vida. Recapitulando, vejo que sempre fui metido a saber tudo, em discussões sempre tentei ganhar, dar a última palavra, saber de tudo. Indo mais fundo, vi que desde cedo minha família falava: - Esse menino é inteligente demais, puxou para fulano, ou beltrano. Sinto que isso se sedimentou em minha vida, de forma que sempre que algo está sendo discutido, minha mente tenta me impelir a entrar na discussão, em qualquer lugar, e mostrar que tenho argumentos melhores, ou mais convincentes que os meus interlocutores, e isso é uma de minhas correntes, que devo espreitar para me libertar. Como me utilizei como exemplo, neste caso, uma bela forma de me desconstruir é destruindo uma parte de minha corrente. Sempre que escuto uma discussão, tenho a vontade de usar argumentos para dizer que si tanto ou mais que o interlocutor, então, uma das formas que vi para parar com esta defesa de algo que não existe, é fingindo não saber do assunto, assim nem entrando na discussão. Outra forma seria entrar na discussão, mas de forma a usar argumentos fracos, me fizesse parecer bobo. Isso é espreitar uma faceta de meu ego, e montar uma estratégia para destruí-lo. São diversas as facetas de nossa persona, de nosso ego, e todas, exatamente todas são apenas construções fundamentadas em nossa história pessoal, que defendemos até a morte se não tivermos consciência disso.
Na prática, estou considerando ganhos em listar as minhas características principais e me conscientizando de situações em que posso contradizê-las, isso faz com que eu destrone a minha história pessoal como algo que sustenta meu ego, derrubando dois coelhos com uma só cajadada. Outro fator que tenho, é a raiva, sempre que algo foge ao meu controle, grito, brigo, tento me impor pela força, consigo destronar esta faceta de minha persona apenas deixando as coisas fluírem e vendo seus resultados. O que vejo é que as coisas sempre, SEMPRE funcionam melhores fluindo naturalmente, sem o meu controle. Espreitar a auto imagem traz mudanças profundas no guerreiro, o transforma de um ser sólido e identificável em alguém leve e fluido como a água, como a neblina, é uma arte magnânima na libertação do ser total.

6 – Os vícios


Os vícios que temos são como hábitos, correntes que nos aprisionam a certas coisas, que utilizamos com o argumento que nos deixam mais relaxados, mais leves, mas na verdade nos escondem temporariamente uma realidade que não queremos ver. Espreitar os vícios é espreitar a nossa vida como um todo. Um vício pode ser uma droga lícita ou ilícita, pode ser um hábito, pode ser o sexo, pode ser um tipo de alimento, um programa de televisão, a internet. O vício é algo que nos prende, que nos faz sentir que algo falta quando não o temos, é algo que nos tira tempo e consciência.
A internet por exemplo, quando utilizada com propósito é uma maravilhosa ferramenta, mas quando utilizada para conversas inúteis, para ver pornografia, para ficar em salas de bate-papos é um vício, pois nada de construtivo traz para a nossa totalidade energética. Como diz a célebre frase, a diferença entre o remédio e o veneno é a quantidade. Não vou me alongar neste tópico, pois os vícios podem ser ilimitados, o importante é verificar que hábito seu tornou-se um vício, e mata-lo em sua origem. Se for cigarro, tente começar a correr, e verá o vício minguar-se sozinho, e assim siga por todos os seus vícios. Existem pessoas viciadas em comer, outras em certos programas de televisão, outras em sexo, outras em refrigerante, os vícios, este tópico aqui, pode refletir-se em algum outro, o importante é espreitar o que se tornou um vício em sua vida, pois o que assim tornou-se é um ato que não mais é energético e sim desgastante para a sua totalidade.

7 – A organização do tempo



O guerreiro espreita o seu dia, a sua semana, a sua vida como um todo e vê por onde que começa a desorganização. A espreita do tempo leva o guerreiro a compactar as suas ações e o leva a impecabilidade. A pessoa que está no seu trabalho pensando nos estudos, que está na escola pensando nos problemas domésticos, e que está em casa pensando no trabalho, transformou a sua rotina em um emaranhado sem funcionalidade, que aprisiona o guerreiro em uma rotina não funcional. Organizar-se, e fazer o melhor de si sempre, focado na ação que se está fazendo no momento, chama-se impecabilidade, e ela só é atingida quando o guerreiro se organiza da melhor forma em suas rotinas. Alguns aqui vão me perguntar: Mas o guerreiro tem rotinas? Não deveria, mas devemos nos mover dentro da pouca liberdade que a vida cotidiana nos impõe, e desta forma ir acumulando energia para o momento em que não precisarmos ter mais rotinas, mas este é um processo que leva tempo, e tem que ser meticulosamente alcançado. O guerreiro caminha um pouco a cada dia, com paciência, certo de seu objetivo e de sua meta.
Organizar-se é utilizar da mobilidade mínima que temos frente as rotinas que nos propusemos a enfrentar. O guerreiro não reclama do que tem, ele utiliza aquilo como um campo de batalha. Se temos um trabalho, damos o nosso melhor nele, a todo o tempo, focamos a nossa energia inteiramente ali, e o fazendo, de forma impecável, realizamos um ato mágico. Quando saímos do trabalho, o nosso foco muda para onde vamos. Se estamos na escola, focamos a nossa energia inteiramente no que estamos aprendendo, não importa o que seja, damos o nosso melhor ali, sem titubear nem reclamar. Assim, o guerreiro organiza seu tempo, espreitando o seu tempo. Estuda quando está na escola, trabalha quando está no trabalho, e nunca está ocioso. Nos tempos em casa, livres, o guerreiro empreende as suas jornadas mágicas a segunda atenção, ele recapitula constantemente, ele medita, ele ensonha, utiliza cada fragmento de tempo com perfeição, e sorve da vida o momento presente, a cada instante. Assim, o guerreiro está espreitando o seu tempo, e o espreitando, o guerreiro está o otimizando, o transformando em algo funcional. Consciente do momento presente, e atuando de forma impecável, trabalhando, estudando, ou fazendo o que seja, o guerreiro realiza uma mágica que poucos fazem, ele está presente em sua plenitude.
Bem guerreiros, não sei se esqueci de algum tópico aqui, este não é um texto fechado, fixo, é algo que quero complementar com o tempo e com a contribuição de cada um que aqui passa, mas são partes do cotidiano, que muitas vezes relegamos ao esquecimento, focando sempre na parte energética do nosso caminho, no ensonho, na recapitulação, nos passos mágicos, mas esquecemos que viver o desafio da vida cotidiana talvez seja a mais hercúlea provação que temos na caminhada. Tomei este texto, e o que proponho nele como um mapa que me levou a uma reflexão simples, eu comecei a me questionar porque evoluía tanto na parte energética e via poucas mudanças em meu cotidiano, e porque as conquistas no sonhar eram tão efêmeras, e tanto oscilavam. A resposta clara que tive do espírito foi esse texto, lidar com as questões da nossa vida, com o mundo das pessoas, dos sentimentos, com a nossa saúde, alimentação, exercícios, é um ato tão mágico quanto ensonhar, é o ato de aperfeiçoar a bainha onde guardamos a espada que enfrenta o desconhecido. Devemos nos aperfeiçoar como pessoas, melhorar o que somos, nos afinar nas relações que temos. A amiga Jéssika me falava esses dias que não adianta não beber, não fumar, e não ir a festas, pois isso os crentes já faziam. Sorri muito disso, e concordo com ela, o guerreiro vai além, ele passa por todos os tópicos que escrevi acima, e muitos outros talvez, e em cada parte aperfeiçoa um quinhão de sua totalidade energética. A nossa luta é uma luta eterna, e só quem toma consciência de que não temos tempos para descansos, frugalidades, é que tomamos a consciência de que realmente somos guerreiros, sempre lutando contra um só inimigo, a inconsciência, esta que pode se manifestar em infinitos fatores que envolvem o nosso tonal e o nosso nagual.

Intento a todos.

Comentários

  1. Buenos dias Guerreros
    Hermano dissecastes muito bem o tema. Peço permissão para acescentar mais alguma coisa.
    Um dos exercicios que me foi passado foi fazer uma lista com minhas imperfeições. Que fizesse uma recapitulação a párte sobre elas. Quando as desmascarasse receberia uma dose extra e energia. Somos conhecedores de nossas imperfeicções, o que fazemos é mascará-las, até por uma vida inteira. O que devemos fazer é o não-fazerr de desmascará-las, pois ninguém nos conhece melhor que nós mesmos. Ninguém sabe o que se passa por debaixo de nossa pele.
    Dárion 08>00 24/09/2012

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  2. O comprometimento com o cnhecimento é algo mágico que assume seu lugar em nossas vidas e nos faz prsseguir intentando. Apesar dos percaloços continuamos seguindo intentando.
    Assumimos um compromisso com nós mesmos perante o Intento e continuamos seguindo o caminho sem nos determos ou desistir.

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  3. É verdade companheiros, os obstáculos são muitos, e são severos, mas temos que continuar a nossa caminhada, independente se for em meio a uma tempestade ou num dia claro de verão, não importa o desafio, o que importa é que nos propusemos a estar aqui, conscientes, e temos que adquirir a consciência em cada faceta de nosso ser para ter energia disponível para a empresa que tanto queremos, a liberdade.

    Intento a todos

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  4. Olá caro Vento,

    Vejo que seu tempo de reclusão tem lhe sido produtivo... Que bom!
    As rotinas podem ser uma fonte de grande aprendizado, o relacionamento com as pessoas, as pressões... Imagine só! Até com os pequenos minúsculos tiraninhos extraímos grande conhecimento, o que dirá das outras coisas da vida... Melhorar nossa conduta conforme os precentos ensinados por Don Juan em Viagem a Ixtlan por exemplo por si só já nos permite por si só economizar muita energia.

    Dentro de minha experiência, porém, tem um ponto que não bateu com minha vivência - o que é esperado pois o Caminho é único para cada um. Em que vc menciona que "não há tempo para o descanso". Creio que o descanso, mesmo das técnicas, seja necessário (o que não deve ser confundido com perder a Disciplina). Um período para 'sedimentar' os progressos energéticos, arejar a mente e o coração.. Poupar-se! Contando que tenhamos disciplina suficiente para não transformar o descanso em negligência ou indolência, creio que esses períodos são muito importantes na jornada, desconfio que especialmente para as mulheres (talvez devido ao contato mais profundo com os ciclos da Mãe Terra). Pretendo abordar esse assunto com mais detalhes no meu blog.

    Um abraço a todos,
    Intento!

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    1. Gostaria de pedir licença para deixar o relato da experiência que citei:

      http://sussurrosinternos.blogspot.com.br/2012/09/o-poder-feminino-dos-ciclos.html

      um abraço,
      Intento!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Jéssika, que bom que postastes isto, pois mostra que mesmo reclusos mantemos a afinidade nos sentimentos. Hoje eu corria como sempre, e quando jáestava perto dos 6 km, comecei a me sentir cansado. Não parei, continuei, até a minha meta, 10 km. No caminho pensava sobre o descanço, eu me perguntava: - Existe descanço no caminho do guerreiro? A voz me respondeu: - Não! O que existe são paradas estratégicas. Em um campo debatalha, na guerra, as pessoas não descançam, o descanço só vem depois da guerra terminada. O que existe é a parada estratégica, um preceito da espreita, o momento em que o guerreiro recua por um instante, mede o progresso, e depois segue novamente em sua luta constante.EU meria, quando cheguei a 8 Km, achando que ia estar acabado,a endorfina me invadia o corpo,eu estava enxarcado de suor,e sorrindo como nunca, o corpo maravilhoso. Então a voz falou que o descanço que não é uma parada estratégica, é a estratégia do inimigo, dopredador, dovolador. DIsse que a mente sempre dá jeito de nos afastar da disciplina, e concorda consigo mesma como se alguém concordasse com o caminhante, mas é um engodo. Quando você se propõe a recapitular, um dia,cançado, a mente fala: Hoje não, e você concorda e fala: que problema tem,um dia de descanço atébom será.E assim você perdeu uma pequena batalha, e assim a mente alienígena te vence. Falo isso com tranquilidade pois a mente social dos voladores, sempre lida de forma igual, tentando minar o seu inimigo maior,a disciplina do guerreiro. Toda a hora a mente vai te falar algo, e concordará consigo para sabotar a estratégia do guerreiro, mas devemos ser fortes. Só um refrigerante, só uma cerveja, só um pouco de TV, só um dia sem recapitular, só um dia de preguiça, só um dia sem exercitar, só um rompante emocional, só um defeitinho que saltou. Nestes "sós",os voladores nos vencem em pequenas batalhas, estamos sim em uma guerra, e devemos estar a cada momento atentos. Reler sempre o caítulo do livro "O lado ativo do infinito" nos leva a entender essa eterna batalha, e o preço que pagamos quando capitulamos na luta.

      Intento

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  5. Sim! Espreitar-se rumo a impecabilidade! Justamente hoje quando a voz do vez me dizia que é necessário viver o momento bem vivido, lutar contra a mente forânea que diz "deixa pra depois, só um pouco mais", leio este maravilhoso texto que reverte-se no ato do guerreiro! Gracias hermano Vento pelo canal que és! Gaivota 07/4/14 20h40

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